Desde 13 de julho, está até 30 de Setembro, na Casa da Cultura de Sátão, uma exposição temporária com património religioso de Ferreira de Aves, dando início a um ciclo de exposições que irão percorrer todas as paróquias do concelho, podendo, em alguns casos, haver a associação de duas ou três paróquias.
Na sessão de abertura, o Presidente do Município, Paulo Santos, salientou o interesse destes projetos para o conhecimento e valorização do vasto património do concelho, assumindo especial relevância os bens culturais da Igreja. D. Ilídio Leandro, Administrador Apostólico da Diocese de Viseu, referiu a urgência de se valorizar e preservar o património dos vários espaços de culto, não só pelo seu valor artístico e histórico, mas essencialmente pela sua vertente imaterial, no quadro da identidade religiosa que estruturou a vivência da fé das comunidades deste território ao longo dos séculos. Seguiu-se uma breve abordagem aos bens culturais da paróquia de Ferreira de Aves, que compreende vinte e dois espaços de culto, dois dos quais são igrejas conventuais.
A exposição integra peças de tipologias diversificadas, desde ourivesaria, paramentaria, pintura e escultura até à talha dourada e policromada e mobiliário, num arco cronológico bastante alargado, com peças desde o século XV ao século XX. As peças selecionadas são de tipologias e âmbitos de execução diferenciados, umas de cariz mais erudito, outras mais ingénuas, mas são exemplificativas da grande riqueza, quantitativa e qualitativa, de bens remanescentes na paróquia. A maioria das peças não se encontram ao serviço do culto; estavam dispostas em espaços complementares (casas paroquiais, arrumos, sacristias, etc.), umas porque deixaram de ter enquadramento na vivência religiosa regular da comunidade, outras porque a sua utilização se circunscreve a datas festivas ou ainda por motivos de segurança.
Na narrativa expositiva, foi valorizado o enquadramento das peças no contexto do seu simbolismo em termos de utilização e de conteúdo, ou seja, da mensagem que comunicam ao observador, bem como da vivência espiritual dos fiéis. Na organização do percurso apresentam-se quatro núcleos, concretamente: Para maior glória de Deus; Foi por Amor… a Paixão continua…; Ele está vivo; Acreditar e viver o Amor. Os títulos, para além de orientarem a “leitura” do visitante perante cada objecto per si e na sua relação com os restantes, potenciam a interpretação da narrativa expositiva no quadro da atualidade dos conteúdos, como algo que se faz presente em cada dia.
A incorporação das peças na exposição compreendeu também uma vertente de conservação e restauro de absoluta importância. Muitos objetos foram retirados de arrecadações ou de outros espaços sem as devidas condições de temperatura, de humidade e de segurança, apresentando patologias que punham em causa a sua preservação, pelo que foram submetidos a um tratamento conservativo que possibilitará a sua salvaguarda, devendo ser devidamente pensada a sua colocação quando forem devolvidas aos locais de origem.
G.I./J.B.:DBCDV