1. A ESPERANÇA COMO OTIMISMO
A esperança existe quando o olhar se dirige para o futuro (cf. Fisichella, Jubileu da Esperança, 22). Um sintoma da atual “crise da esperança” está na falta de paciência, que Francisco chama “filha da esperança” e também seu suporte (cf. SNC 4). Mas, ninguém “pode viver sem esperança: a sua vida perderia o sentido, tornando-se insuportável” (E.Eur 10).
As esperanças do dia-a-dia contêm um pensamento positivo, uma confiança e ajudam a ultrapassar as dificuldades diárias. A essas esperanças, Bento XVI chamava as “pequenas esperanças” (cf. SS 3;39), que são certamente muito importantes.
2. A ESPERANÇA TEOLOGAL
Trata-se da esperança como virtude: uma das três virtudes teologais (com a fé e a caridade) e uma das 7 virtudes, se lhe juntarmos as quatro chamadas cardeais. “Deus é o fundamento da esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim” (SS 31). O amor de Deus é o fundamento e a razão da esperança que não desilude (cf. Rm 5, 5). Por isso, podemos dizer que Jesus Cristo é a nossa esperança. A esperança é a virtude que imprime, por assim dizer, a orientação, indicando a direção e a finalidade da existência crente. Ela é a virtude típica do peregrino.
3. A ESPERANÇA ESCATOLÓGICA
A esperança teologal, que se apoia em Deus, tem uma dimensão escatológica, que diz respeito às realidades últimas. Tradicionalmente dizia-se os “novíssimos”, as coisas novas… Nesta perspetiva vai o Catecismo da Igreja Católica: “A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo” (nº 1817). Assim se entende também a afirmação da Bula de proclamação do Jubileu do ano 2025: “A história da humanidade e a de cada um de nós não correm para uma meta sem saída… estão orientadas para o encontro com o Senhor da glória” (SNC 19).
4. A ESPERANÇA COMO COMPROMISSO
A esperança é uma luz que vem do futuro iluminar o presente. A Parusia (a segunda vinda de Cristo) está no termo do peregrinar humano como um farol que projeta o seu poderoso feixe de luz também sobre o presente quotidiano das inconstantes peripécias humanas. Francisco chamava à esperança simplesmente, segundo o título de um livro recente, “uma luz na noite”!
A verdadeira esperança, por isso, não nos aliena do mundo e dos problemas da sociedade, antes oferece uma luz e uma nova força para os enfrentar. Ela torna-se uma tarefa, ação concreta em ordem a um mundo melhor. Quanto mais a esperança se apoiar em Deus e for “esperança da glória” tanto mais o crente se sentirá comprometido a tornar o mundo mais justo e fraterno. A esperança é assim uma “insubstituível companheira” (cf. SNC 5). Ela é, nas nossas noites, uma verdadeira e decisiva luz!
J. Cardoso Almeida