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Profissionais de saúde frisam que o bem dos doentes «não pode ser distorcido» em nome de interesses partidários.

Um grupo de médicos especialistas em Cuidados Paliativos assinou um comunicado conjunto, para lamentar a forma “desonesta” e “falsa” como, do seu ponto de vista, está a ser conduzido o debate sobre a eutanásia.

Em causa, segundo o documento publicado hoje no Semanário ECCLESIA, estão declarações como as que foram feitas na última terça-feira por João Semedo, ex-coordenador do Partido Bloco de Esquerda.

Em entrevista ao jornal ‘Público’, o médico e político afirmou que “nos cuidados paliativos a sedação e a analgesia servem para acelerar a morte” e sublinhou ainda que “há quem não queira morrer como um zombie”.

Para os médicos que assinaram o referido comunicado, entre os quais Edna Gonçalves, coordenadora do Plano Nacional de Cuidados Paliativos, e Isabel Galriça Neto, deputada parlamentar pelo CDS-PP e ex-presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, este género de declarações são “graves” e colocam em causa o bem estar dos doentes e das famílias, para além da “dignidade dos profissionais” de saúde.

Os signatários deste ‘Manifesto sobre Cuidados Paliativos”, como foi chamado, frisam que no meio do debate atualmente em curso no Parlamento, sobre a legalização ou não da eutanásia, “não pode valer tudo” e muito menos atentar contra a “verdade”.

Aqueles responsáveis sustentam que dizer “que a sedação paliativa é o mesmo que eutanásia”, “que ela apressa a morte e é irreversível”, ou ainda “que a maioria dos doentes nos Cuidados Paliativos morre obnubilado” só pode ser possível vindo de quem não acompanha “de perto a realidade dos cuidados paliativos”.

Sobre “a sedação paliativa”, os médicos realçam que se trata de “uma intervenção bem fundamentada e estudada” mas que “só aplicada nos sintomas que não cedem às medidas terapêuticas de primeira linha”.

De acordo com o comunicado, é realizada em “menos de 15 por cento dos doentes e são vários os estudos científicos credíveis que desmistificam a ideia errada que a sedação paliativa antecipa a morte do doente”.

“O que se lamenta mais é o profundo desconhecimento técnico e científico da realidade, do processo de morrer e da realidade dos Cuidados Paliativos, prestados sempre por profissionais qualificados e com a devida competência para tal”, escrevem os médicos, frisando que estão em causa “cuidados de saúde” prestados para minorar o “sofrimento dos doentes graves e em fim de vida”.

Um contexto que “não pode ser distorcido em nome do vale tudo”, pode ler-se.

Os autores do manifesto lembram ainda que os Cuidados Paliativos são “um tema do maior interesse para a sociedade, até porque a maioria dos portugueses continua a não ter acesso a eles”.

Por isso, “exige-se mais responsabilidade e verdade nas afirmações que se difundem quando se pretende emitir opinião”, concluem.

G.I./Ecclesia:JCP

CategoryIgreja, Pastoral

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