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Observatório Pastoral

 

Fui convidado a escrever sobre a Pastoral Juvenil. Este artigo não pretende ser exaustivo do tema. É apenas uma partilha de opinião pessoal. Em poucas palavras, podemos dizer que a Pastoral Juvenil é a ação organizada pela Igreja tendo em vista da evangelização da juventude. Bem sabemos que a evangelização, como nos recorda o Papa Francisco, não é proselitismo. Toda a Pastoral deve estar centrada em Jesus Cristo, o Bom Pastor, aquele que ama e dá a vida pelas suas ovelhas. É à “maneira” de Cristo que a Igreja é chamada a estar entre os jovens. Há necessidade duma Pastoral Juvenil que ajude a descobrir o projeto de Deus e que possa proporcionar aos jovens um encontro pessoal com Cristo.

Outro aspecto a ter em conta é que hoje somos chamados a “fazer” Pastoral Juvenil num mundo que está a viver uma mudança epocal. Sinto que convive entre nós o confronto entre uma renovação e os velhos hábitos sacralizados e esclerosados. Cada jovem é um dom e uma provocação.

Embora haja responsáveis pela Pastoral Juvenil, esta Pastoral é e deve ser uma missão conjunta de toda a Igreja. Não adianta tentar fazer Pastoral Juvenil se essa ação não é sentida por todos e se nem todos colaboram. É inútil o esforço de chamar jovens para a Igreja se depois as comunidades não os aceitam como são, se querem fazer deles uma fotocópia do passado. Um dia um jovem disse-me que abandonou a sua comunidade porque era muito generoso e fazia muita coisa, mas a sua Igreja nunca o levou a sério, não quis saber o que ele sentia nem a sua opinião. Ele deixou de se sentir valorizado porque era visto apenas como uma “força bruta” ao serviço dos velhos protagonistas na paróquia.

Temos de ter em conta que os jovens não são “sacos vazios”. Temos de os valorizar enquanto jovens, acompanhando-os, amando-os, evangelizando-os, ensinando-os e educando-os, mas valorizando o que eles são, a riqueza que eles têm, o seu caminho de Fé.  Temos de saber que não somos donos da graça de Deus ou da ação do Espírito Santo e Deus quer fazer neles e através deles maravilhas. Não podemos ser travões da ação de Deus.

Por vezes, o nosso “primeiro anúncio” aos jovens é marcado pela crítica, pelas regras e pelas proibições. A primeira coisa a transmitir deveria ser o Amor, a Misericórdia de Deus e a alegria da Salvação. Só a alegria do Evangelho pode ser o motor para que aconteça uma mudança de vida. Muitas vezes, corremos o risco de começar a construir uma casa pelo telhado.

Outro aspeto muito importante é a nossa capacidade de ir ao encontro, estar nos “espaços” onde os jovens se encontram. Quantas vezes estamos à espera de que eles venham, com a porta fechada; têm de bater à porta e olhamos para eles com julgamento e desconfiança. Um dia, um sacerdote da Diocese de Florença, Padre Lorenzo Milani, ia na procissão do Corpo de Deus ao lado do Pároco. A meio da procissão passaram num lugar habitado por operários fabris, que estavam nas suas conversas e nas suas vidas e agiram com indiferença diante da procissão. Ao ver esta atitude o Pároco disse: – “Perdoa-lhes Senhor por não estarem connosco”. Ao ouvir isso, o Padre Lourenzo Milani, disse: “Perdoa-nos Senhor por não estarmos com eles”.

Penso que a principal perspetiva da Pastoral Juvenil deve ser a de uma pastoral que sai, que vai ao encontro, que anuncia e que deve estar disponível para acolher verdadeiramente.

 

Frei José Carlos Cerdeira Matias, OFMConv.
CategoryDiocese, Pastoral

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