A Solenidade da Assunção de Maria elevada ao Céu em corpo e alma pelos Anjos é o grande dom do fruto novo da Páscoa em que Jesus Cristo oferece a Sua Mãe como primícias da vida nova do ressuscitado. No seio da glória da Santíssima Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo recebem a Bem-Aventurada Virgem Maria na glória do Céu, ao som do canto e da melodia dos Anjos, adornada do ouro mais fino.
A vida nova que Jesus Cristo ofereceu à humanidade é a chave de interpretação que permite compreender toda a vida cristã e por isso também os mistérios da vida de Maria, sua Mãe.
Ao terminar a sua peregrinação na terra, a gloriosa Mãe do Salvador, a esposa do Bem-Aventurado São José é levada gloriosamente para o céu em corpo e alma, tornando-se a nossa Mãe como intercessora da Igreja, a cuidadora do povo de Deus na ordem da graça, o modelo de discipulado para todos os crentes, que pelo sacramento do Batismo nasceram para o mistério da vida nova do ressuscitado. “Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram”, como ensinava São Paulo aos Coríntios, “em Cristo serão todos restituídos à vida” (1Cor 15, 20.22). Cooperando na obra da salvação como corredentora de todo o género humano, modelo da fé da Igreja, da caridade, dos simples e humildes, intimamente associada à vida e obra de seu Filho na terra, continua a Ele unida no céu, tornando-se sinal de esperança da redenção para toda a humanidade. Caminha connosco no meio das provações, dos sofrimentos, das angústias, das dores, das esperanças e das alegrias pascais, que nos conduzem à glória do céu.
Contemplar Maria elevada ao céu nestes tempos difíceis de pandemia, é estar ciente do fim que nos espera, mas sobretudo reconhecer a sua história e procurar imitá-la ajudando os fiéis a deixarem-se envolver totalmente por Cristo, como Ela, de modo a encontrarem sempre na excelsa Mãe de Jesus e nossa Mãe a advogada, a medianeira, a auxiliadora, a ajuda segura, que nos momentos de perigo, de dificuldade e de tentação intercede por nós junto do Pai.
Na vida de Maria e também na sua assunção ao céu, Deus cumpre a promessa de exaltar os humildes e de que todas as gerações a proclamem bem-aventurada (cf Lc 1,48).
Escolhida por Deus desde toda a eternidade e concebida por privilégio com a graça de ser a Imaculada desde a sua “Conceição”, no seio de sua mãe Santa Ana, que teve alegria de acolher o seu nascimento, a educou na fé, no amor a Deus e ao próximo juntamente com São Joaquim, seu pai amoroso e avós privilegiados de Jesus.
Desde o livro do Génesis a figura de Maria é sonhada e amada por Deus como a verdadeira redimida que havia de desatar com o seu “Sim” o nó da desobediência de Eva. Tornou-se assim a “Nova Eva”, a “Ave”, a cheia de Graça, a mulher da visitação e do “Magnificat”, a discípula feliz porque acreditou, a mãe que escutou a Palavra de Deus e a pôs em prática. A história de Maria de Nazaré, que hoje celebramos como “Assumpta”, a mulher que foi elevada ao céu em corpo e alma é uma vida cheia de graça, de beleza, de virtude, de santidade e de luz.
No momento atual da nossa história humana, Maria de Nazaré tem pressa de comunicar esta luz que ilumina e fortalece os cristãos, apontando-nos com esperança a vida na glória do céu. Maria mostra-se como o farol que ilumina os caminhos renovados da vida cristã da humanidade e da esperança pascal que se dirige para a escatologia plena. A vida nova em Cristo Ressuscitado é oferecida à Igreja, às nossas comunidades, às estruturas da humanidade e da sociedade em que vivemos, através de Maria, fonte de inspiração e de graça para transformar as adversidades da vida humana em oportunidades de kairós em vicissitudes de um mundo melhor para os pobres, mais renovado para todos.
Que a Senhora da Assunção, na glória de Deus aponte à humanidade de hoje, sofrida, fragilizada, mas redimida por Cristo o caminho da santidade rumo ao céu. Nos fortaleça na construção da verdadeira civilização do amor, fazendo do nosso Planeta, a Casa Comum, habitável para todos.
A presença de Maria na nossa vida é presença de Jesus. Se como diz São Bernardo, quando dizemos: “Maria”, Ela diz “Jesus”, é porque nunca está só, Deus está com Ela. Nós também estamos com Maria, sempre que como Ela procuramos “fazer a vontade de Deus”. Devemos por isso promover a cultura do cuidado recíproco uns pelos outros, dizendo com esperança que “ninguém se salva sozinho”, todos precisamos da harmonia de uma vida de partilha realizada em solidariedade ativa. Construtores de um mundo novo e melhor, de uma Igreja renovada sejamos promotores da fraternidade e da partilha social na comunhão, na unidade e na corresponsabilidade.
Façamos todos juntos este caminho sinodal, ajudemos a Igreja a renovar-se com a vida nova em cada cristão, com a graça do Espírito Santo e o testemunho de uma consciência moral que em espírito de louvor, de ação de graças, de serviço, de partilha e de cuidado em caridade nos leva a viver e a imitar as virtudes da Bem-Aventurada Virgem Maria.
A Mãe de Jesus, nossa Mãe, Rainha da Igreja e da Humanidade, continua hoje connosco a experimentar as dores da Maternidade para oferecer de novo aos homens o seu próprio Filho Jesus Cristo, como Salvador e Redentor de todo o género humano.