As jornadas de formação permanente do clero iniciaram-se hoje, no Auditório do Seminário Maior, e terminarão, no próximo sábado.
As reflexões proporcionadas ao longo destes três dias são dirigidas pelo Padre José Román Flecha, da Universidade de Salamanca, com grande experiência pastoral, pois foi pároco e, além dos estudos e ensino universitários, nas áreas da bioética, da moral, da teologia e da filosofia, ele “conhece o terreno”, graças a frequentes e demoradas viagens pela Europa e Américas, onde tem feito trabalho de análise antropológica, no âmbito da Família, enquanto instituição de base, na sociedade.
Ao longo da manhã, Román Flecha, proporcionou uma rápida viagem pelos documentos papais dedicados à pastoral familiar, desde Paulo VI a Francisco, projectando-se para a análise das propostas da Amoris Laetitia.
A família, enquanto lugar de evangelização, foi realçada, realçando especialmente a prática da “gratuidade” e da “gratidão”, valores evangélicos que cimentam a família que sabe acolher e cuidar. Contrapôs a estes valores a tentativa, hoje em moda, de colocar ao nível dos cuidados paliativos a eutanásia, inclusive para crianças, que não podem ter decisão consciente sobre a sua própria vida.
Segundo o palestrante, faltam ministérios, inclusive nos governos públicos, que procurem ajudar à resolução dos problemas que a actualidade cria à família e que promovam os valores da família, enquanto célula fundamental da sociedade organizada.
“Todos os seres humanos nasceram do amor e para o amor” foi mote para o início dos trabalhos, numa atenção especial ao amor conjugal e familiar, que deve ser estimulado, consolidado e aprofundado. E a leitura da Amoris Laetitia mostra-nos que “a graça do sacramento do matrimónio está destinada, antes de tudo, a aperfeiçoar o amor dos cônjuges”, como nos mostram outros documentos papais e do próprio Concílio Vaticano II.
Percorreu, depois, o “hino ao amor” que S. Paulo verteu na Carta aos Coríntios, para mostrar a “totalidade” – tudo desculpa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. A teologia paulina refere mesmo o amor conjugal que “levado até à entrega total”, significa e testemunha o amor de Cristo à sua Igreja. Todas as reflexões foram feitas numa análise detalhada da Exortação Amoris Laetitia, que apresenta o amor conjugal como dinâmico, que “avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus”, em permanente abertura ao definitivo, à estabilidade.
Após o almoço, com a colaboração dos Organismos Diocesanos e Movimentos dedicados à Pastoral Familiar, a jornada prosseguiu com reflexões, sempre visando a concretização das propostas do Plano Pastoral Diocesano, que está elaborado para criar uma verdadeira consciência da importância prioritária da Família no serviço de evangelização, tanto como agente, como sujeito da acção pastoral, na resolução das crises, tornando-as “oportunidades para um novo começo”.
Porque a família não é só lugar de problemas; é sobretudo promessa e profecia, recordou Román Flecha.
G.I.