A oração e a consolação ajudam a expressar uma dolorosa sensação que muitos compartilhamos neste momento, devido aos incêndios, que assolam o país nestes últimos dias, e que destroem a vida das comunidades.
As chamas destruidoras contrastam com o cenário de um jardim à beira mar plantado.
De repente, a beleza das cidades, vilas, aldeias e lugares transformou-se num inferno de inquietação, de destruição, de perda, de dor e de morte. A beleza das planícies, dos montes e dos vales revestidos de verde, de vegetação festiva, de vinhedos, de pomares e outras árvores de fruto depressa se cobriram de fogo, de nuvens e de cinza.
Este é um sinal de morte e destruição, de perda de vidas, de tantos bens, incluindo habitações, que puseram tantas famílias no limiar da pobreza e na desolação ao perderem aquilo que demorou anos a construir com muito trabalho, luta e sacrifício, na perspetiva de um futuro melhor.
Como falam os especialistas e técnicos nesta matéria, trata-se de um período meteorológico “excecional” no nosso país, o que potenciou estes incêndios por todo o país, que foram combatidos sem tréguas, “num cenário dantesco e infernal”, visível em fotos e vídeos, transmitidos na comunicação social.
Na Diocese de Viseu, até ao fecho da edição, havia uma vítima mortal a registar, no lugar de Almeidinha, Mangualde, tal como alguns feridos. Com mortos um pouco por todo o país e tantos outros feridos, Portugal está a arder de lés-a-lés. Este fenómeno contrasta com o que se vive em alguns lugares no planeta, nomeadamente no norte da Europa e África, onde as cheias torrenciais estão a destruir bens e a matar pessoas.
O Papa Francisco convida-nos a todos a cuidar do nosso Planeta. Pois precisamos da natureza cuidada para respirar o ar puro, tão necessário à vida, como o pão de cada dia. Peço orações para que estes flagelos terminem e a “Casa Comum” regresse brevemente à normalidade.
Agradeço a todos os bombeiros, proteção civil, GNR, autarcas, voluntários e populares que estão no terreno, pedindo a Deus que os auxilie, nestas horas tão difíceis e de grande provação, e lhes dê força para ultrapassar esta situação tão dramática e sofrida.
Perante estes fenómenos climáticos extremos, devemos ter uma atitude de respeito, de cooperação, de reflexão e de partilha na oração com todos aqueles que partiram e os que perderam os seus bens. Sejamos solidários e fraternos. Que Nossa Senhora, a consoladora dos aflitos, venha em auxílio deste povo que a Ela confia a sua vida e os seus haveres.
A Diocese de Viseu está a acompanhar, com a sua oração, todas as vítimas e todos aqueles que estão empenhados no terreno a combater tão grande flagelo. Está também disponível para ajudar os necessitados, através das suas paróquias e instituições, com os meios ao seu alcance.
Apelo à população que, dentro da serenidade possível, tenha uma atitude preventiva e pró-ativa no combate aos incêndios e que siga as orientações dadas pelas autoridades competentes.
António Luciano, Bispo de Viseu