Observatório Pastoral
A dinâmica da sinodalidade está na ordem do dia da agenda eclesial. Para além dos bispos, mais diretamente implicados desde a renovação conciliar, também os diversos agentes pastorais que se relacionam nos nossos ambientes eclesiais estão convocados para o desafio de caminhar juntos, na descoberta de como hoje podemos viver de forma renovada o Evangelho de Jesus Cristo.
A procura daquelas pastagens verdejantes como terreno seguro e fértil onde o Senhor nos serve gratuitamente a todos respiração e alimento implica, na conversação, quebrar tabus, dissecar a ilusão de títulos honoríficos, partilhando o mesmo chão realidade pantanosa em que ainda vivemos.
Esta dinâmica implica, antes de mais, que se questionem as seguranças pessoais que nos impedem de nos pormos ao caminho de mãos dadas com aqueles que poucas ou nenhuma segurança têm. Este primeiro passo já nos permitirá um misterioso diálogo entre os ídolos que parecemos adorar e o Deus que se esconde nas pessoas em que parece não estar patente e nos lugares em que parece estar ausente.
O caminharmos juntos dependerá, em larga medida, em termos a paciência de contemplar demoradamente a vida das pessoas concretas, sem catalogações de qualquer tipo social ou religiosa, partindo da condição básica de pertencer à mesma fraternidade humana, sem rigidez e objetivos repentinos, onde se esconde a máxima desconsideração humana: o não saber escutar o que os outros têm para dizer acerca de qualquer assunto humano.
Neste sentido, uma vez que o caminho traçado por Deus para Se encontrar com o ser humano em Jesus Cristo é misericordiosamente eficaz, então o caminho imperfeito da procura humana de Deus necessariamente terá de ser solidário, se procurarmos discernir em conjunto com o Espírito Santo que Deus Pai, na dádiva de Cristo, “soprou” sobre todos nós.
Haja a paciência em praticarmos esta experiência de discernimento conjunto sobre a ponte entre as duas cidades ― terrena e celeste ― nos dias de hoje, à luz da Sagrada Escritura e do Magistério autêntico, e o mais certo será chegarmos juntos ao mesmo lugar: não meramente uma planície onde se monta uma tenda perecível, mas um cume de onde se vislumbra o dia sem ocaso.
É vantajoso, porque há pessoas todos os dias a nascer; e é urgente, porque há pessoas todos os dias a partir.