Na celebração da Solenidade da Imaculada Conceição, da Bem-Aventurada Virgem Maria, somos convidados a refletir, a meditar e a reconhecer o mistério insondável de Deus, que transformou pela obra salvífica do Pai, do Filho e do Espírito Santo a vida humana da autora do mundo novo, a Senhora do Advento.
Deus concedeu por singular privilégio à vida de Maria, a graça de ser a criatura humana toda possuída de Deus, desde o momento da sua Conceção, por isso a invocamos com o título de Imaculada.
A Aurora da nova criação surge na plenitude dos tempos, quando Maria de Nazaré, a Virgem Imaculada, isenta de todo o pecado, a mulher nova repleta de Deus e mãe de Jesus e da nova humanidade, coopera na obra redentora de Seu Filho Jesus Cristo pela ação do Espírito Santo.
Deus “olhou para a humildade da sua Serva” e sob o olhar de Maria Imaculada, o povo cristão realiza na fé a peregrinação da esperança a caminho da bem-aventurança celeste. Maria, a Imaculada, aparece-nos como figura eminente no Tempo do Advento, como a Mulher da graça, da fé e da esperança que anuncia com a sua beleza e disponibilidade em servir, o tempo novo da graça (Kairos).
“Com um hino do século VIII/IX, portanto com mais de dois mil anos, a Igreja saúda Maria, a Mãe de Deus, como “estrela do mar”: Ave maris stella. A vida humana é um caminho. Rumo a qual meta? Como achamos o itinerário a seguir? A vida é como uma viagem no mar da história, com frequência enevoada e tempestuosa, uma viagem na qual perscrutamos os astros que nos indicam a rota. As verdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoas que souberam viver com retidão. Elas são luzes de esperança.
Certamente, Jesus Cristo é a luz por antonomásia, o sol erguido sobre todas as trevas da história. Mas, para chegar até Ele, precisamos também de luzes vizinhas, de pessoas que dão luz recebida da luz d`Ele e oferecem, assim, orientação para a nossa travessia. E quem mais do que Maria poderia ser para nós estrela de esperança? Ela que, pelo seu “sim”, abriu ao próprio Deus a porta do nosso mundo; Ela que se tornou a Arca da Aliança viva, onde Deus se fez carne, tornou-se um de nós e estabeleceu a sua tenda no meio de nós (cf. Jo 1,14)” (Bento XVI, Salvos na Esperança, nº 49).
Com Maria caminhemos neste Advento na “certeza da esperança”, “cheios de santa alegria” imitando a imagem do futuro da Igreja, olhando para Maria, que visita “cheia de santa alegria” a sua prima Isabel, proclamando o “Magnificat” (cf. Salvos na Esperança, nº 50). Virgem Imaculada indicai-nos assim o verdadeiro caminho sinodal. Brilhai sobre nós e guiai-nos na peregrinação da esperança rumo ao Jubileu do ano de 2025.
Rezemos todos com confiança e um coração em festa a Maria Imaculada e entreguemo-nos como seus filhos à Mãe e Rainha de Portugal.
I maculada, cheia de graça, de ternura, toda pura e bela.
M aria, Nova Eva promessa da nova humanidade redimida.
A nunciada como “Virgem” pelos Patriarcas e Profetas.
C oncebida sem pecado original, morada do Altíssimo.
U nião de comunhão com Deus, envolvida na vida dos fiéis.
L ivrai-nos do mal neste Vale de Lágrimas e sede “Mãe”.
A gora e na hora da nossa queda e no momento da morte.
D ai-nos a graça de vos contemplar gloriosa no Céu.
A beleza visível do Amor de Deus, Encarnado em Maria.
C oncebida sem pecado original, a Cheia de Graça.
O bra de Deus cheia de beleza e de graça divina.
N ascida sem mancha de pecado e isenta de culpa.
C edro do Líbano perfumado, flôr do Carmelo anunciada.
E sperança de uma nova humanidade redimida e salva.
I nterioridade da fé no Deus Altíssimo, luzeiro de santidade.
C ântico de louvor e de ação de graças no “Magnificat”.
A mor elevado pelo Criador à glória Santa da Trindade.
O bra de Deus Criador e Tabernáculo de Cristo Redentor.
António Luciano, Bispo de Viseu