Maria a mulher da escuta e da disponibilidade interior respondeu à mensagem do mensageiro celeste, o Arcanjo São Gabriel com as seguintes palavras: “Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 37,38).
A vida de Maria, a “Cheia de Graça”, está agora na direção plena da busca do sentido de Deus, para construir o seu projeto de mulher, de mãe de Jesus e da humanidade num horizonte da esperança e de fidelidade.
O ícone da Anunciação de Maria inaugura a “plenitude dos tempos” (Gal 4,4), isto é, o cumprimento das promessas feitas por Deus aos nossos primeiros pais. O “Sim” de Maria convida cada batizado como cristão a imitar as virtudes da Mãe de Jesus, dizendo sempre sim a Deus e à Igreja com todos aqueles que são chamados a ser “discípulos missionários”.
A disponibilidade de Maria assenta na experiência da fé em diálogo com Deus e com os irmãos. O “Eis” de Maria, questiona a nossa resposta e é uma entrega incondicional ao serviço de Deus e ao seu projeto de salvação. O dizer sim a Deus, “o aqui estou Senhor” para te seguir e dizer “Sim” como Maria, requer uma tomada de consciência lúcida de todo o nosso ser, em busca de uma entrega em fidelidade e disponibilidade. “Faça-se em mim a vontade do Pai”.
O Sim de Maria transformou a história da humanidade abrindo a porta estreita para o caminho novo da história da salvação. O Filho de Deus fez-se homem porque encarnou no seio de Maria.
Retomando a expressão de São João: “o Verbo fez-se carne” (Jo 1,14), a Igreja chama a este mistério “Encarnação” ao facto de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana, para nela levar a efeito a salvação. “Por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos Céus; e encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem” (CIC, 456).
O Verbo fez-Se carne para nos salvar, reconciliando-nos com Deus: “Foi Deus que nos amou e enviou o seu Fi- lho como vítima de expiação pelos nossos pecados” (1Jo 4,10).
O Verbo fez-Se carne, para que as- sim conhecêssemos o amor de Deus: “Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele” (1 Jo 4,9).
O Verbo fez-Se carne, para ser o nosso modelo de santidade: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29).
O Verbo fez-se carne, para nos tornar “participantes da natureza divina (2 Pe 1,4). Somos filhos no Filho e, da sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça.
Maria aparece-nos no caminho para a Páscoa como a Nova Eva, a Cheia de Graça, que oferece com o seu “Sim” ao mundo o Salvador Jesus Cristo, concebido pelo Espírito Santo no seu seio virginal.
Ao iniciarmos a Quaresma em quarta-feira de cinzas, como caminhada espiritual para a Páscoa da Ressurreição do Senhor a Igreja convidou-nos a fazer um propósito quaresmal e a programar um itinerário de conversão interior assente nos pilares essenciais da espiritualidade cristã: na escuta da Palavra de Deus, na vivência dos Sacramentos, na oração, no jejum, na esmola e na prática da caridade.
A notícia da morte do Comendador Rui Nabeiro, proprietário da Delta Ca- fés, chamado “pai dos pobres”, colocou a Vila Alentejana de Campo Maior, terra natal de santa Beatriz da Silva, fundadora das Irmãs Concepcionistas Franciscanas da Imaculada Conceição mais uma vez em destaque.
Quando fazemos da vida uma presença de caridade junto do próximo, o nosso serviço é um cuidar permanente da pessoa humana à maneira de Jesus Cristo. Durante estes dias os meios de Comunicação Social fizeram notícia da vida e do exemplo de um homem, um cristão e um empresário que pôs em prática a Doutrina Social da Igreja. Que Deus o recompense pelo seu testemunho de vida na família, na Igreja, na administração, nas empresas, na sua relação com os operários e com todas as pessoas, principalmente os pobres que foram uma das marcas da sua vida. Damos graças a Deus pelo seu caminho quaresmal rumo à Páscoa definitiva na glória de Deus, onde foi chamado agora a participar do banquete do Cordeiro.
No sábado passado tive a alegria de receber na Casa Episcopal, um grupo de crianças e adolescentes de uma paróquia da Diocese de Viseu, que acompanhadas pelas suas catequistas e seus pais vieram entregar ao senhor Bispo uma quantia avultada em dinheiro, fruto da renúncia das festas de Natal e do canto das Janeiras e dos Reis para oferecer aos irmãos da Ucrânia vítimas da terrível guerra sangrenta, que persiste em destruir aquele povo mártir.
Quero agradecer-lhe em nome do povo Ucraniano este gesto tão bonito. Que Deus Nossa Senhora e São José vos recompense por um gesto de partilha quaresmal tão rico de significado. Que Deus vos abençoe a todos, à vossa paróquia, ao vosso pároco, às vossas catequistas, aos vossos pais e a todas as crianças, adolescentes e jovens que frequentam a catequese na vossa paróquia. Um obrigado a todos e lembrai-vos sempre, “quem dá aos pobres empresta a Deus”.