Viagem à Cova da Iria aconteceu a 13 de maio de 1967, 50.º aniversário das aparições.
Portugal entrou na rota das visitas apostólicas na quinta viagem de Paulo VI, por ocasião do 50.º aniversário das aparições marianas na Cova da Iria.
Paulo VI quis vir pessoalmente a Fátima, como peregrino, a 13 de maio de 1967, apesar das tensões diplomáticas por causa da viagem do Papa italiano ao Congresso Eucarístico a Bombaim, em 19164, já depois de a Índia ter anexado Goa, Damão e Diu.
Paulo VI decidiu que o avião que o transportava desde Roma não aterraria em Lisboa, mas em Monte Real, e ficou alojado na então Diocese de Leiria (hoje Leiria-Fátima).
Além da homilia na Missa do 13 de maio, Paulo VI teve outras seis intervenções.
A viagem foi anunciada na audiência geral de 3 de maio de 1967 e apresentada como uma “peregrinação para honrar Maria Santíssima e invocar a sua intercessão em favor da paz da Igreja e do mundo”.
A peregrinação “rapidíssima” tinha um caráter “totalmente privado”, explicou o Papa italiano aos fiéis reunidos no Vaticano.
Em Fátima, Paulo VI recordou que foram as crianças e os pobres os primeiros destinatários da mensagem de Fátima e, na sua homilia, deixou uma referência aos regimes ateus, “países em que a liberdade religiosa está praticamente suprimida e onde se promove a negação de Deus, como se esta representasse a verdade dos tempos novos e a libertação dos povos”.
O Papa trouxe à Cova da Iria a sua preocupação com um mundo em perigo por causa da corrida às armas e da fome.
“Por este motivo, viemos nós aos pés da Rainha da paz a pedir-lhe a paz, dom que só Deus pode dar”, rezou.
Já na despedida, Paulo VI explicava que se apresentou em Portugal como peregrino “para rezar humilde e fervorosamente pela paz da Igreja e pela paz do mundo”.
“Maria Santíssima que, nesta terra abençoada, desde há cinquenta anos, se tem mostrado tão generosa para com todos aqueles que a Ela recorrem com devoção, digne-se ouvir a Nossa ardente prece, concedendo à Igreja aquela renovação espiritual que o Concilio Ecuménico Vaticano II teve em vista empreender e à humanidade, aquela paz de que ela hoje se mostra tão desejosa e necessitada”, pediu.
As referências a Fátima neste pontificado tiveram um momento particularmente relevante a 13 de novembro de 19164, na clausura da III sessão do Concílio Vaticano II.
Paulo VI anunciou então a decisão de enviar a Rosa de Ouro ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima: “Tão caro não só ao povo da nobre nação portuguesa — sempre, porém hoje particularmente, a nós caro — como também conhecido e venerado pelos fiéis de todo o mundo católico”.
A entrega ao Santuário foi feita a 13 de maio de 1965 pelo cardeal Fernando Cento, legado do Papa.
G.I./Ecclesia:OC