“É preciso que Jesus Reine!” (1Cor 15,25). Cristo reina servindo a Igreja e a toda a humanidade em busca de libertação. Estas palavras de São Paulo desafiam-nos a viver unidos a Jesus Cristo, com Ele escondidos no mistério, buscando o Seu Reino de justiça, de paz e amor.
Num caminho de santidade assim se expressava o Venerável Servo de Deus, D. João de Oliveira Matos, Bispo Auxiliar da Guarda: “Fazei-o pois reinar pelo vosso amor, por vós e pelos que o ofendem e maldizem. Trabalhai para que Jesus tenha mais amigos e reparai pelo vosso apostolado, sobretudo da oração e da mortificação. Orai muito, orai todos os dias. Há tanta falta de oração! Não sejais egoístas, porque quando chegar o dia das contas, se não aproveitardes as grandes graças que Deus vos tem concedido mais do que a outras almas, sereis condenadas” (Sanches de Carvalho, Um Bispo para o nosso tempo, vol II. p.163-164).
É preciso pedir e rezar para que o Reino de Deus venha ao nosso coração, às famílias, às crianças, aos adolescentes, aos jovens, aos adultos, aos pecadores, aos doentes, aos pobres, como Jesus pregou no Evangelho e explicou de forma admirável nas parábolas do Reino.
O último livro da Bíblia termina dizendo: “Vem Senhor Jesus” (Ap 22,20). A graça do Senhor Jesus seja com todos os santos. Amém” (Ap 22,21). Insistentemente devemos pedir na oração a vinda do Reino de Deus. “O projeto de Jesus é instaurar o Reino de Seu Pai; por isso pede aos Seus discípulos: “Proclamai que o reino do Céu está próximo” (Mt 10,7).
A proposta do Reino de Deus (cf. Lc 4,43); trata-se de amar a Deus, que reina no mundo para nos salvar. “Na medida em que Ele conseguir reinar entre nós, a vida social será um espaço de fraternidade, de justiça e de paz, de dignidade para todos” (EG 180). O Reino de Deus chama-nos a um caminho de santidade, humildade e de simplicidade, pois como disse Jesus, dos mais pequeninos é o Reino dos Céus.
O Reino de Deus não é deste mundo, mas já está presente no meio de nós, como o fermento que leveda a massa. São Marcos ao anunciar a Boa Nova do Evangelho afirma: “Cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus: convertei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 15). A conversão interior e a fé são dois elementos fundamentais para fazer parte do Reino de Deus.
Jesus ao ensinar a oração do Pai-Nosso, disse: “Pai, santificado seja o teu nome, venha o teu reino” (Lc 11.2). É preciso rezar ao Espírito Santo para que o Reino de Deus cresça e se renove na vida de todos os batizados.
Ao celebrarmos o final do Ano Litúrgico, na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, todos somos convidados a fazer parte do Reino de Cristo e com Ele reinarmos, servindo o Seu Reino de amor e de paz.
Meditando na narração da Paixão de Jesus, observamos o modo singular como alguns entendem a sua realeza. Pilatos interrogou Jesus: “Tu és o rei dos judeus?”. Ele respondeu-lhe: “Tu o dizes” (Mc 15,2). São Mateus lembra-nos que no momento da Paixão, diante de Jesus com uma coroa de espinhos na cabeça “ao ajoelhar-se diante dele, escarneciam-no dizendo: “Salvé, ó rei dos judeus!” (Mt 27, 29).
Tudo é tão estranho diante de um Rei que veio para dar a vida na Cruz e salvar, que o ladrão arrependido diz: “Jesus recorda-te de mim quando fores para o teu reino” (Lc 23,42). Ele disse-lhe hoje estarás comigo no paraíso.
Durante o interrogatório da condenação Jesus respondeu a Pilatos: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que não fosse entregue pelos judeus. Mas o meu reino não é daqui. Disse-lhe, então Pilatos: “Portanto, Tu és Rei?” Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isto nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18, 36-37).
Jesus Cristo, Senhor e Rei do Universo, espera dos fiéis toda a honra e todo o louvor. “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e a bênção!” (Ap 5,12). Todas as criaturas no céu e na terra o louvam sem cessar, exclamando: “Aquele que está sentado no trono e ao Cordeiro a bênção, a honra, a glória e o domínio por todos os séculos. E os quatro viventes diziam: Amém!” E os anciãos prostraram-se em adoração” (Ap 5, 13-14).
Que a Solenidade de Cristo Rei do Universo, o dia do Apostolado organizado na Igreja, os Movimentos Eclesiais, a Celebração da Jornada Mundial da Juventude a nível Diocesano, nos ajudem como Igreja Particular a viver o programa preparado para todos os fiéis: pastores, consagrados e leigos. Na Catedral pela manhã e de tarde no Colégio da Via-Sacra com os jovens, com os que participaram na JMJ, animadores do COD e dos COPs, os casais de acolhimento e os responsáveis dos diversos setores da Pastoral Diocesana, possamos em “comunhão, participação e missão” celebrar com alegria e em ambiente de festa a apresentação do Programa Pastoral.
Que Cristo Nosso Rei e Senhor e Sua Mãe, Maria Santíssima, a Rainha da Paz, a nossa Padroeira nos ajude a viver com esperança a construção do Reino de Jesus Cristo, imitando a vida de são José e são Teotónio no serviço a Deus e à Igreja. A apresentação do Programa Pastoral 2023-2026, “Todos, Raízes da Alegria” (cf. Col 2,7), seja um momento de festa e de compromisso para todos. “Que a paz de Cristo reine em vossos corações” (Col 3,15).
† António Luciano,
Bispo de Viseu