O Padre Roman Flecha continuou hoje a orientação das Jornadas de Formação do Clero, este ano dedicadas à “Família – berço de Deus para a Humanidade”, como propõe o Plano Pastoral Diocesano. O orador realçou a Família como “lugar de consagração do mundo”.
A imagem da Igreja como mãe que cuida e se preocupa mais com os filhos doentes e rebeldes, foi várias vezes mote das conferências do orador, sempre na perspectiva da Amoris Laetitia, dando orientações pastorais para acolher, orientar e integrar as famílias feridas na integridade do matrimónio.
Foi realçada a importância da maturidade pessoal e religiosa para a valorização da essência sacramental do matrimónio cristão, da família crente.
Durante a manhã, olhou-se para a “família segundo o evangelho”, igreja doméstica, que vive à escuta da Palavra de Deus, purificando-se e avançando continuamente na senda da renovação, gerando a “mudança radical do homem e do universo, sob a influência da Boa Nova de Jesus Cristo”.
A mudança, que gera o Reino de Deus, faz-se mais pela qualidade de vida, nascida do cultivo de valores: à vontade de ter e possuir, a família cristã deve contrapor a partilha com os necessitados; à agressividade na política e nos negócios, deve promover a aproximação aos agredidos e a não-violência activa; ao prazer da diversão permanente, deve empenhar-se em enxugar lágrimas e levar a sua cruz e ajudar a levar a cruz dos outros; em vez de arranjar desculpas para não socorrer as necessidades alheias, deverá fazer-se próxima dos caídos à beira do caminho; à mentira e ao fingimento, a família cristã deverá aprender e cultivar a transparência cristalina do coração; à guerra e à discórdia que busca auto-afirmação, deverá contrapor o exercício da reconciliação e a luta pela paz; ao arrivismo vantagista, a família cristã deverá contrapor o valor da fidelidade ao compromisso, que não tem preço e se respeita firmemente, até à perseguição, se for necessário.
Roman Flecha fez mesmo um paralelismo com as bem-aventuranças, verdadeiro “decálogo” do Novo Testamento, e concluiu que “uma família, como uma Igreja, que se pretende evangelizada, terá de rever a sua vida à luz destes valores.
Depois do almoço, houve um tempo de diálogo dos participantes com o orador, sempre com o objectivo de encontrar uma prática pastoral que concretize as propostas da Alegria do Amor, visando a constituição de verdadeiros “ministérios”, “enfermarias do hospital de campanha”, onde se acolham, orientem e integrem os casais feridos, oferecendo-lhes, em nome da Igreja, um itinerário prático, onde o ver, julgar e agir respeitem a perspectiva da Amoris Laetitia.
Amanhã, terceiro dia das Jornadas, será um dia aberto aos casais que já colaboram, ou se mostrem disponíveis para colaborar na pastoral da família, tanto ao nível diocesano, como ao nível paroquial, ou arciprestal.
G.I.