Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

2017 foi o ano do centenário de Fátima, mas, na nossa Diocese de Viseu, não passou despercebido um outro centenário: o do nascimento do nosso antigo bispo D. José Pedro da Silva. No rescaldo do centenário, proponho ainda algumas linhas sobre o bispo, mas também sobre o teólogo José Pedro da Silva.

1. Pela sua terra natal
Várias circunstâncias proporcionaram, em outubro de 2017, uns dias de férias nos Açores a um pequeno grupo (Manuel, João, José e Jorge). Pessoalmente, muitas vezes tinha visitado as “Ilhas de Bruma”, insistência essa explicada por ligações familiares. Por duas vezes que tinha estado na Fajã de S. João, lugar da freguesia de S. Antão, no Topo (a extremidade da ilha de S. Jorge voltada para a Terceira).
Porém, desta vez, foi logo num dos primeiros dias depois da chegada que nos pusemos em demanda da referia fajã (em S. Jorge, as fajãs são aldeamentos assentes numa espécie de línguas de terra, junto ao mar, fruto da erosão, e que contrastam com a escarpa montanhosa habitual).
A fajã de S. João chama a atenção pela montanha quase vertical e imensamente alta que sobre ela se ergue, pela pouca terra arável disponível, por ser algo estreita e ainda por um microclima, que permite, por exemplo, o cultivo de bananas!
O dia estava quente e húmido. Além da casa de férias de D. José Pedro, visitámos a capela, onde tantas vezes terá “ajudado à Missa” e, mais tarde, celebrado a Eucaristia. Ali pedimos espontaneamente a intercessão de D. José Pedro pela nossa diocese e pelo nosso Bispo.
E, fenómeno interessante, só o facto de dizermos que éramos de Viseu foi suficiente para criarmos uma ligação com alguns habitantes. (…)
O convívio terminou no café local, com uma rodada para todos e o proprietário a oferecer algumas bananas, para que pudéssemos levar uma recordação.
Subindo a encosta, chegamos à sede de freguesia de S. Antão. Ali, no largo da igreja, pode ler-se a placa: “Largo D. José Pedro da Silva, bispo de Viseu”.

2. Algumas ideias da sua teologia:
Um facto marcaria o pensamento de D. José Pedro: a experiência conciliar. Não sabemos exatamente todo o trabalho que desempenhou, sabemos isso sim que, além das congregações gerais e das votações em que certamente participou, fez parte da “comissão de redação” do Decreto sobre o Apostolado dos Leigos, cujo trabalho viria também a ser integrado, em parte, na constituição pastoral Gaudium et Spes. Uma coisa é certa: a intuição de uma Igreja Povo de Deus, em que todos devem participar, estava bem vincada no pensamento teológico de D. José Pedro. A unidade desse Povo era, por seu lado, realçada com a imagem de uma Igreja “Corpo (místico) de Cristo”.
O próprio título do seu livro mais conhecido é suficientemente indicativo da sua paixão teológica: “Ser e missão dos leigos na Igreja e no mundo” (1987).
É possível ainda ouvir, nos ecos da memória, alguma das suas homilias, proferidas na Sé catedral, sobretudo quando deixava o papel e, com a mão direita levantada, se entusiasmava a falar de uma Igreja laical. Destacaria três aspetos, a partir de outras tantas citações do seu livro: a) A comum dignidade na mesma Igreja; b) Orientar o mundo para Cristo; c) Uma teologia de sabor trinitário:
3. Conclusão:
Recordamos D. José Pedro da Silva, o bispo eclesiólogo, não apenas por terem passado 100 anos do nascimento, mas também nos trinta anos da sua resignação como Bispo de Viseu.
A sua insistência no apostolado laical, como algo normal na Igreja, juntamente com a formação para o apostolado, fazem parte daquelas ideias felizes que desembocaram na compreensão atual da Igreja comunhão ou, na versão do Sínodo Diocesano de Viseu, de uma Igreja “em comunhão para a missão”. De facto, “a eclesiologia de comunhão é a ideia central e fundamental nos documentos do Concílio” (ChL, nº 19).
Além da sua sabedoria teológica, recordamos também o bispo humilde que gostava do silêncio e de ver o mar, que o “transportava” certamente até às suas saudosas ilhas e que, além disso, podia oferecer “salpicos de infinito”, desse horizonte trinitário donde certamente sorri e nos acompanha.
G.I./J.B.:P. José Cardoso

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