Luís Fernandes, de 20 anos, nascido na Suíça, mas que cresceu na aldeia de Vila Pouca, freguesia de São Joaninho, concelho de Santa Comba Dão, começou no mês de setembro deste ano a frequentar o Seminário Interdiocesano de São José, em Braga, onde iniciou o ano propedêutico.
O jovem cresceu numa comunidade cristã, tendo frequentado a catequese e integrado o grupo de jovens das paróquias de São Joaninho, Treixedo e Nagosela. Apesar de não ter ninguém na família ligado diretamente à Igreja, foi durante a sua infância que a semente se plantou.
Mas só em 2022, deitado numa cama de hospital, devido a um acidente de trabalho, se interrogou: “E porque não ir para padre?”. “Trabalhava como servente florestal numa serração e depois de ter sofrido um acidente de trabalho, deitado na cama do hospital, é que comecei a ponderar as minhas opções de vida e uma delas foi ir para padre. Informei-me mais e fui ao primeiro encontro do Pré-Seminário. A partir daí, iniciei este percurso que me levou este ano a entrar no Seminário”, conta.
Além do momento de reflexão, Luís Fernandes diz que foi nos livros que encontrou respostas que o ajudaram a tomar a decisão de abraçar este percurso vocacional. “Fui lendo alguns livros que me foram quebrando o preconceito da ideia pré-definida de ser padre que ainda tinha. Num dos livros que li, de um padre de São Joaninho que já faleceu, ele dedicava os tempos livres a fazer aviões para as crianças. Achei muito interessante porque mostrou-me como ser padre não limita as pessoas, mas abre-as para outras perspetivas”, conta.
A vontade de seguir este chamamento tornou-se mais real através dos encontros do Pré-Seminário em que participou. “Foi em 2021 que ouvi falar do Pré-Seminário, através do padre João Zuzarte, quando participei numa missa dele, em Vila Pouca, aldeia de onde eu sou natural, e ao longo do ano de 2023 frequentei vários encontros que se realizavam no primeiro sábado de cada mês, a maioria em Viseu. Este ano participei mais no formato de campo de férias. Durante o mês de agosto estive a fazer voluntariado no Lar de São Joaninho e em setembro entrei no Seminário”, refere.
Uma decisão que diz ter sido tomada com segurança e com normalidade, mesmo quando chegou a altura de contar à família. “A minha família aceitou bem e respeitou a minha vontade”, garante, admitindo que ninguém questionou se era este o caminho certo a seguir. Aliás, admite ser ele próprio a se questionar. “Nós não devemos ter medo de nos questionarmos. Se temos medo de o fazer, com receio que a resposta seja não, no sentido que não é o caminho a seguir, então é porque provavelmente não é. Eu vou-me questionando e até agora a resposta tem sido sempre sim”, garante.
Sobre a experiência que está a ter no Seminário, Luís Fernandes diz estar a ser boa. “Este início está a ser bom, com muita oração e muito estudo”, refere, mas revela que foi sem grandes expectativas, uma forma de estar na vida em todas as áreas. “Não gosto de criar expetativas para não ficar frustrado. Vinha com umas luzes e já sabia que iam ser dias com muita oração e com muito estudo”, diz, acrescentando que o convívio com os restantes seminaristas é positivo, já que “são colegas simpáticos e fraternos, como irmãos”.
Para já, o jovem admite que ainda não pensa no sacerdote que deseja vir a ser, estando apenas “focado num passo de cada vez, dar prioridade aos estudos e resto é o que Deus reservar”. “Estou disponível para as oportunidades que Deus apresentar e seguir o Seu chamamento”, aproveitando agora “para crescer enquanto pessoa, espiritualmente e como aluno”.
O seminarista deixa ainda o desfio aos jovens para irem visitar congregações, conventos e mosteiros, sem medo, que os pode ajudar a conhecer a realidade destes locais.
Atualmente são cinco os jovens da Diocese a frequentar o Seminário, no percurso da sua formação filosófica-teológica: Luís Fernandes, Joel Loureiro, Damião Muanda, Francisco Ferreira e Tiago Rio.
Reitor destaca importância do Pré- Seminário e da Pastoral Vocacional
O Padre António Jorge Almeida, reitor do Seminário Interdiocesano de São José, em Braga, sublinha que “além dos encontros do Pré-seminário serem essenciais para chegar a mais jovens, também o acompanhamento que cada rapaz tem na descoberta da própria vocação, feito pelos pais, catequistas, párocos, entre outros, aos quais os serviços da diocese procuram dar apoio, é muito importante”.
O reitor destaca ainda outra dimensão da pastoral importante que é a da Pastoral Vocacional, como base da pastoral juvenil, profética (catequese) e familiar. “Este novo seminarista é fruto da temporada de pastoral vocacional que aconteceu na zona de Santa Comba Dão no ano pastoral de 2013-2014, de onde o jovem é oriundo. Ali se visitaram as comunidades e as escolas, com testemunhos vocacionais e dinâmicas de reflexão, assim como a oração pelas vocações”, contextualiza.