O olhar de Maria ilumina o meu coração de crente, na peregrinação espiritual de cada dia. Sinto sempre a sua presença na minha vida… Ela fala-nos em todos os momentos da nossa vida e escuta-nos sempre com ternura, amor e solicitude materna.
Maria oferece-nos o seu Filho Jesus, entrega-O a toda a Humanidade e quando a invocamos como “Estrela da Manhã”, “Estrela do Mar”, a “Flor do Monte Carmelo”, a “Mãe da Igreja” e a “Estrela da Nova Evangelização”, assiste-nos em cada momento nas nossas necessidades e mostra-nos o seu cuidado materno.
Desde criança aprendi na fé, através da oração a contemplar a figura, a missão e a vida de Maria e a deixar-me iluminar pela sua graça, escutando as suas palavras de bênção, nutrindo por Ela uma particular devoção, centrada em Jesus Cristo e na espiritualidade que brota da Sagrada Escritura.
A espiritualidade carmelitana, que brota da oração, da contemplação, do silêncio e das experiências místicas vividas por tantos profetas e santos como São João da Cruz, Santa Teresa de Ávila e os seus seguidores que encontraram neste monte a originalidade da sua profunda relação com Deus e com o próximo.
Foi a partir do monte Carmelo santificado pela presença de Deus e de tantos profetas, que falaram com Ele como Elias e Eliseu, que se tornaram amigos e conhecedores do próprio Deus.
Lembro São Simão Stock, que ali se refugiou como eremita na Idade Média sob a proteção de Nossa Senhora, imitando tantos monges e religiosos, que elegeram este monte como um lugar privilegiado de deserto e de oásis espiritual.
Com a sua paisagem e vegetação exuberante, contemplando a brisa suave e a imensidão do mar Mediterrâneo os profetas e os consagrados chegaram a este lugar sagrado para prestar o verdadeiro culto a Deus, como aconteceu com o povo de Israel. Têm sido muitos aqueles que através da oração, da contemplação e do silêncio procuram acolher neste lugar a mensagem da Virgem Mãe, a Flor do Monte Carmelo.
Este monte revela tudo o que eu gostaria de dizer, escrever e rezar, mas que muitas vezes não sou capaz.
A invocação de Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus e da Igreja, com este título de Nossa Senhora do Carmo carrega em si uma graça e uma força, sinal do testemunho do profeta Elias e de tantos outros profetas, eremitas, monges, religiosos e leigos que escolheram este monte como lugar de eleição para escutar a voz de Deus, falar com Ele em espírito de fé, de confiança e de esperança.
Sob o olhar de Maria, convido todos a celebrar a Solenidade da Dedicação da nossa Catedral de Viseu no dia 23 de julho de 2024, pelas 18,30 horas com a celebração Solene da Eucaristia na Sé e a instituição de dois seminaristas no Ministério de Leitor e Acólito. Todos somos chamados a celebrar em caminho Sinodal a Dedicação da Catedral em “comunhão, participação e missão”, rezando pelos jovens que vão ser instituídos. Convido particularmente os jovens a marcarem presença festiva e agradecida nesta festa por tão grande dom.
Em caminho Sinodal, fazemos tudo para que a Igreja Diocesana seja cada vez mais uma comunidade de chamados animada pelo Espírito Santo.
A Igreja Diocesana continua a fazer caminho dando continuidade ao Plano Pastoral para o triénio 2023-2026 com o tema “Ser Raízes da Alegria”. Ao terminarmos o primeiro ano e em preparação do segundo deixemo-nos enraizar cada vez mais em Cristo, para sermos uma Igreja com dinamismo de participação, a viver a sua vocação com a esperança de uma missão renovada.
A graça de dois jovens seminaristas, o Francisco Ferreira ir receber o Ministério de Leitor e o Tiago Rios o Ministério de Acólito, são um sinal de esperança para toda a Diocese, que desde 2017 não tem ordenações sacerdotais.
Convido a Igreja Diocesana a rezar pelos nossos seminaristas, de um modo especial por estes dois jovens, que com o seu sim e generosidade responderam com alegria ao projeto vocacional rumo ao sacerdócio.
Convido a todos os que estão responsáveis pela Pastoral Diocesana nos diversos setores, para que se empenhem no cuidado das vocações sacerdotais, missionárias, religiosas e laicais.
Faço um apelo a todos: pastores, consagrados, leigos e instituições Particulares de Solidariedade Social e Misericórdias da Diocese, para valorizarem o próximo Dia Mundial dos Avós (26 de julho), criando cada vez mais uma relação sadia entre todos, tecida de fios de ternura e amor para que a “transmissão da fé” entre os avós, filhos e netos seja cada vez mais um dom de Deus e um sinal da proteção maternal de Maria.
António Luciano, Bispo de Viseu