Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Sempre me prendeu o coração e me tocou espiritualmente o sorriso da imagem do Menino Jesus, na companhia de José e Maria, deitado na manjedoura da gruta de Belém.

É um quadro de ternura e presença de Deus, mas também de simplicidade e humildade da natureza humana. No Mistério da Encarnação revela-se o divino e compreende-se melhor o humano.

Não há verdadeira experiência de fé, que não se realize a partir do mistério de um Deus, que nasceu e se fez homem, viveu a fazer o bem e deu a vida por nós na Cruz para nos salvar. Os mistérios da Encarnação e da Redenção fazem a síntese do amor divino revelado em Jesus, que sendo rico se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza.

“Cristo Jesus que era de condição divina, não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a Si próprio”, “tomando a condição de Servo, humilhou-se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de Cruz, por isso Deus o exaltou e lhe deu um nome que está acima de todos os nomes”. Que ao nome de Jesus, no mistério da sua kénosis todos se ajoelhem, O adorem e contemplem como verdadeiro Filho de Deus.

Gosto de contemplar a imagem de Jesus no presépio, porque me fala sem dizer palavras. Em silêncio agradecido pelo dom deste Menino, que sorri sempre para mim e para toda a humanidade, rezo e caminho ao encontro do Salvador. Na minha mesa de trabalho, tenho uma pequena imagem do Menino Jesus, obra artística das Irmãzinhas de Jesus, acompanhado pela presença da mãe. Está sempre a sorrir, dialoga comigo no silêncio e inspira-me para eu sorrir também como Ele a todos os meus irmãos.

O mistério da Encarnação do Verbo revela o mistério de um Deus que nasce na plenitude dos tempos de Maria para nos salvar.

Viver o Advento, preparar e celebrar o Natal é hoje um grande desafio eclesial para os cristãos e para a Igreja.

O caminho sinodal a marcar o ritmo da Igreja, encontra na harmonia do presépio algo de único, carregado de mistério, de simbologia e de esperança para todos juntos recebermos o Deus uno e trino que quer caminhar com os homens. O Natal é a festa da vida, da comunhão, da participação e da missão de Jesus que veio condividir connosco a sua vida.

A magia das luzes, da música e das prendas, uma característica da nossa sociedade, não devem ser obstáculos para esconder o mais belo e divino mistério, que se revelou no Natal a toda a humanidade.

Convido as crianças, os adolescentes e os jovens a viver esta quadra de Natal embalados pela fé, rodeados pelo carinho da família e com os adultos construir o presépio na sua vida e nas suas casas, de modo que Jesus nasça hoje de novo na humanidade.

O presépio construído nas nossas Igrejas e nas nossas casas e instituições é sempre uma obra de arte a homenagear o nascimento de Jesus. Feito de muitos elementos como a madeira, as pedras, os musgos, a verdura dos arbustos, a palha seca e dourada, a construção da cabana onde se colocam as figuras da vaca e do burro para aquecer o Menino Jesus, acompanhado de Maria e de José.

É bom lembrar, que Jesus nasceu na cidade de Belém, numa noite fria, num estábulo de animais. Num lugar pobre, sem conforto, e sem dignidade, ali nasceu Jesus, o Salvador do mundo. Não teve acolhimento na hospedaria da cidade, mas nasceu na casa comum da humanidade, como o Messias prometido e esperado.

“Maria deu à luz o Seu Filho primogénito e envolveu-O em panos, colocando-O numa manjedoura”. Eis o mistério do Natal de Jesus, que nasceu para sorrir à humanidade.

Alguns séculos depois, Francisco de Assis encena na celebração da Eucaristia da noite de Natal, o mistério do nascimento de Jesus com a participação dos seus irmãos, das famílias e do povo. Este acontecimento inspirou os cristãos a construir em cada Natal o presépio, que evoca o nascimento de Jesus de acordo com a narração do Evangelho. No presépio não podem faltar os anjos a cantar, a estrela a brilhar, os pastores a guardar os rebanhos, e ao receber a boa nova do Anjo, partir para oferecer a Jesus os seus presentes.

Tantas outra figuras femininas e masculinas fazem parte da harmonia do presépio, sem esquecer os reis magos, que embora vindos de longe já tinham começado a fazer o caminho e tantas outras figuras que faziam do presépio, o centro aglutinador da nossa vida espiritual. Jesus sorri no presépio e nós, encantados como os pastores também queremos adorá-Lo. Todo o ambiente, mesmo sem as luzes, as prendas e a música falava de um tempo novo. O Advento terminou, uma mensagem de paz e de vida nova foi cantada pelos anjos, que anunciam um novo dia. Tudo é belo no Natal e o presépio deve ser feito com ternura e amor, apontando sempre para o essencial da vida e a verdadeira missão da família. Convido os cristãos, a vivermos a novena do Menino Jesus enriquecida pela oração e pela verdadeira conversão interior.

Deste modo preparamos o nascimento de Jesus através de gestos novos de partilha e de solidariedade, quer a nível pessoal, familiar e eclesial.

Peçamos a Jesus, Maria e José o dom da paz para cada ser humano, as famílias, as instituições e os povos mais necessitados deste dom messiânico.

Desejo a todos votos de um Santo e feliz Natal com Jesus, Maria e José.

 

† António Luciano,
Bispo de Viseu
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