Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal
  1. Somos uma Igreja edificada sobre a verdadeira “pedra angular”, Jesus Cristo, o Senhor e o fundamento da história.

O fundamento e o alicerce sólido da história da salvação e da Igreja é o próprio Cristo, que a fundou, amou e entregou aos seus discípulos, enviando-os ao mundo como “sinal sacramental”, visível do mistério da comunhão, da unidade e da participação a que todos somos chamados.

A Igreja tem a missão de proclamar a boa nova de Jesus Cristo ao mundo e anunciar a “Alegria do Evangelho, que enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Aqueles que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento, Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (Evangelii Gaudium, nº 1). Anunciar o Evangelho a toda a criatura (Mc 16,14 ), para que aquele que acredita n’Ele seja salvo e tenha a vida eterna.

A Igreja constituída em povo de Deus é formada por todos os batizados e torna-se presente no mundo através da identidade e do testemunho dos cristãos.

A Igreja nasceu no Calvário do lado aberto de Cristo, do qual jorrou sangue e água, por isso é chamada a ser sinal de salvação, através do mistério sacramental da presença de Deus em “toda a urbe e orbe”. Como única e verdadeira Igreja, assenta a sua missão na escuta da Palavra de Deus, na celebração da Eucaristia, promessa pascal de Cristo. Nos sacramentos, na oração e no testemunho inquebrantável da caridade que assenta na fé e missão, também Pedro ouviu de Jesus as seguintes palavras: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as forças do Inferno nada poderão contra Ela” (Mt 16,18).

A presença de Cristo Crucificado e Ressuscitado na sua Igreja é presença viva e permanente do Espírito, actuando no mundo para o transformar é chamada a ser a Igreja de Cristo, Corpo de Cristo, que deve ser luz, fermento e sal na comunidade. Chamada a transformar a sociedade, deve por isso, ser verdadeiro Corpo de Cristo, sua Cabeça e aparecer no meio do mundo como “Igreja una, santa, católica e apostólica”, guiada de modo permanente pelo Espírito Santo.

 

  1. A Igreja é o povo de Deus, reunido em volta do seu pastor a celebrar a fé.

Jesus Cristo torna a Igreja presente na vida de cada batizado ao dizer: “Foi me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre connosco até ao fim dos tempos” (Mt 28, 18-20).

O Pastor da Igreja é Cristo e constituiu os seus fiéis como pastores e leigos num único povo chamado a ser santo e “pedras vivas”, que dão harmonia à construção espiritual da Igreja, o templo do Deus vivo. “Já não sois estrangeiros nem hóspedes, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus. Sois o edifício construído sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, que tem Cristo Jesus como pedra angular” (Ef 2, 19-22). Em união com Cristo o edifício espiritual, a Igreja cresce e somos chamados a integrar a construção em união com o Espírito Santo, tornando-nos morada de Deus. Somos todos chamados a construir a verdadeira Igreja na fé, na esperança e na caridade.

 

  1. A Igreja é mistério e testemunho de comunhão e unidade.

A Igreja unida em comunhão ao ministério de Pedro é governada pelos pastores, que unidos ao Papa Francisco, a quem reconhecemos a primazia, acolhemos e aceitamos como o único e verdadeiro Pastor, dado por Jesus Cristo à sua Igreja.

Para viver a eclesiologia do Concílio Vaticano II, na fé, na comunhão, na esperança, no testemunho, na verdadeira tradição apostólica, a Igreja alicerça a sua missão em Jesus Cristo, que chamou ao apóstolo São Pedro “feliz”, porque acreditou. Jesus disse a Pedro e aos seus sucessores. “Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja (…). Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus” (Mt 16,13-19). O primado de Pedro e dos seus sucessores, assim como o testemunho dos apóstolos e dos seus sucessores, deve ser o elo da comunhão fraterna e da unidade com todos os bispos do mundo inteiro.

“Guardiões da tradição, os bispos, em comunhão com o bispo de Roma, constituem o princípio visível e o fundamento da unidade nas suas Igrejas particulares (LG nº 23). Sob a moção do Espírito Santo, mediante o anúncio do Evangelho e por meio da celebração da Eucaristia, eles governam as Igrejas particulares que lhes estão confiadas” (Carta Apostólica em forma de “Motu próprio” do Sumo Pontífice Francisco Traditiones Custodes sobre o uso da Liturgia Romana anterior à reforma de 1970, de 16 de julho de 2021).

 

  1. A celebração da Dedicação da Catedral, convoca-nos a todos no Senhor para missão.

A Dedicação desta Igreja ao Senhor acorreu há mais de 500 anos e leva-nos nesta celebração de ação de graças e de louvor à memória agradecida, à oração assídua, à intercessão para pedirmos a Deus as maiores bênçãos.

Como rezou o “rei Salomão, de pé, diante do altar do Senhor, na presença de toda a assembleia de Israel, ao estender as mãos para o Céu, disse: “Senhor, Deus de Israel! Não há nenhum Deus como Vós. Vós sois fiel à Aliança” (1Reis 8,22-23).

Todos os batizados, os pastores e os leigos guiados  pelo Espírito Santo,  somos chamados a deixar-nos inspirar pelos seus dons e a procurar sermos fiéis às suas inspirações. Como Salomão e com toda a confiança e alegria, como Igreja Diocesana queremos repetir: “Estai atento, Senhor, meu Deus, à prece e à oração do vosso povo” (1Reis, 8,22-23).

 

  1. A minha Casa é lugar de oração para todos, diz o Senhor.

Nesta Casa de oração, pedimos a Deus, que faça desta celebração uma festa e nos ajude a tomar consciência da presença de Deus nesta casa, que lhe foi consagrada. Desça sobre este lugar a presença de Deus e faça soar o dom perene da sua presença no meio de nós. Que a nossa oração suba hoje até Deus como nuvem de incenso. Escutai Senhor a oração que neste lugar vos dirigimos e nos sirva de estímulo e empenho para viver o plano pastoral para o ano 2021-2022, sublinhando o seguinte desafio: “Família, Alimenta-te da Eucaristia”. O vosso bispo como servo desta Igreja, com os sacerdotes, os diáconos, os consagrados (as), os leigos, com todo o povo de Deus reunido, suplica a proteção do Senhor.

Atendei Senhor a súplica do vosso povo, do bispo servo desta Igreja. Rezai por mim, “humilde servidor da vinha do Senhor”, para que conduza este povo a pastagens verdejantes.  Senhor nosso Deus, Altíssimo, Criador e Senhor ouvi as nossas preces. “Escutai da vossa morada no Céu; escutai e concedei o perdão” ao vosso povo que vos escuta na Palavra, vos acolhe na oração e no serviço da caridade.

Deste lugar sagrado pedimos a verdadeira renovação pessoal, diocesana e eclesial, que nos leve a lançar as redes da esperança e da confiança no agir salvífico de Jesus.

Esta é a pastoral concretizada nossa vida. Apelo ao nosso presbitério para nos empenharmos na renovação das estruturas e do governo, promovendo a comunhão com toda a Diocese. Uma  renovação com desafios novos, proposta para todo o povo de Deus, para as nossas paroquias e todas as comunidades.

 

  1. A missão pastoral do bispo, imagem de Cristo, o bom Pastor.

A missão do bispo realiza-se no múnus de ensinar, santificar e governar, como garante da fé, vigilante da sã doutrina, promotor da vida litúrgica, mestre de espiritualidade, defensor da moral e dos costumes, animador da pastoral de conjunto em toda a diocese.

O relato do Evangelho coloca-nos em Cesareia de Filipe, onde Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens que é o Filho do homem? As respostas foram diversas. Uns diziam ser João Batista, Elias, Jeremias ou um dos profetas. E Jesus pergunta, vós quem dizeis que Eu sou? Pedro tomou a palavra e disse: “Tu és o Messias o Filho de Deus vivo”. Jesus confirmou a fé professada por Pedro e disse-lhe, que ele era “feliz” por acreditar. Também a nós sacerdotes, a todo o povo de Deus é feita a pergunta. Quem é Jesus Cristo para nós?

Uma maior vitalidade na Igreja deve chamar todos os fiéis à santidade e à “conversão pessoal e a renovação pastoral”. Cuidemos da saúde integral dos nossos presbíteros, partilhemos todos a nossa vida e os nossos bens, a nossa espiritualidade com todos os nossos irmãos pastores e leigos, em zelo apostólico, caridade pastoral e proximidade fraterna.

 

  1. Somos a Igreja viva de Viseu, empenhada em construir uma verdadeira comunidade de discípulos missionários.

Em caminho de renovação sinodal vamos juntos promover a diversidade das vocações de consagração, os diversos ministérios e serviços eclesiais. Precisamos de trabalhar em conjunto com empenho pastoral e eficácia efetiva na pastoral familiar, na promoção da grandeza e riqueza da vocação ao sacramento do matrimónio.

Um maior empenhamento no trabalho de formação teológica, pastoral e espiritual dos leigos e a sua inserção nos ministérios laicais, isto é para toda a Igreja diocesana um desafio.  Para valorizar a missão apostólica da Igreja no acolhimento, no serviço, na disponibilidade, na proximidade e na vivência da caridade fraterna nas diversas frentes da pastoral de conjunto.

Promover a oração pelas vocações e criar uma verdadeira cultura vocacional junto dos jovens, apontando como projeto de vida a consagração na dimensão sacerdotal, diaconal, consagração religiosa, dimensão missionária e laical ao serviço do mundo. Ajudemos os jovens a valorizar a pedagogia da escuta, da oração, do serviço e do voluntariado. Ajudemos os jovens a fazer o caminho da peregrinação para a JMJ 2023 em Lisboa.

 

  1. Servidores de uma Igreja viva, dinâmica, renovada pelo Espírito a sonhar com a esperança da Páscoa e do Pentecostes.

Criar comunidades em rede com oportunidades a partir da vivência e do testemunho dos sacramentos da iniciação cristã. O batismo, o crisma e a eucaristia, onde se mostra o rosto do verdadeiro cartão da identidade cristã.

Peço-vos, que rezeis por mim, para seja fiel à missão que Deus e a Igreja me confiou para servir a diocese de Viseu.

Rezemos pelas melhoras do Papa Francisco, que me chamou na comunhão apostólica para Bispo desta Igreja particular. Como Santo Agostinho repito-vos de novo: “Convosco sou cristão, para vós sou Bispo”. Em união ao meu ministério, no exercício da verdadeira promessa de obediência que fizemos no dia da nossa ordenação, em espírito de pobreza e castidade perfeita na vivência do celibato somos chamados a dar ao mundo de hoje o testemunho da nossa vocação, consagração e identificação com Cristo, o Bom Pastor, que veio para servir e dar a vida por todos.

Ele que era rico, fez-se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. Apesar de sermos constituídos pastores da Igreja, trazemos a “graça do nosso ministério escondido em vasos de barro”, chamados por isso, a anunciar a boa nova de Jesus a todas as criaturas, guiados pela graça do Espírito Santo.

 

  1. Este é um tempo de Kairós e de bênção, marcado pela esperança.

Este é um tempo de graça e de bênção, que todos devemos aproveitar para viver e valorizar na alegria e na esperança. O momento atual cheio de fragilidades e de pecados, tempo de pandemia, que não nos impeça de nos abrirmos ao dom da graça divina, que recebemos no dia da nossa ordenação diaconal, sacerdotal e episcopal. Convido-vos em presbitério a ser fiéis ao vosso Bispo e Pastor, vivendo a obediência, a pobreza e a castidade em celibato como um dom inefável do Senhor. Convido-vos a colaborar com o meu ministério de Pastor nesta parcela da Igreja universal. Juntos demos graças a Deus por todos aqueles que celebram hoje o dom da vida, ou estão em jubileu sacerdotal. Caminhemos juntos na fidelidade a Deus e ao seu povo.

“Ao bispo diocesano, enquanto moderador, promotor e guardião de toda a vida litúrgica na Igreja particular a si confiada, compete regular as celebrações litúrgicas na sua diocese” (motu próprio Traditiones Custodes).  Compete ao bispo seguindo os ensinamentos do Magistério da Igreja e do Papa Francisco promover a renovação da Igreja ajudando-a a caminhar para fazer a passagem da “conversão pessoal, à renovação pastoral”. Recordo com sentimentos de fé e em ação de graças o 15º aniversário da Ordenação Episcopal do Senhor D. Ilídio Pinto Leandro, lembrando a sua saudosa memória. Agradeço a Deus o bem que ele fez como nosso Pastor e imploro para ele e para todos os que já partiram bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos o descanso eterno.

Consagro a Nossa Senhora do Altar-Mor, Mãe da Igreja, Rainha dos Apóstolos, Auxílio dos Cristãos a nossa Diocese de Viseu: “À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas, em nossas necessidades, mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita”. Confiemos à proteção de São José os nossos trabalhos e preocupações pastorais, que São Teotónio nos guarde e inspire na caridade e a Beata Rita Amada de Jesus nos estimule na oração e na realização da missão. Pedimos à Santíssima Trindade para sermos uma Igreja abençoada por Deus, com renovação da missão, para sermos verdadeiros discípulos missionários. Ámen!

Dedicação da Catedral, 23 de julho de 2021

 

† António Luciano, Bispo de Viseu
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