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Observatório Pastoral

 

A desconexão com outros seres humanos potencia sentimentos de solidão, desamparo, desesperança, o questionamento da existência, o propósito e sentido na vida… é uma das principais fontes de sofrimento humano segundo Viktor Frankl, psiquiatra e filósofo. Podemos sentir-nos desconectados de nós e dos outros, num “eu” solitário e isolado. Mas, numa perspetiva mais ampla, quem somos pode ser algo mais, mais amplo que o cérebro, maior até mesmo do que o corpo. No IntraConnected, um livro lançado em finais de 2022, Dan Siegel, Psiquiatra e Professor Universitário, explora a ideia “Eu + Nós”. A interconexão do eu com os outros e com o mundo ao nosso redor, ao encontro da filosofia Ubuntu, “eu sou porque nós somos“, enfatiza a interconectividade e a interdependência das pessoas, a importância da colaboração, da empatia e do apoio mútuo para a construção de uma sociedade saudável e harmoniosa.

A partir da ciência da interconectividade, que aprofunda a compreensão de como as diferentes partes de um sistema ou organismo estão interconectadas e, como essas conexões afetam o funcionamento do sistema como um todo, ou seja, nenhum sistema pode ser compreendido de forma isolada, numa visão integrada e holística do mundo e das pessoas. Nesta perspetiva, o “eu” não é apenas uma construção individual, é também moldado pelas nossas relações e conexões com os outros. Em suma, a nossa identidade é uma construção dinâmica e em constante mudança, influenciada pelo nosso contexto social, o “nós”, e só somos inteiramente, se formos “nós”. A título de exemplo, as nossas relações familiares podem afetar nossa autoestima e autoconfiança, enquanto as nossas relações profissionais e de amizade podem influenciar nossos objetivos e ambições. As normas culturais e sociais também afetam como as pessoas se percebem e como são percebidas por outros, podendo ter impacto positivo na concretização dos objetivos e eficiência dos processos de tomada de decisão, pelo suporte, perspetivas adicionais e uma rede de relações significativas. O sentimento de pertença a uma comunidade ou grupo fortalece a nossa autoestima e resiliência, aumenta a nossa capacidade de enfrentar desafios e superar obstáculos, oferecendo um sentido de identidade e propósito. Estas conexões e relações fornecem um forte suporte emocional e psicológico, valioso no combate à solidão e vazio, um dos maiores desafios societais deste século.

Porque somos algo mais profundo do que a nossa mera existência física, um produto das relações interpessoais e do ambiente, que moldam a nossa identidade, determinando como nos relacionamos com o mundo. Não somos apenas um ser isolado, mas sim uma parte da teia complexa de conexões que formam o todo da existência. Desta forma, não estamos sós porque eu sou algo mais do que sou, eu sou “Eu+Nós”.

 

Marisa Marques; Rosa Silva – PES Viseu, Pastoral de Ensino Superior
CategoryDiocese, Pastoral

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