Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Observatório Pastoral

 

A Homilia faz parte da liturgia. Pregar é a arte de falar expressando convicção sobre o que se fala. A homilia é o discurso da fé para a fé. O objeto sobre o qual a homilia se deve centrar é a Palavra proclamada. A homilia é parte integrante da liturgia, mas é apenas uma parte. Não se deve idolatrar a homilia nem esperar tudo dela.

1. A homilia é chamada a alimentar a fé… mas dentro de toda uma celebração. Ela prolonga a Palavra. O que o sacerdote/diácono deve fazer numa assembleia de batizados é alimentar a fé. Mas isso não depende só da homilia, mas também de toda a dimensão comunicativa – verbal e não verbal- da celebração.

Não devemos preparar apenas a homilia, mas sim toda a liturgia. Não seria litúrgico ter uma homilia muito bem preparada e comunicativa e uma celebração enfadonha, morna… Não seria prestar um serviço à comunidade e correr-se-ia o risco de fazer do sacerdote/diácono uma “estrela”. Como comunicação, a homilia não consiste simplesmente em transmitir um ensino nem em comentar um texto bíblico. É também um pouco isso, mas através de uma “forma” que procura fazer surgir naqueles que ouvem uma iniciativa crente de adesão, de confiança e de esperança. Por consequência, o agir não fica só do lado do pregador. Está também presente nos ouvintes.

2. A homilia é um ato de fé. Pregar é confessar a fé. “Embora a palavra divina contida nas leituras da Sagrada Escritura se dirija a todos (…), e seja entendida por eles, a sua mais plena compreensão e eficácia é aumentada pela exposição viva, isto é, a homilia, que é parte da ação litúrgica” (IGMR 2000, n.29). A homilia deve levar em conta tanto o mistério celebrado, como as necessidades particulares dos ouvintes (IGMR 2000, n.65).

Trata-se de acolher a Palavra de Deus e atualizá-la. A Palavra tem uma relação de princípio com o tempo presente e tem a capacidade de atingir e iluminar o momento atual. Esta palavra já está no coração e na fé dos ouvintes. O objetivo da homilia consiste em que a Palavra bíblica e litúrgica se encontre com a Palavra batismal, aquela que está inscrita nas pessoas presentes. A homilia vai assim da Palavra à Palavra, de uma Palavra atualizada como nova para uma Palavra já presente como um dom recebido e que deve frutificar. Anunciar a Palavra na homilia “significa ser o primeiro ouvinte da Palavra”. Aliás, “não se pode ter o que dizer sem tê-lo recebido também”. Quem prega deve colocar-se na atitude de quem recebe. Nós damos a Palavra escutamos e acolhemos.

3. A homilia, além da referência à Palavra de Deus tem uma dimensão eclesial (a dimensão eclesial da pregação). A liturgia da qual faz parte a homilia é ação da Igreja. O sujeito da liturgia é a Trindade e a Igreja. A Igreja é também o sujeito da homilia através do ministério do ministro. Pregamos em nome da Igreja. Quando não há comunhão eclesial, a homilia não pode funcionar bem. As tensões não podem eliminar o diálogo da vida eclesial.

Não se pode considerar a homilia isolada do contexto da vida eclesial. Na sua preparação deve-se dar lugar à palavra dos fiéis na preparação da liturgia, nas preces, nas demais atividades de grupos de partilha, conselhos, assembleias, etc. • Sugestões: Pode ser bom e até necessário que, de vez em quando, haja homilia com testemunhos.

No século IV, em Jerusalém, os sacerdotes que quisessem, tomavam a palavra um após outro; o Bispo falava por último (Etéria, diário de viagem, 41; 1 cor 12,8).

 

Pe. Carlos Alberto Ramos Sousa
CategoryDiocese, Pastoral

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