«Apoio em igualdade de circunstâncias e possibilidades não existe em Portugal», disse hoje em Fátima D. António Moiteiro.
O bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, destacou hoje o direito das escolas católicas em terem o mesmo “estatuto” que as estatais, durante a peregrinação nacional destes estabelecimentos de ensino ao Santuário de Fátima.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o vogal da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé falou em “discriminação” e apontou que “o apoio em igualdade de circunstâncias e de possibilidades, quer à escola estatal quer à escola particular, neste caso da Igreja Católica, não existe em Portugal”.
“Muitos não têm os filhos nas escolas católicas porque não têm possibilidade de pagar, os mais pobres, e nesse sentido podemos dizer que o Estado não está a fazer justiça social”, frisou o prelado.
A peregrinação das Escolas Católicas ao Santuário de Fátima está inserida na Semana Nacional da Educação Cristã (até 30 de outubro) que tem como tema “Educar – Propor o caminho para uma vida plena”.
No total, esta ida à Cova da Iria está a envolver cerca de 15 mil alunos (dados do Santuário de Fátima), provenientes de pelo menos 45 escolas de todo o país.
D. António Moiteiro destacou a relevância do projeto educativo católico que tem como base a mensagem “humanizadora” do Evangelho.
“Ajudar os alunos a crescerem para serem agentes de mudança deles e da sociedade onde se inserem. Uma sociedade onde os direitos humanos tenham verdadeiramente lugar. Mas para nós a fonte dos direitos é o Evangelho, é Cristo ressuscitado”, salientou.
O bispo de Aveiro referiu-se ainda à situação dos jovens que participam nesta peregrinação, e de muitos outros que são “o futuro” do país mas que enfrentam hoje várias “dificuldades”.
“Nós estamos a vê-lo nos jovens que vão saindo das universidades e que têm muita dificuldade em entrar no mundo do trabalho e este na sua precariedade também não ajuda na constituição das famílias. E não vislumbramos muitas melhorias no futuro”, apontou.
O externato Frei Luís de Sousa, que está a celebrar 60 anos de atividade em Almada, na Diocese de Setúbal, é uma das escolas católicas presentes nesta peregrinação.
Fernando Magalhães, diretor deste colégio, rejeitou o epiteto “elitista” que se associa muitas vezes às escolas católicas.
“Nós temos as mais diferentes realidades, temos pessoas que fazem efetivamente um sacrifício de vida e um investimento quase de vida para dar uma educação de qualidade e identificada com determinados valores. E depois há uma atenção muito clara das escolas católicas à situação social das famílias”, atesta aquele responsável.
Esta tarde, os alunos das escolas católicas vão ter oportunidade de apresentar um conjunto de trabalhos realizados no contexto do Centenário das Aparições.
Trata-se da iniciativa ‘Pela Arte até Maria’ que previa a utilização das mais variadas expressões artísticas, ligadas às artes performativas, da música à dança e do teatro à literatura.
G.I./Ecclesia:LFS/JCP