Papa assinalou os 800 anos do «Perdão de Assis» com um momento de silêncio na Porciúncula e atendendo em confissão durante uma hora.
O Papa realizou hoje uma visita privada à terra de São Francisco para celebrar os 800 anos do ‘Perdão de Assis’ e afirmou que a “estrada do perdão pode renovar a Igreja e o mundo”.
“O mundo tem necessidade de perdão”, disse o Papa na Porciúncula, a pequena igreja restaurada por São Francisco antes de fundar a Ordem dos Frades Menores (franciscanos) e onde pediu para fossem perdoados os pecados dos que visitassem esse templo, há 800 anos.
Na reflexão que fez sobre o capítulo 18 do Evangelho de São Mateus, onde Jesus diz que cada um não deve perdoar até 7 vezes mas até 70 vezes 7, o Papa desafiou os presentes a serem humildes “sinais do perdão e instrumentos da misericórdia”.
“Oferecer o testemunho da misericórdia no mundo de hoje é uma missão a que nenhum de nós pode evitar” disse o Papa na comunicação realizada no exterior da Porciúncula, na Basílica de Santa Maria dos Anjos.
Francisco advertiu que “o drama da humanidade” é que cada pessoa pede misericórdia quando é “devedor” e invoca a justiça nos casos em que é credor.
“E todos fazemos assim”, insistiu o Papa
“Não é esta a reação dos discípulos de Cristo e não pode ser este o estilo de vida dos cristãos. Jesus ensina-nos a perdoar e a fazê-lo sem limites”, sublinhou.
Francisco indicou como princípio de ação o “Amor do Pai” e não a “pretensão de justiça” de cada um.
“É difícil perdoar. Quanto nos custa perdoar os outros! Aqui na Porciúncula tudo fala de perdão”, assinalou o Papa
No fim da reflexão, Francisco convidou todos os presentes a procurar o “sacramento do perdão” e convidou os sacerdotes e bispos presentes a “oferecer o perdão”, dirigindo-se o Papa para um confessionário onde permaneceu a atender em confissão durante uma hora.
Após ter chegado à Basílica de Santa Maria dos Anjos, o Papa permaneceu em silêncio durante mais de 10 minutos na igreja da Porciúncula em oração, onde se São Francisco pediu o “perdão de Assis”.
Na edição de setembro-outubro da revista Bíblica, dos Franciscanos Capuchinhos, frei Lopes Morgado explica que o “Perdão de Assis” surgiu na sequência de uma “visão de Jesus e da Virgem Maria” por São Francisco quando estava a rezar na igreja da Porciúncula.
“Foi-lhe perguntado que graça desejava, uma vez que tinha rezado tanto pelos pecadores. Francisco respondeu pedindo que fosse concedido o perdão completo de todas as culpas a quem, confessado e arrependido, visitasse aquela igreja”, explica frei Lopes Morgado, acrescentando que esse pedido foi concedido, na condição de “se dirigir ao Papa, como vigário de Cristo na terra, para pedir a instituição de tal indulgência”.
São Francisco apresentou esse pedido ao Papa Honório III, que permitiu a possibilidade de indulgência no dia 2 de agosto, livrando “da culpa e da pena no céu e na terra, desde o dia do batismo até ao dia e hora da entrada nesta igreja”, primeiro só igreja da Porciúncula, depois alargando-se a todas as igrejas franciscanas e, sucessivamente, a todas as igrejas paroquiais, mantendo-se “a data da celebração e o nome”, indica frei Lopes Morgado na revista Bíblica.
G.I./Ecclesia:PR