Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

A comunicação é sempre um dom de Deus. Deus comunica-se no amor e pelo amor. A Trindade Santíssima, mistério divino de vida é por sua natureza a comunicação do amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

O amor salvífico de Deus é o fundamento da revelação cristã e da vida sobrenatural nas almas. A comunicação de Deus ao dar-se a conhecer ao povo de Israel, o seu povo eleito e na plenitude dos tempos por seu Filho Jesus Cristo, nascido de uma mulher, a toda a humanidade é o maior acontecimento da comunicação divina.

Jesus inicia a pregação do Reino, fazendo um “convite ao arrependimento e à conversão” (Mc1,1) e depois chamou os apóstolos, os discípulos e dirigiu-se à comunidade cristã nascente de Jerusalém comunicando-lhes a graça do Espírito Santo. Depois convidando os apóstolos e os discípulos e dá-lhes a missão ir pelo mundo inteiro anunciar o Evangelho a toda a criatura.

A comunicação realizada pela Igreja baseada na experiência da fé, no diálogo intercultural, na evangelização, na catequese, na liturgia e na caridade são a grande resposta do amor de Deus a todo o ser humano e a toda a humanidade.

Saber escutar, comunicar e dialogar é uma arte. Maria de Nazaré viveu esta experiência em toda a sua vida de jovem, mulher, esposa, mãe e crente. Ao celebrarmos a Festa da Natividade de Nossa Senhora, sinal de esperança para o mundo inteiro e aurora da nova humanidade, queremos pedir-lhe o dom de saber escutar a Deus e de O comunicar bem ao mundo na Palavra do Evangelho e nas obras.

Neste mês de setembro celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz e ainda a memória do Santíssimo Nome de Maria, das Sete Dores da Santíssima Virgem e de Nossa Senhora das Mercês.

Não esquecendo a festa do publicano São Mateus e dos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael.

Este é um tempo privilegiado para renovar a fé cristã e crescer na imitação das suas virtudes de Nossa Senhora pela oração, pela fé, pela esperança e pela caridade sólida e fraterna.

Como Maria todos somos chamados enquanto cristãos a fazer este caminho espiritual empenhados no compromisso e na missão de juntos, sermos a verdadeira Igreja a fazer o caminho sinodal.

Este dinamismo de participação, de missão e comunhão na relação com Deus e com os irmãos é uma grande atitude interior, que nos leva à experiência da autêntica conversão pessoal e da renovação pastoral na Igreja. Isto é muito importante na programação e ação do novo ano pastoral para que inicie como projeto de renovação e com as motivações pastorais vindas das interpelações do Papa Francisco na JMJ.

Tudo isto deve acontecer na vida de cada um de nós, nas nossas comunidades marcando o ritmo do nosso caminhar juntos, empenhados na realização de um mesmo projeto renovador e inovador capaz de responder às necessidades da Igreja e do mundo de hoje.

Quando todos, cristãos e pessoas de boa vontade, percebermos que a revelação é a comunicação de Deus à humanidade numa relação de proximidade com o outro, a comunicação será então um dom para todos.

A comunicação na Igreja remete-nos à comunhão com o Deus uno e trino, fonte de amor, de perdão, de graça e de misericórdia para com todos, condições requeridas para um verdadeiro tempo de escuta e de diálogo em caminho e missão sinodal.

Quando se dá a conversão pessoal e comunitária e os agentes de pastoral vivem uma espiritualidade cristológica centrada na revelação divina e trinitária, a eclesiologia de comunhão e a antropologia cristã assenta numa verdadeira paixão missionária, que é simultaneamente caminho sinodal e serviço direcionado para Deus e para o seu povo.

O Verbo encarnado ao comunicar-se manifesta a grandeza, a profundidade e a beleza do amor de Deus revelado à humanidade. É próprio do ser de Deus, ser relação, comunicar-se. Dizer Deus é trazer à luz uma relação de amor trinitário que em todas as obras criadas comunica o bem. “Da sua plenitude todos nós recebemos”.

A obra criada canta, bem diz o Senhor e mostra a grandeza e a luz de Deus presente nas suas criaturas. Maria a mulher da escuta, do diálogo, do discernimento, da comunicação e do serviço é também a Virgem do louvor.

Exultemos pelo mistério da Natividade de Maria, alegramo-nos com o seu nascimento, façamos festa porque surgiu a aurora de um mundo novo. Aprendamos a viver como Maria, que é sempre para os cristãos modelo de escuta, de diálogo, de fé, de oração, de louvor, de comunicação e de serviço. Caminhemos juntos em Igreja com Maria, na vivência, contemplação e discernimento do verdadeiro e necessário caminho sinodal que todos devemos fazer.

 

† António Luciano,
Bispo de Viseu
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