Observatório Pastoral
Recentemente li esta frase de Baden Powell e retive-a: “até à altura em que assentemos a nossa educação numa base mais espiritual, em vez de nos contentarmos com o mero desempenho académico; em formarmos mais o caráter para além dos conhecimentos básicos, a única coisa que teremos é o verniz». Importa refletir sobre a relação íntima que existe entre os itinerários catequético e escutista. O CNE tem publicado um documento que estabelece a relação direta entre os objetivos gerais de cada ano catequético e os objetivos da área espiritual de cada secção. Nem todos os dirigentes o conhecem; certamente o número de catequistas será ainda menor. Porém, tanto Escutismo como Catequese podem e devem esforçar-se no sentido de descobrirem a complementaridade que os une.
Dirigentes e catequistas têm muito em comum. Atrevo-me a dizer que um dirigente tem que ser um catequista e um catequista, um dirigente. A coordenação é fundamental. Cada pároco tem a tarefa insubstituível de promover encontros de partilha e acautelar sobreposições de calendário. Nenhum dirigente do CNE o pode ser sem completar um processo estruturado de formação. Só depois desse processo faz a sua Promessa e pode ostentar o lenço escutista. Na nossa diocese começou, neste ano pastoral, a ser implementado o Curso “Ser catequista”. Já foi frequentado por um número muito significativo de catequistas em todos os arciprestados. O conhecimento e a partilha das experiências dão-nos os conhecimentos, a autoridade e a autoestima. E o Papa Francisco, no novo Diretório da Catequese, apresenta-nos a possibilidade do Ministério do Catequista. É por aqui o caminho!
O Regulamento Geral do CNE não permite ser Escuteiro sem frequentar a Catequese. Esta norma não enfraquece o Escutismo, mas faz-nos centrar no essencial, que é ser Escutismo Católico. O Escutismo cai muitas vezes na tentação de aligeirar a dimensão da espiritualidade; a Catequese na de não ver essa dimensão no Escutismo. As palavras da imagem que ilustra este texto, recolhidas recentemente numa formação de futuros dirigentes da nossa diocese, são bem demonstrativas do caminho que ainda precisamos percorrer.
O Escutismo descura muitas vezes a base espiritual e a formação do caráter. A Catequese, durante demasiado tempo, centrou a sua preocupação na transmissão dos conteúdos da fé e na pedagogia com que os devia transmitir, descurando o seu principal objetivo: a adesão a uma pessoa, Jesus Cristo, como ato de liberdade.
A fé que os une é a mesma e só ela nos permite olhar mais longe, com mais coerência. Juntos, sinodalmente. Não há outra forma para “deixar o mundo um pouco melhor” e construir comunidade.
Davide Costa