Observatório Pastoral
«É o próprio Senhor Jesus Cristo que, presente na sua Igreja (cf. Mt 28,20), precede a obra dos evangelizadores, a acompanha e a segue, fazendo frutificar o trabalho. Aquilo que aconteceu nas origens do cristianismo continua ao longo de toda a história.
No início do terceiro milénio, ressoa, ainda no mundo, o convite que Pedro, juntamente com o irmão André e os primeiros discípulos, escutou do próprio Jesus: “faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca” (Lc 5,4). E, depois do milagre de uma grande pesca, o Senhor anunciou a Pedro que se tornaria “pescador de homens” (Lc 5,10)».
Falar de Missão já por si é uma tarefa de grande entrega e fidelidade a Cristo que constantemente nos convida a sermos firmes no Seu seguimento. A Missão ad gentes é no seu cerne a missão de todos os cristãos para os que não conhecem Cristo e não têm fé.
O Papa Bento XVI no seu discurso aos participantes na assembleia ordinária do Conselho Superior das Pontifícias Obras Missionárias de 2011 referia: «Por conseguinte, é necessário prosseguir com renovado entusiasmo a obra da evangelização, o anúncio jubiloso do Reino de Deus, que em Cristo veio no poder do Espírito Santo, para conduzir os homens à verdadeira liberdade dos filhos de Deus. É preciso lançar as redes do Evangelho ao mar da história para guiar os homens rumo à terra de Deus». Na sua mensagem o Papa, sublinha que a “missão de anunciar a Palavra de Deus é tarefa de todos os discípulos de Cristo, como consequência do seu batismo” (Exort. ap. Verbum Domini, 94). Mas para que haja um decidido compromisso na evangelização, é necessário que cada cristão, assim como a comunidade, creiam verdadeiramente que “a Palavra de Deus é a verdade salvífica da qual cada homem precisa em todos os tempos” (VD, 95). Se esta convicção de fé não estiver profundamente radicada na nossa vida, não poderemos sentir a paixão e a beleza de a anunciar. Na realidade, cada cristão deveria sentir sua a urgência de trabalhar pela edificação do Reino de Deus. Tudo na Igreja está ao serviço da evangelização. Todos devem estar comprometidos na missio ad gentes: Bispos, presbíteros, religiosos, religiosas e leigos.
Quem anuncia o Evangelho «deve permanecer sob o domínio da Palavra e alimentar-se dos sacramentos, seiva vital da qual dependem a existência e o ministério missionário» (VD, 95). É nesta alegria que eu todas as vezes que celebro a Santa Missa me entrego nos braços deste Ide, que não indica terminus, mas acolhimento e doação a todos os que não sentem nem vivem esta Paz e Presença de Deus-Amor que somente nos dá coisas belas.
A Missão ad gentes é de todos e para todos. Queiramos nós, com as nossas dificuldades, mas sobretudo, com as nossas alegrias, sentirmo-nos e sermos verdadeiros missionários, porque o somos já desde o Batismo, sabendo que Aquele que nos envia, também está e vai connosco em missão. A missão consiste não somente no proclamar a mensagem do Evangelho, mas também, no dar testemunho de vida.
Termino, assim, este disserto com as encorajadoras palavras de Dom António Marto, Bispo Emérito da Diocese de Leiria-Fátima, sobre o ser e viver a missão: «Não há missão eficaz senão dentro de um estilo de comunhão. Trabalhai menos. Trabalhai melhor. Trabalhai mais unidos. Rezai mais e mais unidos no mesmo Senhor Jesus!».