A Via-Sacra “Via Crucis” foi vivida, de forma intensa, na noite do passado sábado, dia 23 de março, no Claustro Superior da Sé de Viseu, através dos 14 painéis de arte efémera executados em serradura e sal coloridos, que proporcionaram aos cerca de 80 presentes momentos de grande introspeção.
A organização esteve a cargo do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu que promoveu a sua contemplação, através de meditações elaboradas por pessoas de diferentes áreas de atuação e vivências, intercaladas com declamações de poesia e música. Um político, um padre, um polícia e peregrino, uma mãe cuja filha faleceu com 15 anos, uma professora, uma médica, uma jovem, um elemento da pastoral penitenciária, um vencedor de uma doença grave, um responsável pela JMJ em Viseu, um preso, uma esposa e mãe cujo marido faleceu, um economista e um artista foram convidados a colocar o seu olhar sobre uma das estações e a meditar sobre os seus sentimentos, as suas interrogações e dúvidas, as suas conquistas e perdas. “A ideia das meditações surgiu no âmbito daquela caminhada de sofrimento que Jesus fez e nele projetamos o rosto de muitas caminhadas diferentes, porque todos nós temos as nossas cruzes, com pesos diferenciados, porque há vidas muito difíceis e outras mais facilitadas. Também há formas de encarar esse peso da cruz de diferentes formas, por isso quisemos juntar pessoas com vivências e experiências de vida diferentes, com registos de fé distintos para fazerem uma meditação à luz da estação da Via-Sacra que lhes foi atribuída”, explicou Fátima Eusébio, coordenadora do Departamento dos Bens Culturais.
Para a responsável, “foi uma noite muitíssimo bela”, com a articulação de diferentes vertentes artísticas. “Além da arte efémera, tivemos as meditações e a arte da poesia com a declamação de alguns poemas pelo Projeto_grupooff, aos quais juntámos os cantares da amentação das almas entoados por um grupo da Paróquia de Campo de Madalena, que trouxe “Os Martírios do Senhor”, e o Padre Pedro Leitão que, a partir do claustro inferior, cantou três cânticos. Tudo junto proporcionou uma ambiência muito particular, também com as velas que iluminaram o recinto, resultando numa apresentação sequencial, profunda, tocante e cheia de beleza”, realçou Fátima Eusébio.
O Bispo de Viseu, D. António Luciano, também marcou presença na Via-Sacra, tendo deixado algumas palavras de agradecimento a todos os que meditaram. “Meditar e reviver o sentido da nossa existência, à luz da vida, do mistério, do sofrimento e da morte de Cristo é um motivo de esperança, que encontra as suas raízes no Mistério Pascal”, reforçou.