O verbo regressar exprime movimento, dinamismo para recomeçar, voltar ao caminho interrompido, iniciar nova etapa na vida, disponibilidade para ir mais longe, fazer de novo a experiência, voltar, percorrer o caminho para meta, caminhar juntos em comunhão, participação e missão, peregrinar juntos para as Jornadas Mundiais da Juventude. O desejo de construir o futuro caminhando, sentir sede de infinito, voltar à nascente da água viva, subir de novo à montanha para participar no banquete, sonhar com o processo catequético, assumir o compromisso do que é essencial na caminhada da fé.
O verbo regressar aparece muitas vezes no contexto da Bíblia como um convite para voltar ao coração de Deus, a buscar o arrependimento e o perdão dos pecados, a encontrar o caminho da salvação, através da mudança de vida. Um texto iluminador para regressar com esperança aos afazeres da vida, à luz do mistério Pascal é o episódio dos discípulos de Emaús, que depois de ouvirem a explicação das Escrituras e de reconhecerem Jesus ao partir do pão, disseram um ao outro: “Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” Levantando- -se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: “Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão”. “E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão” (Lc 24, 32-35).
Jesus na sua pregação convidava sempre os seus ouvintes a mudar de vida e a regressar a Deus, a percorrer o caminho da perfeição, a viver o mandamento novo do amor, a experimentar a beleza das bem-aventuranças e a praticar as obras de misericórdia. Exortava os pecadores a regressar à casa do Pai, através do arrependimento, da conversão ao coração de Deus, acolhendo o dom do perdão e da misericórdia.
É preciso regressar com otimismo e esperança às atividades quotidianas e eclesiais.
Mais de um milhão de crianças, adolescentes e jovens regressam nestes dias à escola depois das merecidas férias e da interrupção das rotinas durante o período do verão. Agora está a chegar o início do ano escolar, o começo da catequese, as atividades do novo ano pastoral, por isso com as baterias carregadas é preciso regressar de novo ao essencial da vida humana, laboral, académica e eclesial.
É um tempo de recomeçar muita coisa, o que foi programado, organizar uma nova etapa da vida, realizar sonhos, projetos e coisas que vamos experimentando e desenvolvendo em novos processos familiares, escolares e pastorais.
Depois do confinamento da pandemia é preciso sentir a alegria e a esperança de voltar de novo à Igreja e à comunidade reunida.
Também aqui entra o desafio do dinamismo da pastoral e o do discernimento, enquanto dom do Espírito Santo, algo de importante na escolha e na realização do verdadeiro caminho sinodal.
Caminhar juntos na comunhão, participação e missão é uma trilogia, que deve assentar na vivência das virtudes teologais da fé, esperança e caridade.
Caminhar juntos é próprio do ser e da essência da Igreja, mistério e “sacramento universal de salvação”, Corpo de Cristo, Povo de Deus convocado e reunido para regressar à fonte da vida no Mistério Pascal de Cristo morto e ressuscitado.
Vislumbrando o mistério da Santa Cruz, que vamos celebrar, associemo-nos ao Papa Francisco na sua viagem apostólica, peregrinação ao Cazaquistão pela paz. Rezemos na festa da Exaltação da Santa Cruz, pedindo a Cristo a paz para o povo da Ucrânia. Em resposta ao pedido de Nossa Senhora em Fátima na aparição de setembro, rezemos o terço a Nossa Senhora para pedir a Deus o fim da guerra e alcançarmos a paz para o mundo. Que Nossa Senhora das Dores acolha os sofrimentos e as dores da humanidade, dê sentido e esperança aos nossos sofrimentos e nos ensine a ser cuidadores da humanidade à imagem do Bom Samaritano. Que Nossa Senhora chame os jovens cristãos da nossa Diocese e de Portugal para viver este ano pastoral animados pela caridade de Maria, tornando-se protagonistas da evangelização de outros jovens que desejam caminhar rumo às Jornadas Mundiais da Juventude de Lisboa, de 1 a 6 de agosto de 2023.
Que Santa Eufêmia, jovem e mártir, celebrada por estes dias em muitos lugares da nossa Diocese, inspire os jovens na escolha dos verdadeiros valores humanos, morais e cristãos.
Que todos sintamos a alegria e a esperança de regressar pelas mãos de Maria ao encontro de Jesus, o único Salvador da humanidade. Regressemos todos com alegria à Casa da Igreja, que de portas abertas espera pelo regresso de cada um de nós. Sejamos todos “discípulos missionários” e “evangelizadores com espírito”.
De mãos dadas com os jovens, rumo às JMJ, guiados e animados pela graça e força do Espírito Santo, comecemos a preparar e a viver a peregrinação, que nos levará com alegria e o coração em festa até Lisboa no próximo ano.
Que os Santos Padroeiros das JMJ nos abençoem neste regresso depois das férias.