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O novo Ano Litúrgico inicia com o primeiro Domingo de Advento e convida-nos a vigiar e a esperar com fé a vinda do Messias, como nosso Salvador.

Este ano tem particular significado para toda a Igreja, pois o Papa Leão XIV iniciou ontem, 26 de novembro, a sua primeira Viagem Apostólica fora de Itália para celebrar os 1.700 anos do aniversário do Concílio de Niceia, na atual Turquia.

Tem como objetivo promover o diálogo ecuménico e inter-religioso, com encontros com ortodoxos, na Turquia, e com muçulmanos, no Líbano.

A viagem foi definida pelo seu antecessor, o Papa Francisco, com o objetivo de promover esforços de diálogo com os cristãos orientais e com o mundo muçulmano.

O Papa Leão XIV tem insistido na continuação dessa política e na defesa da paz num tempo marcado por tantos conflitos e, em virtude de preparar essa viagem missionária, escreveu recentemente uma Carta Apostólica com o título “In Unitate Fidei” onde pede aos cristãos do mundo inteiro para rezarem por esta intenção e que sejam “sinal de paz e instrumento de reconciliação”, considerando que “o amor a Deus sem o amor ao próximo é hipocrisia”.

Na unidade da fé, proclamada desde os primórdios da Igreja, os cristãos são chamados a caminhar em concórdia, guardando e transmitindo com amor e alegria o dom recebido. Isto é expresso nas palavras do Credo: “Cremos em Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, que desceu do Céu para a nossa salvação”.

O Papa Francisco já tinha assim manifestado o desejo de ir visitar o lugar onde há 1700 anos se realizou o Concílio Ecuménico de Niceia, promovido pelo imperador Constantino e Lícinio em 325.

A paz dada à Igreja por Constantino, em 313, parecia anunciar o início de uma nova era de paz, mas as feridas das perseguições contra os cristãos deixaram problemas em aberto que era preciso resolver e curar, precisamente a doutrina de Ario, um presbítero de Alexandrina, Egito, que espalhava os seus erros com a sua doutrina, dizendo “que Jesus não é verdadeiramente o Filho de Deus; embora não seja uma simples criatura, Ele seria um ser intermediário entre o Deus inatingivelmente distante e nós. Além disso, teria havido um tempo em que o Filho “não era” (Carta, In Unitate, Fidei, n.º 3).

O Imperador percebeu com facilidade que as controvérsias e erros doutrinais, se não fossem estancados, eram um sério risco e ameaça para a unidade entre os Bispos e para a unidade do Império. As situações de conflito, de guerra e de perseguição geram sempre divisões, erros e contendas difíceis de curar, humanamente falando.

Tendo sido promovido pelo Imperador Constantino, que presidiu também ao Concílio, foi uma oportunidade única para sarar feridas e projetar a esperança. A maioria dos bispos eram do Oriente e vinham marcados pelo flagelo das perseguições aos cristãos nas suas Igrejas. Da Igreja do Ocidente parece terem estado apenas cinco bispos. O Papa Silvestre confiou na figura, teologicamente abalizada, do Bispo Ósio de Córdoba a sua representação acompanhado de dois presbíteros romanos. Todos mostravam muita expectativa perante o que ia acontecer naqueles dias na cidade de Niceia.

A defesa da fé católica, na pessoa de Jesus Cristo, professada pela ortodoxia da Igreja, precisava de mostrar como acreditar firmemente num único Deus verdadeiro, que podia derrotar a heresia de Ario. Com base nisso, o Credo Niceno começa professando a seguinte fórmula: “Cremos em um só Deus, Pai Onipotente, artífice de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Assim, os Padres Conciliares manifestaram a sua fé no Deus Único. “No Concílio não houve controvérsia a esse respeito. Em vez disso, foi discutido um segundo artigo, que também usa a linguagem da Bíblia para professar a fé em “um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus”. O debate foi aceso e para combater o erro de Ario, como se deveria entender a “afirmação “Filho de Deus”, o Concílio foi chamado a definir o significado correto da fé em Jesus como verdadeiro “Filho de Deus”.

Os Padres reunidos no Concílio de Niceia “confessaram que Jesus é o Filho de Deus na medida em que é “da substância (ousia) do Pai […] gerado não criado, da mesma substância (homooúsios) do Pai”. Com esta definição, a tese de Ario foi radicalmente rejeitada, como refere o n.º 5 do documento.

Para expressar a verdade da fé, o Concílio usou duas palavras, “substância (ousia) e “da mesma substância” (homooúsios), que não se encontram na Escritura.

Professando a nossa fé em Cristo, rezemos o Credo neste tempo de Advento pedindo que a luz de Deus brilhe neste mundo envolvido em trevas”: “Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”, que desceu dos céus na pessoa de Jesus, Seu Filho e nosso Salvador nascido de Maria para nossa salvação.

Que neste tempo litúrgico, Cristo desça sobre nós, nos encha da sua luz e habite no meio de nós para que o Natal seja a festa da paz e da esperança.

+António Luciano, Bispo de Viseu

CategoryBispo, Igreja, Papa

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