Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Observatório Pastoral

O Concílio Ecuménico Vaticano II começou por ser uma atitude de abertura ao mundo, a todas as procuras de boa vontade, com «verdade» e consequência. Se reconciliar a Igreja com a História é tarefa permanente dos cristãos, atualizar é um movimento imparável, uma dinâmica irreversível. Deus não morreu, mas o homem reencontra-o com as novas formas do mundo plural e globalizado. Não há retorno.

Neste contexto, o Vaticano II não foi só um grito das circunstâncias. Ganhou uma dimensão que o ultrapassa. «Não se trata de pedir novas linguagens para roupa velha». A Igreja assumiu ser Luz das Gentes para anunciar a Alegria e a Paz a cada homem e mulher, sem exceção, crentes de todos os credos e os sem-credo, porque cabe a todas as procuras da Verdade, construtoras de Ética, a permanente atenção às perguntas essenciais deste e de todos os tempos.

Voltamos a viver uma luta por liberdades e direitos. No ar paira uma guerra fria e global de condimentos financeiros, com imprevisíveis efeitos sociais e medo de os enfrentar. Com a tecnologia, sem longe nem distância, a precipitar mexidas em valores considerados intocáveis, temos um caldo cultural inédito.

A religião mantém-se como plataforma de acolhimento para todas as emoções, na Procura de uma razão para as dúvidas eternas. Mas vivemos num laboratório de mudança, ao qual corresponde também um ciclo de mudança da perceção religiosa.

Cinquenta anos depois, os cristãos católicos têm – não só o direito – o dever de assegurar este lugar de Encontro, de questionar para aperfeiçoar opções e reinventar um futuro que não estava, porque não podia estar, ao alcance do Concílio. Foi o Vaticano II que colocou o destino da Igreja nas mãos de todo o povo de fiéis, para o diálogo, por dentro e por fora, na certeza de que o diálogo só faz sentido se promover a renovação necessária das estruturas. Fazer o aggiornamento tem hoje uma dimensão mais ampla e transversal do que a pensada pelo Papa João XXIII.

Há outro apelo à coerência evangélica, num tempo ritmado pela dinâmica mediática: é possível «ser» mensagem de Esperança, abdicando da coragem para a denúncia, da palavra «profética» e lúcida na hora certa, com os meios possíveis, as oportunidades que promovem a ação concreta, renovando a proposta do humanismo cristão?

O passado pode ser tentador, mas uma renovação implica rever as origens sem voltar para trás. Pelas narrativas bíblicas, os cristãos são chamados à rutura em nome de um bem comum – olhar primeiro para os «últimos» – impulsionados por uma «pessoa» que lhes deu um Sentido e se fez mistério de fé nas circunstâncias da história. As primeiras comunidades cristãs abriram-se à Vida com os pés na terra. Capaz de derrubar os impossíveis que atormentam, o primeiro diálogo ecuménico, na história deste «seguimento», foi o da Solidariedade.

Joaquim Franco, jornalista

In Com Franqueza…, Paulinas

CategoryIgreja, Papa

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