
A nossa Diocese é convidada a participar na Caminhada pela Vida, que se realiza no próximo sábado, dia 29 de março, às 14h30, na cidade de Viseu, promovida por um movimento cívico de cidadãos e cristãos, empenhados profundamente, em defender a vida humana de todas as agressões e atentados, desde o momento da conceção até à morte natural.
A concentração está marcada para o Campo de Viriato e depois percorre as ruas da cidade até ao Rossio. É um evento a favor da vida, opondo-se a todas as formas de destruição e empenhamento organizado de uma cultura de morte. A caminhada vai acontecer à mesma hora noutras cidades de Portugal: Aveiro, Braga, Beja, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Lamego, Lisboa, Porto e Santarém.
É uma iniciativa que congrega muitas pessoas, quer do meio eclesial, quer ligadas a organizações laicais.
Os atentados a que está exposta hoje a vida humana e o desprezo pela sua dignidade e valor, tornam-se um motivo sério que nos leva a caminhar pela vida com respeito, audácia e esperança no acolhimento de todos e na atenção aos mais vulneráveis.
A vida humana não tem preço, é incalculável o seu valor, por isso caminhar é uma atitude de movimento, que provoca confiança em Deus, cria relação com os outros e empenhamento na proteção do ser humano, criado para ser livre e responsável.
“A vida é sempre um bem” é o título de um novo Documento da Santa Sé, publicado no dia 24 de março de 2025, com a finalidade de apelar à promoção de uma “verdadeira Pastoral da Vida Humana” nas comunidades católicas. É surpreendente que seja publicado esta semana como resposta desafiante para todos os católicos e pessoas de boa vontade, que estão empenhados na realização e participação da “Caminhada pela Vida”.
A novidade e atualidade deste documento acontece como iniciativa para assinalar o 30.º aniversário da publicação da Encíclica “Evangelium Vitae” de São João Paulo II.
O “Evangelho da Vida”, que continua a ser muito atual no ensinamento sobre a vida humana, o seu valor, a sua dignidade, alerta para as agressões a que está sujeita, se não for defendida e promovida por todos os cidadãos e responsáveis dos povos.
Esta Encíclica é fundamental para o estudo da antropologia da vida, a teologia moral pessoal e para os aspetos éticos e bioéticos da relação da medicina e do mundo da saúde. Faz apelo ao modo como devemos cuidar a pessoa humana desde o início da vida intra-uterina até à morte natural. Importante para os problemas da vida, no campo da saúde, da sua promoção e das relações entre os profissionais de saúde e o doente.
Este documento aborda os critérios éticos sobre o avanço das novas tecnologias em medicina, biologia, embriologia e também nas experiências médicas nas diversas áreas de investigação científica. Tudo isto é hoje acrescido pelo tema da Inteligência Artificial, que está em discussão na sociedade.
O Cardeal Kevin Farrell na apresentação do Documento sobre a Pastoral da Vida Humana dizia: “Nesta época de gravíssimas violações da dignidade do ser humano, em muitos países atormentados por guerras e todo o tipo de violência (especialmente contra mulheres e crianças – antes e depois do nascimento -, adolescentes, pessoas com deficiência, idosos, pobres, migrantes) é preciso dar forma a uma verdadeira Pastoral da Vida Humana” (Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida).
Devemos promover iniciativas concretas que ofereçam alternativas à prática do aborto, à fertilização in vitro, à eutanásia e ao suicídio. Também se promove a vida com oração, acolhimento, proximidade e serviço, como acontece neste fim de semana, com a celebração das “24 horas para o Senhor”, um tempo de adoração e encontro com Jesus na Santíssima Eucaristia e na celebração da reconciliação em busca da misericórdia Divina, no Sacramento da Confissão a que devemos dar o devido relevo e importância nesta Quaresma.
O convite a viver as “24 horas para o Senhor” passa por um tempo privilegiado de aprender a ouvir Deus que fala a cada um de nós, através da escuta da sua Palavra, na oração, no silêncio interior, na meditação da fé e da esperança e no serviço de ações concretas de caridade que glorifiquem a Deus e ajudem os irmãos. Rezemos também pelo Dom da saúde do Papa Francisco.
Peço a todos os párocos um grande empenhamento neste evento eclesial de oração, louvor e reparação. Que todos os cristãos saibam fazer das suas comunidades, durante estes dias, um verdadeiro cenáculo na contemplação de Deus, seguindo os apelos de Jesus Cristo na nossa caminhada para a Páscoa.
No domingo, celebrar-se-á ainda a peregrinação jubilar do Arciprestado de Besteiros à Catedral. Convido o povo de Deus a participar nesta grande manifestação de fé e a rezar por um evento eclesial tão importante para as nossas comunidades.
+António Luciano, Bispo de Viseu