O lema da minha ordenação é : Jo.6, 68 – “ para quem iremos nós, Senhor, se só Tu tens Palavras de Vida Eterna…?”
Leio hoje tal lema com o mesmo sentido interrogativo e correspondente justificação – justificação essa que leva Pedro a não se afastar do Mestre, apesar das dúvidas sobre o modo em como Jesus se poderia DAR EM ALIMENTO.
Naquela hora de “debandada geral”, como se de um indispensável pão para a vida do Mundo não se tratasse, ao constatar que tal PROJETO apontava nesse sentido, isso lhe bastou para se manter fiel, na linha do que o havia já levado a abandonar o barco e as redes.
Sendo necessário deixar umas coisas em demanda de valores maiores, nem sempre é fácil tal atitude como também nem sempre “bastam” tais opções para se alcançar a perfeição, como fica bem claro com Pedro, “antes do galo cantar”. Antes do galo cantar, ou seja, antes de “acordarmos” e sermos chamados à razão sobre os nossos medos e limitações, somos todos bons especialistas em promessas e juramentos, sendo o resto o que se sabe e a Igreja nos vem “fazendo ver” , desde a 1ª hora.
Nestes 50 anos de sacerdócio, a forma como vejo a Igreja é à maneira de um CAMINHO através da Humanidade e, nos tempos de hoje, talvez mais como estrada em árido “deserto” onde a IGREJA em Unidade Pastoral é esse oásis de frescura e reabastecimento, sempre indispensável em tal percurso…
Sentir-se hoje chamado é reconhecer que há um TESTAMENTO para cumprir e do cumprimento do qual estar dependente toda a vida desta Humanidade. De pouco vale lamentarmos pois esta falta de Paz em todo o seu estendal de violência, quando a Sociedade que alimentamos e servimos é essa infernal máquina, geradora de injustiças e conflitos da mais diversa ordem.
O episódio que mais me terá marcado, nestes anos, será talvez o modo e a circunstância como o papa Francisco se apresenta ao Mundo e como a Igreja está a reencontrar com ele a sua própria HUMANIDADE. Se desde Abraão, Isaac e Jacob tem sido essa Humanidade maltratada pelos auto proclamados senhores do mundo e donos da verdade é por uns dizerem que é “no templo da Samaria” outros dizerem que é “no templo de Jerusalém”, quando, afinal, é apenas em espírito e verdade que se adora o verdadeiro Deus.
Para os próximos anos, sinto-me disponível para procurar novos caminhos na certeza de que “em vão trabalha o construtor se o Senhor não edificar a sua Casa”.
– Que CASA é essa que Deus quer erguer? – Eis a grande questão… daí que, escutar o que o Pai sugere no íntimo dos corações ao CONVOCAR todos os filhos para a sua CEIA, será essa por certo a única e melhor atitude.
G.I./J.B.