Cristo, nosso cordeiro Pascal, foi imolado.
A luz de Cristo Ressuscitado ilumine sempre a nossa vida e a da Igreja.
Só o Ressuscitado pode dissipar todas as trevas da nossa vida e afastar do nosso coração os medos, destruindo todos os males.
Peçamos, nesta noite, esta luz e esta graça para o mundo em que vivemos, porque a Páscoa obriga-nos a uma mudança de rumo, de orientação de vida, para seguirmos o caminho do Ressuscitado.
O anjo disse às mulheres: “Não tenhais medo; sei que procurais a Jesus, o Crucificado. Não está aqui: ressuscitou, como tinha dito”. As mulheres, cheias de temor e de alegria ao ouvirem estas palavras, ficaram cheias de admiração e vão anunciar aos discípulos que Jesus Ressuscitou. Estes devem deixar a cidade, o lugar do sepulcro vazio, o conforto de Jerusalém, para partirem em direção à Galileia, ao lugar onde aconteceu o primeiro encontro, o primeiro chamamento, o lugar da missão pascal: “Ide avisar os meus irmãos que partam para a Galileia. Lá Me verão” (Mt 28,10).
O Papa Francisco convida-nos a todos, nesta Páscoa, ao encontro com Cristo Ressuscitado e a voltar à nossa Galileia, à do primeiro chamamento e encontro, onde podemos anunciá-Lo, adorá-Lo, amá-Lo e servi-Lo na alegria e esperança na vida nova nascida na noite da Páscoa.
A Vigília Pascal, sinal do novo dia sem ocaso, ilumina com a luz verdadeira toda a humanidade e orienta a nossa vida para a centralidade da Páscoa em Cristo Ressuscitado e para os Sacramentos da Iniciação Cristã.
Adoremos o Senhor que por nós morreu na Cruz e foi sepultado. Ele está vivo! Ressuscitou e venceu a morte e o pecado. O sepulcro está vazio! Ele é o vivente e ressuscitou para nós sermos criaturas renovadas, nascidas da vida nova da Páscoa pela graça do sacramento do Batismo.
Jesus Cristo, o vencedor da morte e do pecado, desceu aos infernos para libertar todos os que se encontravam nas regiões sombrias da morte; foi ao encontro de Adão e libertou-o, dando-lhe a vida nova. Ele é o vencedor, o libertador da morte e de todas as mortes. Ele venceu! Nós com Ele também venceremos todos males que afligem e destroem a nossa humanidade.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, destruidora da paz e harmonia entre os povos, leva-nos, nesta noite santa, a pedir a Cristo Ressuscitado o dom da sua paz. Como é possível um cenário de guerra tão longo, doloroso, cheio de sofrimento humano, de destruição de casas e bens, de separação de pessoas e famílias. Lembremos as famílias que não têm casa e perderam o trabalho, a sua dignidade como pessoas, marcadas pelo luto contínuo, numa experiência de guerra, de violência e de medo, que teima em não acabar. Olhemos para todos os que continuam em túmulos abandonados e esquecidos à espera da luz da ressurreição.
Olhemos para o imenso número de refugiados, deslocados, famintos, pessoas com tantas dificuldades e necessidades básicas, ansiosas por celebrar a Páscoa com as suas famílias. Não esqueçamos o número de tantos irmãos espalhados pelo mundo que continuam a sofrer os horrores da paixão e da morte de Jesus, à espera de celebrar a Páscoa, que tarda em chegar. Anunciemos o dom de vida nova em Jesus Ressuscitado: “A paz esteja convosco”!
Aquele que morreu e ressuscitou é agora o companheiro de viagem dos cristãos, como foi dos seus discípulos em Jerusalém e pela estrada de Emaús.
Os discípulos reconheceram-no na saudação: “Não temais, sou Eu…“. “A Paz esteja convosco!” E reconheceram-no na explicação das Escrituras, na presença amiga e no partir do pão. Do sepulcro vazio irrompeu a vida nova do Ressuscitado de onde brota a esperança com mais certeza e profundidade. A confiança no Ressuscitado convida a Igreja a produzir frutos novos vida dos batizados, que serão motivo de festa, de alegria e de esperança para a comunidade.
A Luz que se acendeu na nossa vida, no dia do nosso Batismo, é a mesma luz que se acendeu nesta noite Santa na Vigília Pascal, mãe de todas as Vigílias da Igreja. É a luz de Cristo Ressuscitado, que brilha e ilumina a terra inteira.
Pelo Batismo, somos participantes do mistério Pascal de Jesus e tomamos parte na sua morte e ressurreição. “Fomos sepultados com Cristo pelo Batismo, por uma morte semelhante à dele e ressuscitamos por uma vida nova semelhante à sua”. Jesus, ao morrer por nós, destruiu o pecado, e ressuscitando, venceu a morte e o pecado, e ofereceu-nos a vida nova, para com Ele aspirarmos às coisas do alto.
Assim, como um dia fomos mergulhados nas águas do batismo para morrer para o pecado e nos tornarmos filhos de Deus, também agora, lavados e purificados, sairemos das águas novos, revestidos da vida nova de Cristo Ressuscitado.
A riqueza dos textos bíblicos da Vigília, que acabámos de escutar, ajudam-nos a saborear a riqueza da história da salvação desde a Criação à libertação do Povo de Israel da escravidão do Egito, e as maravilhas feitas em favor do seu povo através dos santos patriarcas e profetas, que conduziram o povo escolhido ao mistério da Ressurreição de Jesus, onde culminou a Redenção.
Jesus Cristo Ressuscitado não morre mais. Por isso celebremos a Liturgia Batismal cantando as ladainhas, benzendo a água e renovando as promessas do nosso Batismo. Depois, com alegria, batizaremos a Giovanna, que vai tornar-se filha de Deus. Damos os nossos parabéns aos seus pais e padrinhos e pedimos-lhes para ajudarem esta criança a fazer o seu caminho de fé como cristã. Que em Cristo Ressuscitado sejamos todos os dias testemunhas da vida cristã nascida no mistério pascal.
Santas Festas Pascais em Cristo Ressuscitado, com a alegria do ramo florido da amendoeira, sinal da primavera, da pureza, da grande bênção, que Cristo Ressuscitado nos concede a todos nesta Páscoa. Que a Senhora da Alegria, a Mãe do Ressuscitado, afaste dos nossos corações as tristezas causadas pelos sofrimentos da vida presente.
Desejo a todos Boas Festas, cristãos e pessoas de boa vontade, aos que nos visitam na Páscoa, aos responsáveis pelo governo dos povos, às instituições, ás pessoas e estruturas eclesiais que cuidam dos idosos, dos doentes e das crianças: anunciem o Ressuscitado a todos. Uma Santa Páscoa às famílias, crianças, adolescentes e jovens, de modo especial aos que peregrinam em caminhada para a JMJ.
Uma Festa de Páscoa abençoada em Cristo Ressuscitado, na alegria, na esperança, na comunhão e na missão da construção da verdadeira paz, ao alcance de todos os povos.
Viseu 8 de abril de 2023
D. António Luciano, bispo de Viseu