Observatório Pastoral
Em oportuna e pertinente articulação com uma das atuais e maiores preocupações da Igreja Universal – a Família – a diocese de Viseu, no âmbito da preparação das Jornadas da Juventude, optou, neste ano pastoral 2021-22, pelo aprofundamento reflexivo e operativo de um dos tesouros mais belos e estruturantes da vida da Igreja, desde os primórdios: a Eucaristia, sob o Lema: Família, alimenta-te na Eucaristia.
É uma oportunidade para, refletindo a Eucaristia, atuar no sentido de a recolocar no centro das atenções e alimento indispensável da Igreja, porque, como afirmavam os cristãos dos primeiros séculos: “sine Dominico non possumus” (‘sem a Eucaristia Dominical não podemos viver’). Este é o sentir cristão de sempre, reafirmado mais recentemente na Lumen Gentium, documento cerne do Vaticano II: “A Eucaristia é fonte e cume de toda a vida cristã” (11); por S. João Paulo II: “nenhuma atividade paroquial é tão vital ou formativa para a comunidade, como a celebração dominical do dia do Senhor e da Sua Eucaristia” (Dies Domini, 35, 1998); pelo Papa Francisco: “A Eucaristia é o acontecimento maravilhoso no qual Jesus Cristo se faz presente. O Senhor está ali connosco” (Catequese, 8 de novembro de 2017); por D. António Luciano, na Carta Pastoral de 14 de setembro de 2021: “A família cristã, chamada a viver a sua fé, deve centrar na Eucaristia toda a sua existência humana e espiritual”.
O objetivo primeiro do plano pastoral é a redescoberta do valor imprescindível da Eucaristia, em especial a Eucaristia do domingo. Estudos, colóquios, pronunciamentos do magistério sobre esta questão manifestam preocupação pela acentuada queda de participação eucarística, bem como a necessidade de acentuar o valor específico da Eucaristia do Domingo. Trata-se não só de um, mas de três eixos interpelantes, essenciais e vinculados da vida eclesial que requerem atenção e empenho especial: a Eucaristia, o Domingo e a Família.
Não é difícil identificar as raízes do problema. Mais espinhosa será a busca de respostas adequadas. Enumeram-se, sucintamente, alguns desafios interpelantes, bem como sinais de caminho percorrido, na perspetiva unitária: Eucaristia, Domingo, Família.
A reconfiguração social do fim-de-semana, como tempo de dispersão, transformou o domingo num dia quase vulgar; a laboração contínua; a falta de sacerdotes; o secularismo e subjetivismo religioso; cristãos pouco evangelizados; assembleias pouco acolhedoras e festivas; ausência do sentido de pertença comunitária, e outros, contribuem para a desfiguração do Domingo, da Família e da Eucaristia. Constatam-se, também, marcas revitalizadoras: maior envolvência na preparação e celebração da Eucaristia dominical; mais formação litúrgica de leitores, acólitos, músicos; novas formas de celebração do domingo; participação animada de grupos e movimentos…
Voltaremos ao tema, pela sua acuidade e centralidade pastoral.