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Observatório Pastoral

 

Foi há trinta anos que o Papa João Paulo II instituiu o Dia Mundial do Doente que se celebra a 11 de fevereiro.

Desde então, foram muitas as reflexões que, a partir da Palavra de Deus, serviram de mote para olhar/encarnar o mistério do sofrimento humano.

Hoje, refletir a Pastoral da Saúde implica entrar profundamente no mistério da Pastoral do Doente.

A dimensão holística da doença encontra sentido na dimensão holista da cura, do cuidar e do cuidado, pois a arte de cuidar reflete(-se) (n)a arte de ser cuidado.

Saúde e doença são duas realidades que, apesar de antagónicas, “caminham” lado a lado.

Encontramos, inúmeras vezes, na pessoa do doente um rosto de sofrimento e angústia, espelhando um turbilhão emocional, a “confusão”, as perguntas sem resposta, a solidão, a lágrima, o silêncio, em suma, a dor total de alguém que, de um momento para o outro, se vê privado de saúde.

E, nesse momento, os profissionais de saúde, a par da família, voluntários e visitadores dos doentes, transformam-se em cuidadores da “linha da frente”, atuando como parte integrante da cura.

São eles que “tocam a carne sofredora de Cristo” (Papa Francisco), uma vez que a arte de curar complementa os cuidados clínicos prestados.

A arte de curar reflete-se na atitude de cuidar através de gestos de (com)paixão, de proximidade e de presença constante nos hospitais, nos lares, nas comunidades, em cada casa.

Quantas dores convertidas em sentido e sentimento?

Quantos silêncios desabafados em olhares entristecidos ou em vozes mudas?

Quantas emoções partilhadas envoltas em palavras e lágrimas?

Quantas mãos dadas a doentes em sofrimento e em momentos agónicos?

Quantas presenças/palavras (re)confortantes em momentos de (des)conforto?

Quanta presença perante a ausência dos familiares?

Quantos momento vividos e partilhados guardados no sentir e no sentimento dos corações?

Quantos(as)…?…

Estas e outras realidades fazem parte da pastoral da compaixão e da ternura, levando a (re)afirmar que a Pastoral da Saúde implica entrar profundamente no mistério da Pastoral do Doente…

Parafraseando o Papa Francisco na sua mensagem para o XXX Dia Mundial do Doente, devemos “estar ao lado de quem sofre num caminho de amor” muitas vezes (in)visível e silencioso. O convite evangélico “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36) mostra-nos, como diz o Papa, que “a misericórdia é, por excelência, o nome de Deus” …

Misericórdia é, pois, um sentimento e o sentido expresso em gestos de força e ternura, em momentos de cuidado e de cuidar, na fragilidade e fraqueza, no encontro (i)mediato com a dor e o sofrimento de uma pessoa que tem um nome, um rosto, uma personalidade, uma vida…pois a arte de cuidar reflete-se (n)a arte de ser cuidado.

 

Pe. João Pedro Ferreira Cardoso
Capelão do Centro Hospitalar Tondela-Viseu
CategoryDiocese, Pastoral

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