A Paróquia de Romãs, no concelho de Sátão, vai receber este domingo, dia 26 de maio, a Romaria do Senhor dos Caminhos, que atrai anualmente milhares de devotos, sendo a maior da Diocese de Viseu e uma das maiores romarias da Beira Alta.
Esta festa religiosa já é uma tradição com muitos anos de existência, atraindo pessoas oriundas de várias partes do país, umas com promessas para cumprir, outras simplesmente para agradecer ao Senhor dos Caminhos.
A procissão é o cartão de visita que mantém a tradição do culto a Jesus Crucificado. Imponente e majestosa, como é caracterizada pelos peregrinos, representa a vida de Jesus Cristo desde a anunciação até à morte.
Este ano são esperados entre 7 a 8 mil fiéis. Um número que pode variar de ano para ano, como explica o Padre António José Rodrigues, responsável pela Paróquia de Romãs. “O número varia dependendo da data de realização já que acontece sempre no domingo da Solenidade da Santíssima Trindade, estando a data relacionada com o dia em que se celebra a Páscoa. Quando a festa decorre no mês de maio ou princípio de junho, normalmente a afluência é maior”, refere.
A festividade começa às 9h00 com a oração do terço e confissões para os peregrinos que desejarem. Às 12h30 tem início a majestosa procissão, considerada o ex-líbris desta festa, composta por oito andores em tamanho real, transportados por tratores. “Cada um personifica um mistério da vida de Cristo referido no Evangelho. Saem do centro da aldeia de Rãs rumo ao Santuário, acompanhados por figurinos que encarnam as personagens relacionadas com a história que cada andor representa. São imagens únicas, muito próprias e singulares, à escala humana”, explica o pároco.
A procissão percorre cerca de um quilómetro até ao Santuário, num percurso marcado pela oração do terço e cânticos. Segue-se a missa solene, campal, em honra do Senhor dos Caminhos, com a presença de “um grande mar de gente”.
A missa será presidida pelo Padre António José Rodrigues, responsável pela Paróquia de Romãs há já 13 anos, que revela que o número de fiéis, à exceção do período da pandemia, tem-se mantido. “Há sempre pessoas que repetem todos os anos a sua vinda, um ritual anual e sistemático. Outros vêm pela primeira vez, alguns deixam de vir por razões de saúde, mas por norma quem vem gosta sempre de voltar”, realça.
O próprio espaço tem vindo a ser melhorado, ao longo dos anos, “com a criação de condições mais atrativas, de embelezamento e dignificação do próprio Santuário e espaço envolvente”, nomeadamente através da criação de zonas de lazer, de parques de estacionamento e parques de merendas.
Além das celebrações religiosas, este dia é ainda aproveitado pelos devotos para percorrerem as barracas da tradicional feira e fruírem do arraial musical.
Sobre os factos históricos que estão por detrás desta romaria, o Padre António José Rodrigues diz ser difícil saber exatamente como surgiram porque “muitas vezes a história mistura-se com a lenda”. “Fala-se de um senhor abastado que acolhia os peregrinos que por aqui passavam na segunda metade do século dezanove. Vivia nesta zona, que fica numa trajetória que abrange o percurso da Senhora da Lapa (Sernancelhe) e o caminho para Santiago de Compostela. Um dia terá aparecido morto e foi erguido um pequeno nicho em sua homenagem chamado de Senhor dos Caminhos, sendo conhecido assim por acolher os peregrinos”, conta.
Apesar de não existir uma razão objetiva, tornou-se num fenómeno de crescimento de fé até aos nossos dias e hoje esta romaria faz parte dos roteiros turísticos, sendo que “vêm autocarros de todo o lado”.