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Observatório Pastoral

 

Pressionados pelas necessidades do momento, temos procurado adaptar os pastores ao rebanho. Multiplicamos iniciativas e serviços. O desgaste aumenta e as alternativas escasseiam.

As celebrações da Palavra não podem ser vistas como substituição da Eucaristia. Daí que só a título excecional possam servir. Como adverte Walter Kasper, esta não é uma solução de futuro porque «desconhece que o preceito dominical não é uma embalagem vazia que se possa preencher com diversos conteúdos; trata-se de um compromisso interno, da necessidade interna que todo o cristão tem de celebrar o dia do Senhor, como “pequeno dia de páscoa”, através da Eucaristia».

Partilhar sacerdotes entre dioceses e países poderá ajudar conjunturalmente a resolver certos problemas, mas, como nota Walter Kasper, «nem sempre os resultados são os melhores, razão pela qual esta não serve como solução geral». Até porque a vitalidade de uma Igreja se afere, em primeira instância, pelo surgimento de vocações.

Isto significa que não basta adaptar os pastores ao rebanho. É necessário adaptar também o rebanho aos pastores. Se os pastores são menos, cabe-nos agilizar o rebanho para que, sem desgaste e com eficácia, ele possa estar, o mais possível em contato com os pastores. De resto, porque é que a mobilidade só há de estar do lado dos padres? Será que as pessoas, que se deslocam para todos os lugares, não poderão deslocar-se também para os centros de culto?

Uma solução duradoura, ainda segundo Kasper, consistirá na constituição daquilo a que chamamos centros espirituais em forma de igrejas centrais. Na sua maioria, «serão paróquias centrais, mas também poderão ser mosteiros ou casas religiosas, lugares de peregrinação ou centros pastorais. Tais centros congregariam todo o povo de Deus como corresponde à essência de uma única Eucaristia; teriam de juntar todos os cristãos de uma região e de estar abertos a todos».

Em vez de dispersar energias para assegurar o mínimo em diversas comunidades, optar-se-ia por concentrar o máximo (de pessoas e de vitalidade) num destes centros espirituais. Desde logo, continuo a seguir W. Kasper, teria de haver uma rica vida litúrgica: além da Eucaristia, haveria Vésperas, adoração para todo o género de pessoas. Para lá do serviço de confissões e de aconselhamento espiritual, haveria catequese e formação de adultos, ajuda social e caritativa. É claro que toda esta reestruturação só é exequível a longo prazo. Tratar-se-ia, contudo, de um processo de concentração em torno do único centro: a celebração comum da Eucaristia.

Temos de ter presente que «a paróquia territorial tradicional já não corresponde, na maioria dos casos, ao espaço vital das pessoas». O ambiente circundante destes centros não poderia ser esquecido. Deverão formar-se novas comunidades: círculos domésticos, círculos de oração, círculos bíblicos, grupos de jovens, de amizade, abertos a pessoas que procuram, que se inquietam, que se interrogam. «São biótipos da fé e laboratórios de uma nova cultura marcada pelo Evangelho». (…)

Foi assim que começou a primeira evangelização da Europa.

 

Pe. João António Pinheiro Teixeira
In “Continuará o Concílio atual?”, Gráfica de Coimbra
CategoryDiocese, Pastoral

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