Observatório Pastoral
Muitos de nós nunca ouvimos falar neste termo. Alguns ouviram falar nos compêndios da História da Igreja, como uma iniciativa que remonta à origem das congregações de impulso missionário do século XIX e inícios do séc. XX. Outros têm gravadas nas paredes das suas Igrejas uma cruz que faz memória da realização de uma missão.
Mas o que é isto da missão popular e o que é a missão popular vicentina? Quais os seus objetivos?
“As missões populares são uma forma de pregação extraordinária com carácter sistemático, com o objetivo de converter, instruir e dar fervor a comunidades já evangelizadas. Na prática são uma síntese de exercícios espirituais, de catequeses doutrinais e morais, de práticas de oração e de penitência, dirigidas a toda a população de uma determinada zona” (L. MEZZADRI, “Storia delle missioni popolari”).
Através desta explicação do Padre Mezzadri, vemos que, em primeiro lugar, as missões têm um carácter de anúncio; não de um primeiro anúncio, mas de proporcionar um anúncio sempre novo. Em segundo lugar, é algo extraordinário na vida de uma paróquia, esperando-se que os seus frutos possam ser duradouros. Em terceiro lugar, têm um caracter sistemático. Não pretende abarcar tudo, mas proporcionar ao povo de Deus daquela zona, de uma forma direta e concreta, as verdades da fé, no fundo o Kerigma. Em quarto lugar, tem um carácter externo, ou seja, a missão não é só para revitalizar a fé daqueles que pertencem a Igreja, apesar de este ser um dos objetivos. Deve ter-se em conta que a missão popular também é para aqueles que estão fora dela. Em quinto e último lugar, a missão popular tem um objetivo catequético, espiritual e moral.
As missões eram iniciativas de evangelização novas nas quais participavam várias ordens e congregações. Ora, o que é que diferencia a Missão Popular Vicentina das restantes missões?
A comunidade fundada por Vicente de Paulo foi expressamente fundada para as missões: “foi a missão, de tal modo que os seus membros ficaram conhecidos como padres da Missão”. A missão vicentina não tem por base uma ideia original e inteiramente inovadora, com métodos muito diferentes de outros institutos. A missão vicentina caracteriza-se por querer chegar ao coração de cada um; para isso: toma o tempo que for necessário, insiste na catequese, no conhecimento das verdades da fé e na confissão geral, e adota uma pregação de estilo familiar e simples. No fim da missão não se erigia uma cruz; procurava-se antes implementar a caridade organizada. É neste ponto que a Missão Popular Vicentina introduz algo de novo na forma de missionar do seu tempo e que ainda hoje continua a ser a sua característica. As missões populares hoje em dia não possuem um carácter estanque. A prova disso são as missões jovens, ou a chamadas missões país, que não são nada mais nada menos que a continuidade destas, noutra linguagem, mas com métodos muito semelhantes.
A missões populares não são a salvação de uma paróquia, nem uma fórmula mágica para revitalizar algo que está morto. Mas podem ser o começo de uma mudança na comunidade e ajudar a acender as brasas que nela possam existir.