O Santuário de Fátima acolheu Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar, nos dias 11 e 12 de Novembro.
Subordinadas ao tema “O Evangelho da Família – Alegria para o mundo” tiveram a participação de 16 das 21 dioceses, num total de 415 pessoas, incluídos Movimentos da área da Família com destaque para o CPM.
Presidiu ao Encontro o Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Joaquim Mendes, estando também presente, no dia 11, D. Francisco Senra Coelho, vogal da Comissão.
D. Joaquim Mendes saudou os presentes, apontou os objectivos das Jornadas, referiu a importância da formação dos leigos, a necessidade de passarmos de uma pastoral de eventos para uma pastoral de processos e de acompanhamento e fixou-nos no horizonte do IX Encontro Mundial das Famílias, de 21 a 26 de Agosto de 2017, em Dublin.
Juan Ambrosio, docente de teologia da UCP, dissertou sobre “O Evangelho da Família – Redescobrir, viver, anunciar”, lembrando que estamos numa fase de transição epocal, de mudança de paradigma, de metamorfose… “o fim de um mundo”, em que o paradigma antigo já não serve e lembrando que vivemos um tempo oportuno para ajudarmos a edificar esse “novo mundo”.
Considerou providencial o itinerário e a estratégia do Papa Francisco ao dar à Igreja e ao mundo a “Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, a Carta Encíclica “Laudato SI”, a Bula do Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia “Misericordiae vultus”, A Carta Apostólica “Misericordiae et misera”, a Exortação Pós-Sinodal “Amoris Laetitia, a marcação da XV Assembleia Geral Ordinária dos Bispos sobre “Os jovens, e fé e o discernimento vocacional” e a “Carta para o IX Encontro Mundial das Família sobre o tema. “O Evangelho da Família: Alegria para o mundo”.
Afirmou que é possível o Evangelho continuar a ser alegria para o mundo e, ainda mais, a família continua a ser uma boa notícia para o mundo de hoje, pois é este o desígnio de Deus.
As famílias – realidade boa da criação, realidade humana – valem por si: não precisam de ter “ética cristã” para terem consciência, valor e qualidade humanos, para que lhe devamos prestar toda a atenção. A sexualidade faz parte dessa realidade boa da criação, afirmou.
Mostrou também que viver o Evangelho da Família é percorrer um caminho privilegiado de crescimento e realização pessoal na vivência do amor, da filiação da fraternidade, da paternidade/maternidade, da alteridade.
Em sua opinião, para anunciar o Evangelho da Família temos de levar a sério a variedade dos itinerários humanos na relação com Deus, fugindo à dicotomia simples “regular” e “irregular”, não fazendo das normas, que não podemos ignorar, o critério último e absoluto: a lógica do Evangelho é a lógica da misericórdia, da proximidade, da “arte exigente” do discernimento.
A sacramentalidade do matrimónio enraíza na vivência do amor humano, como expressão de comunhão, sinal privilegiado do amor de Deus pela humanidade, não obstantes as fragilidades, debilidades e contradições humanas.
Não estamos no âmbito de uma lei a cumprir, mas de um dom a acolher, uma possibilidade de sentido, uma promessa de esperança, testemunhando que um casamento com possibilidade de ser feliz é aquele que se realiza para toda a vida, numa estável partilha da totalidade da existência.
O casal cristão deve assumir o serviço à família como dimensão essencial na comunidade cristã, como agente da pastoral, tanto como destinatária, uma pastoral familiar atravessada por um olhar realista, positivo e de esperança sobre a vida conjugal e familiar.
Em síntese, a pastoral familiar terá que acompanhar as famílias, de modo especial os casais novos, criar formas criativas e modalidades de relacionamento possível das comunidades cristãs em relação às famílias, comprometer-se com todas as famílias – cristãs e não cristãs – sendo sinal credível de amor, acolhimento e misericórdia face às situações difíceis, acolhendo a todos na vida das comunidades, acompanhando um a um, sem que ninguém se sinta abandonado, discernindo cada situação, integrando, segundo os carismas e as possibilidades de cada uma.
Na Mesa Redonda, um grupo de jovens do Secretariado Diocesano da Pastoral Universitária do Porto, testemunhou como a família foi para cada um deles um espaço de anúncio do Evangelho da Família e como é humanamente estruturante pertencer a um grupo de Igreja, como espaço formação, de esclarecimento, de discernimento, de oração e de amadurecimento.
Dezanove grupos de trabalho partilharam no plenário o fruto da sua reflexão.
Foram exibidos dois pequenos filmes de promoção do IX Encontro Mundial das Famílias, a ter lugar em Dublin, de 21 a 26 de Agosto de 2018.
Após o Terço, na Capelinha das Aparições, a noite do dia 11 foi preenchida com a assembleia-geral do CPM, com a exibição comentada do filme “Kramer contra Kramer”, no contexto da “Amoris Laetitia” e com a reunião do DNPF com os Assistentes e Directores dos Secretariados Diocesanos e com os Assistentes e Presidentes Nacionais dos Movimentos dedicados à Família.
No dia 12, após a Eucaristia, as Jornadas deram tempo ao Secretariado Nacional de Educação Cristã, aos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM) e ao Famílias de Caná, para mostrarem o seu modo de fazer “O Anúncio do Evangelho da Família”.
As próximas Jornadas foram anunciadas para 20 e 21 de Outubro de 2018.
G.I./J.B.:DNPF