Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Parlamento votará legalização em 29 de maio.
Um debate de esclarecimento sobre a eutanásia realizado no domingo, 20 de maio, no auditório do Seminário Maior da Diocese de Viseu, completamente cheio, concluiu a Semana da Vida.
A Semana da Vida de 2018 (13 a 20 de maio), com o título: ‘Eutanásia… o que está em jogo?’ – cuja legalização será votada no Parlamento, na próxima terça-feira, 29 de maio – foi promovida pela Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF), por intermédio do Departamento Nacional da Pastoral Familiar, e partiu de um alerta do Papa Francisco sobre as “novas interrogações” nascidas sobre o “sentido da vida humana”.
No lançamento do debate, intitulado ‘A família perante a eutanásia’, D. Ilídio Leandro, Administrador Apostólico da Diocese, focou a sua atenção na necessidade de um esclarecimento produtivo. “Este debate vai-nos ajudar a pensar sobre o valor da vida e a considerar o respeito pela dignidade da vida”. “A vida é, de facto, um dom que nos é dado, que nos é doado. E, perante esse dom, a nossa atitude é recebê-la com gratidão”, afiançou D. Ilídio. Ao mesmo tempo, o agora Administrador Apostólico – cargo exercido até à entrada na Diocese do novo Bispo (já nomeado) – reiterou que “esse dom é uma tarefa, a viver, a cuidar, a dar-lhe a qualidade possível e a vê-la como um valor fundamental”. D. Ilídio Leandro lembrou a “responsabilidade” que as pessoas têm “pela vida de cada um e a dos outros privilegiando os mais frágeis, desde a conceção até à morte natural”. Porque, como referiu, “os mais frágeis são os que nos pedem para respeitarmos a vida e os ajudemos a viver com amor. Uma vida que, para nós cristãos, vai para além da morte natural”, sintetizou D. Ilídio.
O encontro no Seminário de Viseu foi conduzido pela jornalista Liliana Carona, correspondente (zona centro) da Rádio Renascença e juntou diversos convidados: Padre José de Seixas Nery, Ana Júlia Santos (advogada) Luís Matos (médico), Joaquim Guardado (advogado), Paulo Batista (médico), Pedro Vaz Patto (juiz), e contou com a animação do grupo BuéAnimados da APPDA de Viseu. Foram igualmente apresentados os testemunhos reais de uma família e de um jovem. No final, o encerramento foi feito pelo Cónego Miguel de Abreu, Vigário da Família e da Pastoral Social, que desejou que este encontro tenha contribuído para o esclarecimento do que está em jogo, lembrando o título de um desdobrável informativo, largamente distribuído pelo país: ‘Eutanásia… o que está em jogo?’, promovido pela CELF.

João Morgado, médico, Presidente do núcleo de Viseu dos Médicos Católicos:

“Com o passar do tempo as pessoas vão ser iludidas pela eutanásia”.

Julga que os portugueses estão pouco informados sobre a eutanásia e considera que é um tema muito politizado, mas que afetará a vida das pessoas?
É evidente que eu sou defensor da vida, que não é um dom que o ser humano tenha criado, foi Deus e o homem tem que respeitar minimamente a vida. Agora, sou médico e sou muito prático. Lembro-me que quando surgiu o problema da lei do aborto eu fui um lutador com grande força. Mas isto [eutanásia] tem tudo a ver com problemas políticos e como os políticos têm todo o tempo para lidar com a política, eles têm a técnica do insistir, de voltar ao assunto.
Acha que é isso que irá acontecer com a eutanásia?
A discussão da eutanásia vai, na minha perspetiva, seguir o caminho do aborto. Poderá haver, numa fase inicial, certos condicionantes à legalização, nomeadamente poderão ser colocados alguns entraves, mas com o passar do tempo – que é o que acontece nos outros países que legalizaram a eutanásia – as pessoas vão ser iludidas pela eutanásia e vão-se esquecer dos fundamentos e dos valores principais e morais, e irá acontecer o que sucedeu com a interrupção involuntária da gravidez.
Pode-se dizer que a eutanásia é um reflexo dos novos tempos que estamos a viver?
A sociedade está a dar um grande valor ao comodismo. O comodismo e o relativismo minaram a sociedade humana. Enquanto os animais ainda se regem pelas leis da natureza, o ser humano transformou essas leis quase a 100 por cento, e a principal transformação foi aprovar essas leis e a tendência vai ser facilitar essa vida, em vez de criar condições para que o termo da vida humana seja abordado de uma forma digna na degeneração da saúde humana que leva sempre a um fim de vida com alguns sacrifícios, com algumas dores e sofrimentos. Em vez de criarem dignidade nesse sentido e darem sentido a essa dificuldade no fim de vida, o ser humano, através da lei do comodismo e do relativismo, vai acabar por transformar totalmente todos os conceitos morais que existiam na sociedade.
G.I./J.B.:PBA

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