
A Semana Santa, que estamos a viver, leva-nos a mergulhar intensamente no Mistério Pascal de Cristo. Celebrar como Igreja os mistérios da vida de Cristo é recordar toda a sua entrega ao Pai e à humanidade.
Recordando a última ceia, Ele ofereceu aos discípulos um alimento novo, tomando o pão disse: “Isto é o meu Corpo, tomai e comei, que vai ser entregue por vós”. Convidou Pedro, Tiago e João para uma vigília de oração, durante a noite, no Jardim das Oliveiras, onde viveu uma dolorosa agonia, suando sangue pediu ao Pai auxílio para fazer a sua vontade.
Durante a noite, iniciou o processo longo da sua Paixão, com interrogações por parte dos responsáveis religiosos e do poder político instituído. Como inocente, foi condenado à morte na Cruz e transportando o pesado madeiro caminhou para o Calvário. Aceitou a condenação à morte na cruz, com amor e confiança, não desanimou perante as dificuldades e a todos confortou pelo caminho.
Tomando a cruz aos ombros, caiu três vezes por causa dos nossos pecados. Levantou-se, sem força, e sofreu o abandono dos seus e a negação de Pedro. Ao ter encontrado, inesperadamente, a sua Mãe, a sua dor transformou-se em luz e esta confortou-o com amor e compaixão.
A Senhora das Dores olhou com fé aquele condenado, que afinal era o seu próprio Filho e o Filho de Deus. A Igreja recorda neste acontecimento os gestos daqueles que como Maria servem o seu próximo.
Ajudado por Simão de Cirene, que vinha cansado do campo, tornou-se um exemplo para cada cristão.
A disponibilidade para levar a Cruz de Jesus é um acontecimento de sempre. “Se alguém quiser ser meu discípulo tome a sua cruz de cada dia e siga-Me”. Isto concretiza-se quando vivemos a caridade, cuidando dos irmãos.
Felizes os cristãos que estão disponíveis para fazer o bem e servir como a Verónica, mulher a quem a tradição cristã deu o nome, por no meio da multidão anónima, ter limpo o rosto de Jesus com uma toalha, na qual ficou impressa a sua figura.
É eloquente o conforto e o choro das mulheres de Jerusalém, a quem Jesus agradeceu e pediu para “chorarem por elas mesmas e pelos seus próprios filhos”.
A indiferença continua no sofrimento de tantos condenados inocentes e de tantas mortes provocadas pela guerra e violência, que continuam no mundo de hoje a reavivar o mistério da Paixão e Morte de Jesus.
Para anunciar ao mundo de hoje a Paixão e Morte de Cristo Crucificado Ressuscitado, convido-vos a meditar nas últimas palavras na Cruz. São sete: “Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”; “Hoje estarás comigo no Paraíso”; “Mulher, eis o teu filho! Eis a tua mãe!”; “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”; “Tenho sede!”; “Tudo está consumado”; “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”.
A vivência espiritual do Tríduo Pascal imprime na nossa vida os mistérios da vida de Cristo. Na Cruz, o condenado fez surgir uma árvore nova, repleta de ramos floridos, que na manhã de Páscoa mostra ao mundo a alegria do “Vivente”. Como disse o Anjo às mulheres: “A quem procurais? Não está aqui! Ressuscitou, Ele vos precederá na Galileia”.
Na verdade Cristo Ressuscitou! “Ele é a nossa Páscoa, Aquele que foi imolado. Ele é o Cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo: morrendo destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida.”
Perante esta grande notícia e boa nova, que ressoou por toda a terra, “Aspirai às coisas do alto” e vivei na esperança de que o Ressuscitado caminhe sempre connosco”. A saudação aos discípulos: “A paz esteja convosco” é hoje para a Igreja e para cada um de nós a alegria da Esperança Jubilar, fundamento da nossa fé em Cristo Ressuscitado!
Votos de Santas Festas de Páscoa para todos em Cristo Ressuscitado! Boas Festas! Aleluia! Aleluia!
António Luciano, Bispo de Viseu