Observatório Pastoral
A Igreja é o reino de Deus presente na história dos homens, que vive constantemente na dinâmica entre o já existente e o ainda não realizado em plenitude. Nesta dinâmica, a Igreja vive da presença de Jesus Cristo, mediante a comunicação do Espírito Santo e é, pela virtude do Espírito, que Jesus prolonga na história da Igreja e na vida dos crentes e das comunidades a Sua presença.
A vitalidade da Igreja reside na força do Espírito que não é somente unidade e fidelidade, mas também liberdade e criatividade. A Igreja é chamada a ser fiel renovando-se incessantemente, tal como um corpo vivo que permanece idêntico a si mesmo enquanto se desenvolve e cresce. Nesta coerente continuidade, a fecundidade do Evangelho permite à Igreja encarnar em muitas culturas, sem se identificar com nenhuma, construindo eficazmente a edificação do Reino de Deus na terra.
O Espírito Santo leva por diante, através do tempo, o caminho da Igreja guiando-a no meio das dificuldades e dos obstáculos que tem que ultrapassar e, ao mesmo tempo, impedindo-a de parar nas metas e triunfos já alcançados. Leva-a a olhar para trás sem nunca perder de vista Jesus de Nazaré, mas projetando-se para a sua realização total na vida eterna. Na sua dinâmica criativa, o Divino Espírito suscita no seio da igreja variados carismas e ministérios que estimulam os crentes a se tornarem cooperadores na construção da mesma Igreja. Neste sentido, a comunidade eclesial é como um organismo vivo e operante onde todos os seus membros estão prontos para receber dos dons dos outros bem como partilhar os seus dons para o bem comum.
“Como bons dispenseiros das graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu” (1Pe 4,10). Os crentes são responsáveis uns pelos outros, fazendo vigorar entre eles a lei da reciprocidade e, nesta permuta de dons diferentes e complementares, o Espírito Santo sustenta a vida e a missão da Igreja. É aqui que entra o papel fundamental dos movimentos da vida e edificação da Igreja, pois é através dos movimentos que os carismas dados aos fiéis se tornam eficientes no contornar dos obstáculos que o mundo vai colocando à missão da Igreja.
Os carismas são graças especiais do Espírito Santo, com as quais cada fiel se torna apto e pronto para assumir qualquer tarefa e desenvolver qualquer atividade, de maneira a favorecer, direta ou indiretamente, a santidade da Igreja, a sua vitalidade apostólica e o bem das pessoas e da sociedade em si. Não são graças para a santificação pessoal, mas graças para contribuir para a santidade total da Igreja. Todos os carismas são preciosos se estão integrados e valorizados numa pastoral de comunhão. Aos pastores fica o dever de discernir a autenticidade dos carismas e regulamentar a forma com que podem sere usados.
Com tudo isto que foi dito, é fácil compreender o papel fundamental dos movimentos, onde o carisma dos seus fundadores partilhado pela vida e interesse de outros crentes é colocado de forma cooperante à disposição dos pastores da Igreja para favorecer a evangelização de todos os povos. Também é fácil entender a vitalidade dos movimentos que surgem, crescem no seio da vida da Igreja, colaboram na vivência do Evangelho e na pastoral da Igreja para superar dificuldades que a cultura, o tempo e o mundo vão colocando à dilatação do reino dos Céus, e depois desaparecem ou deixam de ter tanta influência.