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Maria foi elevada à glória do céu.

É esta a grande bem-aventurança que celebramos nesta Eucaristia.

Maria, escolhida desde toda a eternidade por Deus, a Imaculada, a cheia de graça, acolhe no seu coração e no seu ventre o Verbo eterno do pai. Faz a sua vontade. Dá-lhe o seu sim e o Filho de Deus nasce de Maria, para nos salvar, para nos dar a vida, para nos redimir. E é no mistério da Sua morte e da sua ressurreição que Jesus Cristo nos apresenta a verdadeira vida nova. E Maria coopera desde a primeira hora na redenção do género humano. Acolhendo o Salvador no seu seio, alimentando-O ao seu peito, ajudando-O a crescer, acompanhando-O na sua vida pública. Por isso Jesus lhe disse que ela era feliz porque escutou a Palavra de Deus e a pôs em prática.

Mas Maria acompanha também na hora derradeira do Calvário o seu Filho, nesse momento da morte. Para depois com Ele ser a primeira beneficiada também da sua ressurreição.

Se Jesus Cristo morreu como diz São Paulo e nos é oferecido como primeiro fruto, fruto novo, Maria aparece também junto de Cristo como a nova Eva. Aquela mulher que tinha pecado no jardim do Éden, agora é esta mulher que é Maria de Nazaré, com o seu sim, com a graça de Deus, com a vida de santidade, Ela torna-se a nova Eva. É a nova mulher, a Mãe de todos os redimidos.

E esta solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu, com a sua beleza, e particularmente com o texto do Papa Pio XII, no ano de 1950, em que é proclamado e defendido este dogma da Assunção de Nossa Senhora ao Céu, como escreveram os Santos Padres e cantou o povo de Deus a Igreja, Maria ao terminar a sua vida terrena é elevada à glória dos Céus em corpo e alma.

Grande privilégio este.

O Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, ensina-nos que Maria na glória do Seu Filho, no céu, continua a interceder pelos irmãos do seu Filho, no meio das dificuldade e esperanças, que peregrinam na terra. Esses filhos somos nós.

Quem celebra Maria de Nazaré, que foi elevada ao Céu em corpo e alma, deve imitar as suas virtudes, deve tomar para o seu caminho o exemplo de vida de Maria.

Como ouvíamos no evangelho, Ela que recebe a visita do arcanjo e lhe diz aqui estou. “Eis a Serva do Senhor”. Maria, consciente desta missão a que é chamada, cheia de toda a graça de Deus, vai pela serra da Judeia para levar a sua prima Isabel esta novidade e para a ajudar a ela que na sua velhice estava para ser mãe.

Quando ela visita Isabel e se encontram, diz o texto do evangelho que acabámos de escutar, que os dois meninos exultaram de alegria. No seio, de Maria, Jesus, o Salvador, Aquele que havia de dar a sua Mãe esta graça e este privilégio de ela ser elevada ao céu em corpo e alma. Mas também João Batista, aquele que havia de receber a missão de ser o Precursor, de preparar o coração e a vida de muitas pessoas para o encontro com Cristo.

Nós estamos aqui nesta celebração festiva para nos encontrarmos com o Senhor, pela palavra que escutámos, pela Eucaristia que celebramos, pelos outros sacramentos que recordamos. Este é que é o caminho da Igreja, o caminho da fé. O caminho que viveu Maria e hoje nos aponta como modelo.

A primeira leitura ajuda-nos a perceber qual a missão de Maria e a missão da Igreja.

Maria e a Igreja identificam-se. Maria é a primeira discípula, mas é simultaneamente a Mãe da Igreja, membro evidente da Igreja, como lhe chama o Concílio.

Todos nós, como batizados, como cristãos, somos a Igreja, o povo de Deus que peregrina para a Jerusalém celeste, para o céu, com a esperança que Maria nos acolha. Como diz a Gaudium et Spes, logo no primeiro número, as alegrias, as esperanças, as dores, as tristezas do mundo são as da Igreja.  Estas são também as de Maria. E se hoje contemplamos a glória de Maria, elevada ao céu, não podemos esquecer o caminho de fé de Maria, onde sentiu a provação e a dor, a perda de seu Filho. Mas tudo isso a ajudou a consolidar a sua fé, para que na hora derradeira da sua peregrinação na terra, aquela que tinha sido preservada da mancha original, a cheia de graça, a sempre Virgem antes, durante e depois do parto, não pudesse sofrer a corrupção do túmulo. E por isso, Jesus manda os seus anjos para levar em corpo e alma aos céus Nossa senhora.

Imaginai este quadro visto à luz da fé. Maria a ser elevada à glória do céu.

Nós, a quem foi confiada esta catedral, aqui a invocamos como a Senhora da Assunção, a Senhora do Altar-mor. A quem eu confio cada um e cada uma, a nossa Diocese, este povo bom da Diocese de Viseu, que quer encontrar em Nossa Senhora, a fortaleza, a paz, a esperança, mesmo neste tempo terrível de pandemia. A pandemia também da indiferença, do medo, do descartar aquilo que deve ser também o maior bem de cada um de nós, a própria fé. Tantos cristãos que abandonam a fé, que abandonam a vida da Igreja.

Maria, hoje, atrai-nos para si. Ela é para nós o ícone do amor novo, do amor único de Deus, que salva, que nos dá a graça, que nos dá a salvação. Ouvíamos na primeira leitura estas palavras tão bonitas: “apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava para ser mãe”. Mas alguém veio perturbar esta maternidade feliz, que seria a vinda do próprio Cristo. Por isso, Simeão disse a Maria no templo, que aquele Menino estaria para ser sinal de queda e ressurgimento para muitos, um sinal de contradição. Muitos pela fé, O acolhem, O amam, abraçam a Cruz. Outros, pelo contrário, poderiam fazer este caminho e não o querem.

Quera pedir a Nossa Senhora, neste dia tão solene, tão festivo, que afaste de nós esta pandemia e outras pandemias, a da indiferença, a do medo, a de ficarmos no egoísmo, no amor próprio. A pandemia de não olharmos para o outro como nosso irmão, como próximo.

Maria está próximo de nós. Mesmo estando no céu, ela está permanentemente a interceder por nós. Haverá maravilha maior do que esta? Quem tem fé não pode deixar de agradecer esta presença de Maria, que é também sinal e presença da Igreja, que somos todos nós, os batizados.

Este compromisso de fé que renova a Igreja e torna o mundo em que vivemos um mundo melhor.

Aspiremos às coisas do alto. Deixemo-nos tocar pelo verdadeiro amor, que Deus nos oferece em Seu Filho Jesus, e do qual Maria, por privilégio, como corredentora, por ter cooperado na hora e na obra de redenção, ela também foi a primeira a ser privilegiada por este dom que é o dogma da sua Assunção.

Quero pedir convosco a Nossa Senhora as maiores bênçãos e as maiores graças para as famílias.

Confiemo-nos à sua proteção.

“À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Senhora da Assunção. Ámen”.

 

† António Luciano, Bispo de Viseu
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