A preparação litúrgica, espiritual e pastoral do Natal é antecedida por um tempo de graça e de esperança, a que damos o nome de Advento.
A palavra Advento é rica de sentido antropológico e teológico, porque nos fala da vinda do Messias esperado durante séculos. O primeiro Advento termina com a vinda de Jesus, o Salvador do mundo, que nasceu numa noite fria na cidade de Belém.
O Advento que agora vivemos durante quatro semanas ao ritmo da liturgia, para preparar espiritualmente o Natal, situa-se numa fase intermédia, cujo horizonte nos leva a esperar a vinda definitiva de Cristo”.
A espiritualidade do Advento é dinâmica e marcada pelo júbilo de Deus, que vem em cada dia, para se encontrar com o seu povo. A partir da palavra de Deus e das celebrações próprias do Advento, encontramos em Isaías, João Batista, em José e em Maria de Nazaré os protagonistas da esperança, “que não engana”.
Precisamos de valorizar mais o Advento como Escola de alegria, e de esperança na preparação espiritual do Natal de Jesus, realizando projetos e iniciativas capazes de dar sentido à nossa vida, através de gestos de partilha, fraternidade e solidariedade.
Há um conjunto de verbos que devemos conjugar mais no tempo do Advento: vigiar, esperar, orar, acolher, nascer, viver, partilhar, testemunhar e transformar o coração e a vida, de modo a descobrirmos o sentido positivo da nossa existência.
É preciso vigiar e esperar na fé o Deus que vai chegar em cada dia à nossa vida para nascer em nós e nos transformar n’Ele.
O tempo do Advento é marcado pela alegria e esperança do povo de Israel, que atentamente espera a vinda do Messias prometido aos patriarcas, aos reis e aos profetas com os seus oráculos. Anunciaram que uma Virgem se tornaria a mãe do Emanuel, o Deus-connosco.
O primeiro Advento foi muito longo e marcado por vários acontecimentos da história, que na plenitude dos tempos se revelou no mistério do Verbo de Deus Encarnado, que no seio da Virgem Maria assumiu a nossa natureza, se fez homem habitando entre nós.
Neste caminho espiritual para o Natal faço um apelo a todos: vivamos juntos este projeto em comunhão, participando na realização da dinâmica de Advento apresentada pela Diocese e procuremos construir em cada dia na nossa vida o verdadeiro presépio de Jesus, Maria e José.
O Advento é um tempo forte da liturgia propício para encher da ternura de Deus o nosso coração, dinamizar as nossa vidas, decorar as nossas casas, encher de criatividade as nossas comunidades e fazer delas um lugar de encontro com Jesus e com os irmãos.
Os verdadeiros protagonistas da esperança percorrem o Advento como peregrinos à semelhança de Maria, realizando um caminho de conversão espiritual, que nos conduz ao verdadeiro Natal de Jesus, animados e revestidos de atitudes de amor.
Em comunhão com as Orientações da Conferência Episcopal, proponho a todos os cristãos um caminho de oração pela paz na terra de Jesus e convido os párocos a organizar nas suas comunidades um peditório no terceiro domingo do Advento, como gesto de partilha e de solidariedade, destinado a ajudar os cristãos da Terra Santa. Se em alguma comunidade não for possível neste domingo, peço aos sacerdotes, que o façam durante este tempo de Advento ou de Natal, mais conveniente. Sejamos generosos com aqueles que nada têm.
Imploro de Nossa Senhora da Esperança, a Imaculada, que nos ajude a fazer o caminho de Advento todos juntos, rumo ao Jubileu da Esperança de 2025.
+António Luciano, Bispo de Viseu