O desejo é a condição de todo o projeto e de toda a esperança humana. O sonho alimentado pelo desejo percorre caminhos novos mesmo no meio das dificuldades e das tribulações. Há desejos inacabados, que nunca se tornam realidade.
“Ele faz-nos sair de nós mesmos. Ele empurra-nos para ver alhures, para encontrar outras realidades. Somos finitos e não somos perfeitos. Se fôssemos perfeitos corríamos o risco de nos fecharmos em nós mesmos numa suficiência que não tem necessidade do outro. Ora, a nossa imperfeição humana e espiritual ativa em nós uma busca de plenitude com os outros. O desejo convida-nos a viver encontros em que saímos da solidão ou do isolamento para crescer com os outros” (A vocação do padre perante as crises, p. 192).
Na tradição bíblica vê-se muitas vezes a tensão entre o desejo de Deus, de o procurar e a realidade de o viver e possuir como dom de salvação. Lembremos o salmista para compreender melhor esta tensão: “Senhor, sois o meu Deus, desde a aurora Vos procuro. A minha alma tem sede de Vós. Por Vós suspiro, como terra sequiosa sem água. (Sl 63 [62], 2).
É próprio de quem tem fé ter o desejo de procurar Deus e de o encontrar na vida cotidiana.
Todo o cristão deve desejar viver a comunhão com Cristo. Em cada dia fazemos memória de um único amor. Jesus dá a sua vida por nós na Eucaristia: “Tomai todos e comei, isto é o meu Corpo entregue por vós”. Devemos desejar ser como Cristo, fazendo a vontade do Pai e entregando-nos sempre a Ele nos momentos de alegria, de esperança e de tristeza.
Confiemos em Jesus que dá sentido à nossa vida, no desejo de o amar sempre mais e melhor e de lhe dar o nosso tempo à semelhança de Maria, a Mãe de Jesus e da Igreja.
Nas horas de alegria, de dificuldade e de provação saibamos colocar no regaço de Maria a nossa vida para que cuide sempre de nós.