Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

 Voz do Pastor

Cuidar do doente, cuidando das relações…

Cuidar dos doentes de forma empática gera uma relação saudável em todos. O desafio do cuidado leva-nos a criar relações com a pessoa humana doente colocando-a no centro do nosso agir.

Quando na prestação de cuidados faltam os recursos para cuidar e tratar com dignidade os doentes, porque escasseiam os médicos, os enfermeiros, os terapeutas ocupacionais, os assistentes sanitários, os capelães, os assistentes espirituais, os voluntários e os familiares, não é possível responder às necessidades fundamentais dos doentes, nem humanizar as relações.

As dificuldades sentidas hoje pelas instituições, tornam-se um obstáculo à ação dos profissionais de saúde junto dos doentes.

Tomemos como exemplo a falta de uma consulta médica prevista, o adiamento de uma cirurgia, o tempo de espera nas urgências do hospital, etc. Estas situações levam ao cansaço, ao desespero e até à falta de confiança nos serviços e nos profissionais.

 

Transformar as dores e os sofrimentos em alegria e esperança pascal

 O desequilíbrio na gestão dos serviços de saúde pode levar a pessoa humana a sentir um certo mal-estar, que prejudica as relações com a família, os profissionais, as instituições e a comunidade. A libertação da solidão, da angústia, do medo e da dor leva-nos a criar relações fraternas de proximidade com os doentes e a ouvir o grito dos seus queixumes.

O Papa Francisco na sua Mensagem para o Dia Mundial do Doente, partindo do texto bíblico do Génesis, sublinha o seguinte: “Não é conveniente que o homem esteja só” (Gn 2, 18). O Papa vai à raiz antropológica e espiritual do sofrimento humano, que experimenta a solidão e o abandono na sua experiência de cada dia. Daí brota a urgência do tema central da Mensagem: “Cuidar do doente, cuidando das relações”.

Desde o início, da criação, Deus que é amor criou o ser humano para a comunhão e inscreveu no íntimo do seu ser a dimensão relacional como algo de fundamental.

A pessoa humana é um ser sociável chamado a realizar-se num projeto de comunhão e vida, inscrito no seu coração, na sua interioridade, na sua “consciência como sacrário íntimo”, onde a pessoa humana se sente tocada por Deus e chamada a fazer o bem e a evitar o mal (cf. GS 16).

 

A renovação da pastoral dos doentes e da saúde nas comunidades

 A pastoral da saúde e dos doentes é muito necessária para a humanização dos cuidados e para um despertar científico, tendo como horizonte as melhores técnicas, princípios éticos e uma espiritualidade que valorize e promova o respeito pela dignidade da pessoa humana.

Nas nossas paróquias, comunidades e instituições não tenhamos vergonha, nem medo de cuidar dos doentes, pois Jesus disse-nos: “O que fizerdes ao mais pequenino dos meus irmãos a mim o fazeis”.

Neste mundo de guerras e de conflitos com tantas situações de morte, de destruição de cidades e aldeias, de habitações e de bens é difícil viver e realizar um projeto de vida digno e com futuro sustentável.  A falta de meios para cuidar de tantos feridos e doentes, leva o Papa Francisco a afirmar: “A guerra é a mais terrível das doenças”. Olhando para estes quadros de guerra, podemos afirmar que a sociedade está profundamente doente.

O problema dos idosos na atualidade é um grande desafio para a família e a sociedade. “O tempo da velhice e da doença vivido na solidão e, por vezes até no abandono”, afeta milhões de pessoas no mundo inteiro e nós cristãos não podemos ficar indiferentes a este fenómeno.  A Igreja através das suas instituições e serviços e da Pastoral Social deve ser em cada Diocese uma resposta a estas vulnerabilidades.

 

A confiança e a oração como remédios para a solidão e o abandono

 As causas da solidão e a sua cura podem passar por um longo processo de integração humana, psíquica e espiritual onde as relações sadias com o outro são um ponto de partida muito importante.

As diversas formas de desumanização e de falta de relação nos serviços de saúde públicos e privados, levam ao abandono da pessoa humana nas mais diversas situações.

Por isso, a centralidade do cuidado deve estar sempre no acolher com afeto, no amor fraterno e nos princípios éticos da arte de curar e cuidar com proximidade, prestando uma atenção especial aos doentes terminais.

A oração pelos doentes e com os doentes deve fazer parte de um processo terapêutico de cura e de relação onde a espiritualidade aparece como um meio importante para a recuperação da saúde integral. Fixemos um olhar de esperança nos hospitais, casas de saúde e instituições, que acolhem doentes e idosos para que o façam com espírito de caridade e de bem fazer.

Com a proteção de Nossa Senhora de Lourdes, Saúde dos Enfermos, rezemos pelos doentes e idosos, confiemos à nossa boa Mãe a missão de todos os cuidadores, famílias, responsáveis de instituições hospitalares, médicos, enfermeiros, diretores, técnicos de saúde, capelães, assistentes espirituais, cuidadores informais, visitadores, ministros da comunhão e voluntários de modo a criarmos uma rede de profissionais capazes de privilegiar a relação e o cuidar dos doentes.

+António Luciano, Bispo de Viseu

CategoryBispo, Igreja, Papa

© 2016 Diocese de Viseu. Todos os direitos reservados.
Desenvolvimento: scpdpi.com

Siga-nos: