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Assunção de Maria ao Céu

Dia de festa, de louvor, de ação de graças e de alegria com Maria, nesta solenidade da sua Assunção de Maria ao Céu.

A Assunção de Maria e a sua glorificação, ao ser elevada ao céu em corpo e alma, é o grande sinal de esperança e de fé para todo o povo de Deus em caminho sinodal. Caminhemos juntos, com Maria, dizendo: “O todo poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome” (Lc 1, 49).

A Assunção de Maria não significa apenas o privilégio de uma mulher protegida por Deus perante o inimigo; como afirmava o Papa Pio XII, esta festa celebra também o triunfo de Maria, em união ao triunfo de Cristo sobre a morte, participando assim no mistério da ressurreição do seu Filho.

A liturgia deste dia afirma que no mistério da fé que hoje celebramos, Maria é “a aurora e a imagem da Igreja triunfante, sinal de consolação e de esperança para o povo peregrino de Deus”. A Igreja, ao professar a sua fé e ao manifestar a sua alegria pelo mistério da Assunção da Virgem Maria ao céu, exprime a sua esperança de ver os seus filhos a participarem plenamente no triunfo de Cristo sobre o pecado e sobre a morte. A glória de Maria proclama que a morte não tem a última palavra e que não estamos destinados à corrupção, porque Deus quer que estejam com Cristo aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Esta festa de Maria é um ato de fé no mistério da Ressurreição de Jesus.

Caríssimos cristãos, São Paulo convida-nos “a aspirar às coisas do alto”, para que, vivendo na terra uma vida de santidade e de graça, sejamos um dia, com Maria, participarmos da glória de Deus.

O Evangelho de Lucas, que escutámos com fé, convida-nos a caminhar juntos ao encontro dos irmãos, para os servir e ajudar nas suas necessidades, imitando a solicitude materna de Maria.

“Naqueles dias, Maria pôs se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor” (Lc 1, 39, 43). Este texto anima os Jovens em caminhada para as Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa em 2023.

A liturgia de hoje propõe-nos a meditação do mistério da visita de Maria a Santa Isabel. É um modo próprio de servir e de estar próxima de Isabel. Só o serviço em caridade fraterna à imitação de Maria nos leva ao céu, a nossa pátria definitiva.

Quem somos nós para que hoje venha ter connosco, visitar-nos, a Mãe de Jesus, a mulher simples e humilde, que ouviu a Palavra de Deus e a guardou no seu coração e a pôs em prática.

Cantemos, irmãos, com as palavras do “Magnificat” as glórias de Maria elevada solenemente ao céu em corpo e alma e louvemos o nosso bom Deus, pelas maravilhas que Ele operou. “A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamaram bem-aventurada todas as gerações” (Lc 1, 47).

Maria, associada a Cristo na sua Assunção ao Céu, aparece depois de Cristo como o fruto novo nascido da Páscoa na Ressurreição de Jesus Cristo.

O Papa Pio XII proclamou solenemente o dogma da Assunção de Maria ao Céu com base no testemunho da Sagrada Escritura, que nos apresenta a santa Mãe de Deus estreitamente unida ao seu divino Filho e sempre participante da sua sorte e da fé dos Santos Padres e Doutores da Igreja. Esta festa não é só para falar da incorruptibilidade do corpo mortal da bem-aventurada Virgem Maria, mas para mostrar o seu triunfo sobre a morte e o pecado com a sua glorificação celeste, à semelhança de Jesus Cristo, seu Filho Unigénito.

“A Virgem Imaculada, preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como rainha, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores (cf. Apoc.19, 16) e vencedor do pecado e da morte” (LG 59).

A vida imaculada e santa de Maria entrou gloriosamente no Céu para junto de seu filho interceder por cada um de nós. A humilde serva do Senhor cooperou, de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. Ela é assim, nossa Mãe na ordem da graça (cf. LG 61).

O mistério da Assunção de Maria perpetua a sua vida agraciada na terra, em que esteve particularmente associada à obra redentora de Jesus e ao nascimento da Igreja. Por isso Ela é Mãe de Cristo e da Igreja.

A glória de Maria tem origem na fé humilde com que se colocou ao serviço de Deus, para ser a Mãe de seu Filho e da Igreja. Toda a beleza da Mãe de Deus está concentrada na sua humildade, a virtude que atraiu o olhar de Deus sobre Ela. Feliz Aquela que acreditou em tudo o que lhe foi dito da parte de Deus. Ela é a serva fiel do Senhor.

Maria elevada ao céu, não abandonou a sua missão salvadora, enquanto Mãe de Jesus e dos irmãos de Seu Filho. “Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira” (LG 62).

A missão de Maria como intercessora em favor dos fiéis e das suas necessidades, mostra a sua função “maternal de cheia de graça e de poderosa Mãe através da presença e da “assistência de Maria Santíssima, que invocamos do coração” (Discurso de Paulo VI, 29.9.1963).

O nosso mundo precisa de encontrar em Maria e na sua glória a graça para ser feliz e peregrinar com esperança e na paz rumo ao Céu.

A proximidade de Maria na nossa vida, através da fé, da oração, da graça, do serviço ao próximo e na imitação das suas virtudes, é o caminho mais seguro para Deus, no encontro com todos os homens. O Coração de Jesus e de Maria estão intimamente unidos e são inseparáveis. Cuidam sempre de nós, mesmo no meio das adversidades da vida.

O mundo perturbado em que vivemos está envolvido numa cultura de destruição e de morte, sofrendo as consequências de uma grave pandemia, o aumento da fome e da pobreza entre os povos, a guerra sem fim na Ucrânia e em tantos países, a perda de tantas vidas inocentes, o aumento de tantos conflitos que geram a morte e a violência, o aumento de tantas injustiças e ódios, que provocam divisão e pobreza, destroem famílias inteiras e põem em risco o desenvolvimento de tantas nações, perante tantos males e sofrimentos causados pela indiferença, pelo ódio, pelo racismo, pelo egoísmo, pela mentira e pelo erro. Males que empurram a pessoa humana para um mar agitado e turbulento com um barco à deriva. Diante de tão grandes perigos e tristezas, pedimos que interceda por nós a Virgem Santa Maria, a Senhora da Assunção.

Diante de Maria que cuida de nós na glória do céu, pedimos hoje um tempo de paz, de tranquilidade, de bonança e de prosperidade para o nosso mundo e para a Igreja. A Igreja, Mãe e Mestra dos cristãos, caminha connosco neste vale de lágrimas e pede a nossa Senhora a proteção das crianças, dos adolescentes e dos jovens.

A Igreja como Mãe cuida de nós e promove no coração dos fiéis a confiança filial e, com a assistência de Maria Santíssima e pela sua intercessão, implora para o povo que caminha peregrino com Jesus Cristo, em direção para a casa do Pai, a graça de seguir e imitar o exemplo de Maria.

O sinal novo do Apocalipse deve fortalecer a nossa fé na luta de cada dia contra o dragão e o mal. Acolhamos a Mulher revestida de Sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça (cf. Apoc, 11, 19 ss), como a “Estrela do Mar”, que nos guia durante a noite e nos guarda na manhã radiosa de sol.

O sinal grandioso da Mulher invoca Maria na luta contra o dragão, experiência que acompanha a nossa vida terrena em cada dia. Acreditando, Maria permite que Deus realize maravilhas na sua vida e triunfe glorioso na luta do bem contra o mal. Deus há de vencer e destruir sempre o mal da humanidade, embora no momento presente pareça o contrário. A última palavra é de Deus, Deus triunfará e Maria também: “O meu coração Imaculado triunfará, será o teu refúgio e o caminho que te há de conduzir até Deus”.

O sinal mais grandioso da humanidade será o triunfo de Cristo sobre o mal e o pecado, o mal da humanidade será destruído. Maria é a cheia de graça, que Deus protege e ama sempre, desde toda a eternidade, para cuidar de nós.

Maria “a Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja” (LG 63), que continua a cuidar dos irmãos de seu Filho em íntima união com a Santíssima Trindade, na realização da missão que recebeu na Anunciação e lhe foi confiada solenemente no Calvário. Jesus deu-a por mãe ao discípulo, com estas palavras: mulher, eis o teu filho; e a partir daquela hora, recebeu-a em sua casa (cf. Jo 19, 26-27).

Maria brilha como modelo de virtudes sobre toda a família dos eleitos e protege a Igreja de todos os males. A Mãe de Jesus glorificada em corpo e alma na glória do céu, brilha na terra como sinal de esperança segura e de consolação para o povo de Deus, que ainda peregrina na terra, até chegar o dia do Senhor (cf. LG 68).

A grandeza de Maria está na sua fé e por ter sido escolhida para ser a Mãe de Jesus. Por isso, como cristãos, devemos procurar imitar as suas virtudes.

“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (GS 1).

Confiemos a Nossa Senhora a nossa vida, a Igreja e o mundo e peçamos-lhe o fim da pandemia, da guerra na Ucrânia, da violência em tantos lugares do mundo, a extinção dos terríveis incêndios, que afetam o nosso país e o mundo. Que Nossa Senhora nos ensine a pedir o pão de cada dia para combater a fome e a pobreza no mundo, nos ensine a perdoar e a rezar pelos pecadores.

Rezemos pelos pobres, doentes, idosos e abandonados, imigrantes, emigrantes, refugiados, presos e moribundos, para que todos encontrem em Maria paz e a alegria de serem amados e queridos por Deus.

Confiemos as famílias, a hierarquia da Igreja, os consagrados e os leigos à poderosa intercessão de Nossa Senhora da Assunção: “À vossa proteção nos acolhemos Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos de todos os perigos ó Virgem gloriosa e bendita. Ámen!”.

Que fique connosco para sempre na companhia de todos os Santos e junto daqueles que nos precederam na fé a poderosa intercessão da Senhora da Assunção, nossa padroeira.

+ António Luciano, Bispo de Viseu

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