Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Jesus, um dia, despediu-se dos seus amigos prometendo-lhes que não os abandonaria. Mas como pode alguém que vai morrer prometer que não abandona os que ficam deste lado da morte?! Que pode Ele em relação a isso?!

E Ele respondeu, não “porque isto é verdade”, mas “porque Eu sou a verdade”. Nem todos conseguirão “ver” ou “conhecer” a verdade em Jesus. Para muitos, Jesus terá passado por este mundo como uma poeira insignificante no universo, não terá deixado nenhum traço nas suas vidas.

É o caso de Pilatos. Pilatos terá visto em Jesus, no máximo, um ingénuo líder duma insignificante reforma da religião judaica que simplesmente não mediu bem as consequências de ter assanhado um ninho de vespas… E quando ouviu Jesus falar de verdade: “Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” e conhecendo o mundo da política, respondeu: “E o que é a verdade?”

Porém, para ver Jesus é necessário ter olhos novos. Só aqueles que O amam podem experimentar que Ele é o Vivente e que faz viver n’Ele os que creem em si. Só quem O ama dessa maneira deixa de pensar n’Ele como se Ele fizesse parte do passado, e que não consegue mexer as águas do presente e as do futuro; pensar que a sua vida não é só uma recordação, mas atua no aqui e no agora. Quem ama Jesus vive alicerçado nas suas palavras, “observa os seus mandamentos”, “enche-se” do seu Espírito.

Não é fácil exprimir esta experiência. O evangelista João, noutro lugar, chama-lhe o “Espírito da Verdade” e significa que Jesus se transforma numa força e numa luz que nos faz “viver na verdade”. E esta verdade tem pouco a ver com o moralismo… do “contabilizar” as mentirinhas… Tantas vezes reduzimos a verdade a questiúnculas e a pequeninas causas…

O “Espírito da Verdade” não pode ser confundido com uma lista de “confere”, nem uma doutrina que combate outras doutrinas como se fossem erróneas, mas é um acolhimento do seu Espírito vivo. Como o próprio diz, Ele “permanece em nós e nós n’Ele”. Escutámo-lo no nosso íntimo e Ele resplandece na nossa vida.

Talvez a conversão mais urgente para nós cristãos consiste no passar duma adesão verbal, feita de hábitos pouco realistas a um Jesus desencarnado, à experiência de viver radicados no seu Espírito da Verdade.

O Espírito da Verdade. Tantas vezes não estamos dispostos a escutar a verdade. O que nos interessa é viver tranquilos no nosso bem-estar. Não queremos ver a realidade ou interessar-nos com o modo como vai o mundo. Enfastia-nos pensar nos que sofrem. Pensamos: “a realidade somos nós…”

Algo semelhante acontece na Igreja. Não estamos dispostos a escutar a verdade do evangelho, temos medo de proclamar em alta voz as exigências concretas que tal verdade poderia comportar em Roma, nas nossas dioceses, nas nossas comunidades; preferimos esquecê-la e procurar segurança preferindo viver comodamente numa tradição religiosa plurissecular. Não é verdade que nós os católicos somos a maior religião do mundo? Ainda… Cristianismo (31%); Islão (24%); Catolicismo (19%).

Se há algo que carateriza Jesus é precisamente a sua vontade de viver a realidade. Por isso Jesus vai ao fundo das coisas, não se fica pelas aparências. Olha as pessoas como as olha Deus, pressente-lhes os medos, os sofrimentos e as aspirações como as colhe Deus. Não vive de ideologias políticas ou teorias religiosas. Procura o Reino de Deus e a sua justiça. Nisto consiste a verdade para Ele.

Pe. Humberto Martins

Sacerdote dehoniano

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