Sessão aconteceu no Instituto Politécnico de Viseu.
Vai começar em breve, em Coimbra, um dos núcleos nacionais dos Leigos para o Desenvolvimento (LD), um novo período de formação que visa preparar voluntários antes de estes partirem em missão para um dos três projetos em curso em África (Angola Moçambique, São Tomé e Príncipe), por esta organização não-governamental católica que nasceu formalmente em Lisboa, em 11 de abril de 1986.
Mais do que apenas darem essa informação, Joana Rodrigues e Susana Cálix, duas responsáveis dos LD (ver mini-entrevista), deslocaram-se à Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Viseu, no passado dia 7 de novembro, para apelar ao voluntariado dos jovens estudantes para partirem em missão. A sala que serviu de acolhimento aos participantes estava cheia.
Numa altura em que os LD assinalam os 31 anos de existência, o trabalho de captação de jovens voluntários mantém-se fiel ao que foi pensado pelo Padre António Vaz Pinto, na década de 1980. No Centro Universitário Manuel da Nóbrega, em Coimbra, juntamente com mais alguns universitários, perante a questão do que fazer depois de terminado o curso, nasceu a ideia de pôr os talentos a render (em linha com a parábola do Novo Testamento), ao serviço de povos tão ligados a Portugal e que (ainda) vivem em condições difíceis.
A sessão começou com o visionamento de um pequeno vídeo de forma a melhor transmitir e interiorizar as ações dos LD e para criar um ambiente favorável ao apelo que estava a ser apresentado. Em seguida, Susana Cálix e Joana Rodrigues convidaram antigas e recentes voluntárias dos LD em terras africanas, conhecidas como ‘anciãs’ no grupo, que apresentaram os testemunhos das missões que levaram a efeito.
Sílvia, uma voluntária “recém-chegada” de Benguela, há três semanas, como a própria referiu, apresentou algumas das linhas gerais que norteiam o trabalho desenvolvido pelos LD, e confirmou que na comunidade há sempre que fazer. “Ser leigo em missão é ser muita coisa ao mesmo tempo. É vestir a camisola da comunidade e tentar encontrar o melhor para a comunidade, na dinamização de ações e de procura de fundos para ajudar a comunidade”, certificou.
Depois de confirmar que ser voluntária em missão foi algo que esteve presente dento de si, desde há muito tempo, Sílvia, num discurso que foi crescendo em emoção visível, declarou que ser voluntária em missão “é resolver os problemas que surgem, mas também é ter carinho para dar, é ter boas experiências e dar de si aos outros. É por o rosto de Cristo no rosto dos outros e ajudar sempre”, concluiu.
África (e Ásia) no coração
Os Leigos para o Desenvolvimento (LD) são uma organização católica que fundamenta a sua intervenção nos valores cristãos e promove a dignidade humana. Segue em linha com a ação da Companhia de Jesus.
A atuação dos LD tem sido focalizada em África, em especial em Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Esse trabalho tem sido realizado desde o início informal da organização pelo Padre António Vaz Pinto e seus companheiros. Atualmente, a ação voluntária dos LG centra-se apenas nestes três países lusófonos. Em Angola, o trabalho dos LG está focalizado na missão de Benguela, cidade costeira, no centro do país. Em Moçambique, os voluntários dos LD realizam os seus trabalhos na missão de Cuamba, cidade no noroeste do país. Em São Tomé e Príncipe, os LD estão situados nas missões de Porto Alegre e na cidade de São Tomé. As áreas de trabalho fundamentais são: Formação e Educação; Dinamização e Organização Comunitária; Empreendedorismo e Empregabilidade; Capacitação de Agentes Locais; Promoção do Voluntariado e Pastoral.
Timor-Leste, no continente asiático, também foi alvo de uma atenção especial, mas temporalmente definida. Os LG entraram no território, centrando-se na capital, Díli, em 2000, um ano depois do referendo nacional que levou à independência do país, em 2002. Desde esse período já foram criadas diversas estruturas promovidas pelos LD, como ensino pré-primário e ocupação de tempos livres, ludotecas. Entre 2010 e 2011, os LD estiveram envolvidos num projeto do ensino pré-escolar e consolidação da língua portuguesa. Em dezembro de 2012 o projeto foi entregue aos parceiros locais.
Para além de África e de Ásia, o Centro de São Pedro Claver, em Lisboa, dos Leigos para o Desenvolvimento em Portugal assume grande importância. O trabalho que é ali realizado prende-se com o apoio dado a estudantes portugueses e estrangeiros, com explicações e cursos de língua portuguesa para estrangeiros e ainda de língua inglesa e informática. Cerca de dois mil alunos já passaram pelo Centro. De uma forma total, o trabalho desenvolvido pelos Leigos para o Desenvolvimento beneficia cerca de 20 mil pessoas por ano. Mais de 400 voluntários já partiram em missão.
G.I./J.B.:PBA