Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Dia da Igreja Diocesana, dos Avós e dos Idosos

  1. Um dia de ação de graças e de festa

Hoje é um dia de ação de graças e de festa, que nos convida a “caminhar juntos” no horizonte da escuta, do acolhimento e do diálogo sinodal, que a Igreja é chamada a viver e a testemunhar.

Celebramos o aniversário da dedicação da Catedral de Viseu, que ocorreu no dia 23 de julho de 1516. É um dia de louvor, de ação de graças e de oração, porque este templo, a Casa da Igreja, foi consagrada ao Senhor e dedicada a Santa Maria, para o serviço do culto divino e para promover a santificação do seu povo.

Aqui nos reunimos todos os anos, neste dia, para tomar consciência da Igreja que somos e queremos ser. Igreja com raízes, uma árvore frondosa a produzir frutos na dimensão da evangelização, do anúncio, da escuta da Palavra, da catequese, da celebração da liturgia, dos sacramentos, da vivência da caridade pastoral num serviço de proximidade e cuidado dos irmãos.

Damos graças a Deus por tantos anos de vida e de história, que estão diante de nós. Uma Diocese, com vicissitudes vividas na alegria e na esperança, vê, na sua Catedral, a Igreja Mãe de todas as Igrejas da Diocese.

Este ano, estamos reunidos à volta do altar com o seguinte lema: “Sonho: Raízes que dão frutos”. Este slogan convida-nos a dar graças ao Senhor pelas maravilhas que realizou em favor do seu povo. Esta Igreja de Viseu tem raízes antigas e profundas, que sustentam esta árvore frondosa cheia de ramos e deliciosos frutos, que, desde a sua criação como diocese, no ano de 571, continua a cuidar de nós.

Com o seu bispo, sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos, a Igreja, animada pelo Espírito Santo, comunica a vida de Deus ao seu povo, através da Palavra, da Eucaristia e dos Sacramentos.

Ao celebrar os 506 anos do aniversário da Dedicação desta Catedral, louvamos o Senhor nosso Deus e agradecemos todos os dons e graças recebidas.

Acontece hoje o aniversário da ordenação sacerdotal de muitos presbíteros: Américo da Cunha Duarte, Joaquim Carvalho Alves, José António Marques de Almeida, João Dinis Lopes de Figueiredo, João Martins Marques, João de Figueiredo Rodrigues, José de Seixas Nery, Manuel Chaves de Andrade e Manuel Gonçalves Fernandes. Alguns estão aqui presentes, outros não podem estar por motivos pastorais ou de saúde, a quem dirijo uma palavra de esperança, de conforto, de saúde e de paz. Rezemos por todos, pelas suas famílias e comunidades, e entreguemos as suas vidas e ministério sacerdotal ao cuidado de Jesus Cristo, o bom Pastor e bom Samaritano.

Recordamos os dezoito anos de Ordenação Episcopal de D. Ilídio Pinto Leandro, meu ilustre antecessor, de saudosa memória, a quem agradecemos o seu trabalho e zelo apostólico. Confiamo-nos à sua intercessão junto de Deus, na Jerusalém Celeste.

Aniversário também da ordenação dos dez primeiros diáconos permanentes para a nossa Diocese: António Beato Serra, António de Lima Paiva, António Monteiro Cardoso Marques, Carlos Alexandre Cardoso Sales Faria, Felisberto Henriques Gomes de Figueiredo Marques, Hélio da Silva Domingues, João Francisco Ferreira Morais, João Pinto de Almeida Ferreira, Joaquim Cardoso Ferreira de Almeida e Manuel António Madeira Vaz. A todos e às suas famílias desejo as maiores felicidades. Outros momentos da vida eclesial desta Igreja Diocesana têm sido celebrados nesta data festiva.

Recordo a minha entrada solene nesta Diocese, como Bispo, há quatro anos, na celebração da Eucaristia solene da Dedicação desta Igreja, Mãe da Diocese. Todos são motivo de festa e de ação de graças ao nosso bom Deus, por tantas graças e maravilhas realizadas em favor do seu povo. Convido-vos hoje de novo a caminhar com zelo apostólico: “Mãos à Obra!” Coragem! A Obra é de Deus, nos somos as pedras vivas do Templo do Senhor.

A Igreja é, por isso, o Povo de Deus reunido com o seu Bispo, a caminho da Jerusalém celeste, a Igreja nossa Mãe.

  1. A palavra de Deus ressoa neste templo para a glória do Senhor e santificação do seu Povo.

As leituras que foram proclamadas convidam-nos a centrar a nossa vida no mistério de Deus, fonte da água viva, revelado em Jesus Cristo, que disse a Zaqueu: “O Filho do homem veio procurar e salvar o homem perdido” (Lc 19,10) e enriquecer o seu povo com os dons da salvação.

No ato supremo da criação, Deus criou a água como elemento vital para rejuvenescer toda a obra por Ele criada. Criou as fontes como sinal de vida e de salvação e fez chegar a água viva do Batismo a todas as pessoas e a todos os lugares da terra.

A primeira leitura, da Profecia de Ezequiel, recorda-nos que toda a água que sair do templo e todos a quem ela chegar serão salvos. O Espírito Santo derramado sobre nós no dia do Batismo oferece-nos a água viva de que fala Jesus. “Do seu seio jorrarão rios de água viva” (Jo 7, 38), Jesus falava do Espírito Santo, que haviam de receber os que acreditassem n’Ele. Contemplando a água que corre debaixo do altar, o nosso pensamento dirige-se para a fonte batismal, onde nos tornámos verdadeiramente filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo e Templos do Espírito Santo. O profeta, numa mensagem de esperança, afirma: “Naqueles dias, o Anjo reconduziu-me à entrada do templo. Debaixo do limiar da porta saía água em direção ao Oriente, pois a fachada do templo estava voltada para o Oriente. As águas corriam da parte inferior, do lado direito do templo ao sul do altar”. O profeta diz que o Anjo do Senhor o fez sair, para, diante das águas que corriam, lhe dizer: “Esta água corre para a região oriental, desce para Arabá e entra no mar, para que as suas águas se tornem salubres. Todo o ser vivo que se move na água onde chegar esta torrente terá novo alento…” (cf. Ez 47,1-2.5-9.12)

Onde estas águas chegarem, símbolo da água viva que é Cristo, aí haverá vida em abundância e crescerá toda a espécie de árvores de fruto, a sua folhagem não murchará e não acabarão os frutos. Só na comunhão com Deus e unidos a Cristo, pela graça do Espírito Santo, podemos produzir muitos e bons frutos.

Tudo se renovará, porque as águas vêm do Santuário. A sua fonte está em Deus. As árvores regadas por esta água produziram frutos, que serviram de alimento e as folhas de remédio para todos. Também a nossa vida pecadora encontrará, no sacramento da Reconciliação, o perdão dos pecados e a misericórdia de Deus de que tanto precisamos.

A água é sinal dos sacramentos que recebemos na Igreja para crescer na santidade, particularmente através do Batismo, da Eucaristia e do Crisma. A síntese do nosso triénio pastoral, que devemos continuar a aprofundar e valorizar é necessária para atingirmos os objetivos que nos propusemos alcançar.

Alegra-nos o convite feito por São Pedro na segunda leitura. “Caríssimos: Aproximai-vos do Senhor, que é a pedra viva rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção deste templo espiritual, para constituirdes um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pedro 2, 4-6).

Em caminhada sinodal, saibamos todos juntos aproximarmo-nos de Cristo a única e verdadeira pedra angular, escolhida e preciosa aos olhos de Deus. Como pedras vivas, somos convidados a construir o templo espiritual formado por todos os batizados.

O mistério de Deus revela-se na comunidade reunida e na celebração dos dons da salvação, quando escutamos a Palavra de Deus, celebramos a Eucaristia, rezamos juntos e praticamos a caridade.

A maternidade da Igreja está presente no coração de todos os batizados, que nasceram da água nova que vem debaixo do altar do templo para fecundar e fertilizar o campo de Deus, a Igreja.

O Evangelho de Lucas desafia-nos a um encontro de conversão e compromisso com a pessoa de Jesus Cristo, o Salvador do Mundo, a quem nós já seguimos. Conhecido por todos o episódio da conversão de Zaqueu, traz nos hoje uma mensagem muito atual, carregada de sentido salvífico e novidade eclesial.

É preciso deixar o nosso mundo pessoal cheio de superficialidade, de banalidades e de preocupações materiais, para abrir o coração ao dom da fé e ir ao encontro de Jesus. É preciso correr o risco de procurar o Senhor, de expor a nossa vida diante d’Ele, de lhe abrir o coração e não ter medo das críticas por causa da fé que professamos.

O exemplo de Zaqueu ajuda a humanidade do nosso tempo, tão afastada de Jesus e da Igreja, a fazer o caminho inverso. Passar da indiferença, da negação, da ausência, para o encontro com o outro. A escuta, o diálogo, a comunhão e a participação, eis o verdadeiro caminho sinodal. Zaqueu ouviu dizer que Jesus estava a passar por Jericó, correu à sua frente e subiu a uma árvore, para ver Jesus passar, pois era de pequena estatura.

Muitas vezes, também nós somos de pequena estatura moral e espiritual e precisamos de dar um salto qualitativo na nossa vida de fé para encontrarmos verdadeiramente Jesus.

A introspeção, a avaliação da nossa vida e o discernimento evangélico são meios necessários para fazer o verdadeiro exame de consciência, tão necessário para a nossa conversão pessoal e a renovação da Igreja.

O encontro com Jesus na Palavra, na liturgia, na oração e na prática da caridade, são elementos vitais para a nossa renovação espiritual. Jesus precisa de ficar em tua casa, na minha casa, no teu coração, na tua vida, na minha vida, na tua paróquia, no teu movimento, para nos ajudar a renovar as estruturas paroquiais e diocesanas.

A beleza destas palavras devem transformar a vida do bispo, sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos, na esperança da renovação evangélica. As palavras de Jesus são hoje para todos nós e para esta Igreja Particular em caminho sinodal um desafio e uma interpelação.

Jesus disse a Zaqueu: “Desce depressa que eu hoje preciso de ficar em tua casa”. Estas palavras também são para cada um de nós hoje. Para toda a Igreja Diocesana, reunida em jubileu e em festa.

Jesus entrou no coração de Zaqueu, na sua vida, e “foi hospedar-se em casa de um pecador”. Disse-lhe Jesus: “Hoje entrou a salvação nesta casa. O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.

 

  1. Dia de ação de graças pela vida dos Avós e Idosos.

Caríssimos avós e idosos, saúdo-vos fraternalmente e agradeço a vossa presença, na companhia dos vossos familiares e cuidadores.

Olhando para vós, sonho com uma Igreja renovada e missionária, aberta a todos, que nasce da vida familiar vivida na oração, no trabalho e na comunhão com Deus, em caminho sinodal e conduzida pelo Espírito Santo.

O Dia dos Avós e Idosos, que hoje celebramos com fé, esperança e amor é memória agradecida pelo passado, confiança no momento presente, que nos leva a construir o futuro de um mundo mais renovado, justo e fraterno.

Dou os meus parabéns aos casais em jubileu de 25 e 50 anos de matrimónio, celebrados ao longo deste ano na nossa Diocese. Tendo presente o ensinamento do Papa Francisco para a Jornada Mundial das Famílias e a Mensagem aos Avós e Idosos, quero dar graças a Deus pela família diocesana, pelos casais, pelos avós, filhos e netos. Que sejais felizes na fidelidade à vossa vocação matrimonial, enquanto casais junto dos vossos filhos e netos. A família que reza unida, permanece unida. Trabalhai muito pelo bem da família e pelo seu crescimento espiritual nas equipas e movimentos de pastoral familiar na nossa diocese.

Aos membros dos movimentos e obras aqui presentes, aos responsáveis dos Centros Sociais Paroquiais, desejo as maiores bênçãos para cuidardes dos avós e dos idosos com amor, carinho, empatia e verdadeiro espírito evangélico. Lembrai-vos sempre das palavras de Jesus: “Tudo o que fizerdes ao mais pequenino dos meus irmãos é a mim que o fazeis” (Mt 25, 40).

Termino dando graças a Deus por vós e por tantos dons e benefícios, concedidos ao longo de tantos séculos à nossa Igreja Diocesana. Quero uma Igreja viva, renovada, onde todos têm lugar, onde todos se sintam em casa e em família, acolhidos, amados e ajudados nas suas necessidades e provações.

Como disse há quatro anos: “Convosco sou cristão, para vós sou o vosso Bispo”. Afirmei ao Jornal da Beira esta semana, e quero dizer também aqui na Catedral a todos os diocesanos e pessoas de boa vontade: rezai por mim, eu também rezarei por vós e pelas vossas intenções. “Tem sido um tempo de graça trabalhar com todos nesta Igreja de Viseu: sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos”.

Confio à proteção de Deus a nossa Igreja Diocesana, as nossas paróquias, as instituições, as famílias, as crianças, os adolescentes e os jovens em caminhada para as Jornadas Mundiais da Juventude, acontecimento único que será celebrado no próximo ano no nosso país.

Coloco no coração de Deus o cuidado dos avós e idosos, os doentes e os seus cuidadores, os pobres, os migrantes, os refugiados, as instituições públicas e particulares, as autoridades e todos os homens de boa vontade.

Confio a Nossa Senhora do Altar Mor, a São José, a São Teotónio e à Beata Rita Amada de Jesus o meu ministério episcopal, os sacerdotes, os diáconos, os consagrados, os seminaristas, os agentes de pastoral, os responsáveis de secretariados, serviços, movimentos e obras, os leigos da Diocese de Viseu.

Imploro uma bênção especial de Deus para todos nós. Ámen!

Aniversário da Catedral de Viseu, 23 de julho de 2022

+ António Luciano, Bispo de Viseu

CategoryBispo, Diocese, Pastoral

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