Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Questionado sobre a falta de vocações sacerdotais, D. António Luciano considerou “que essa é grande preocupação e prioridade. Penso que hoje há três ou quatro pontos-chave para desenvolver as vocações e a Diocese [de Viseu] está a trabalhar numa delas, que é a família com todas as mudanças que hoje tem.

Depois, é o tema da juventude, com os nossos jovens, sabendo que muitos jovens se afastaram da Igreja. Eu cruzei-me em Roma com dois jovens do México – dos seus 17, 18 anos – que me disseram que tinham ido às cerimónias do seu Bispo que assumiu a honra de Cardeal. Eles tinham um fato todo aprumado, com uma cruz na lapela do casaco. Fui-lhes perguntar se eram seminaristas e eles responderam: “não, somos jovens que trabalhamos nas paróquias. Estamos integrados na vida pastoral das nossas paróquias”. Eu achei uma resposta tão bonita e dei graças a Deus pela minha curiosidade. No fundo, é isso que também temos que fazer: levar os nossos jovens a não terem medo de se identificarem como cristãos. Já não digo andar com uma cruz na lapela, mas pelo menos a participarem ativamente. Todos nós sabemos que a maior parte deles crismam-se, depois do crisma alguns vão estudar e, às vezes, integram-se noutros lugares da vida da Igreja, mas outros abandonam e até parece que ficam vacinados para não voltarem à Igreja”.
Considera que “daí vem o problema das vocações. Como é que havemos de ter padres se não tivermos – na família, na realidade juvenil, na escola, na universidade, no politécnico, onde quer que seja – um ambiente que lhes proporcione esse gosto e esse desejo? Ele também tem que vir de uma formação que tiveram e de uma interpelação de dentro, porque Deus continua a chamar”, declarou.
D. António Luciano vai dar continuidade à concretização das propostas do Sínodo Diocesano, afirmando que elas são “um documento que está assumido e tem que se lhe dar continuidade. Penso que foi uma boa caminhada sinodal e estou convencido que o caminho só se faz assim. Aliás, o nosso Papa frisou muito lá em Roma que é um caminho sinodal com responsabilidade de todos, porque se não for assim não vamos a lado nenhum. Eu tenho que entrar na Diocese, conhecê-la, e haverá pequenos pormenores, no trajeto que vamos iniciar, que podem alterar o percurso e as decisões. Por isso, gostaria de primeiro interiorizar, rezar, esperar que alguém me ajude a fazer esta integração porque estou a aprender a ser Bispo. Nosso Senhor pede-me este trabalho, mas quero contar muito com os padres – e que estes, com o Bispo, sejam o maior bem da Igreja – com os religiosos, com os leigos, para que a Igreja de Viseu, que está no centro no coração do país, seja mesmo um coração vivo.
Quanto à obra e à beatificação da Madre Rita considera que “tem sido feito um bom trabalho. Temos que olhar para isso com respeito e com mérito. Eu, de propósito, nas ladainhas da ordenação, quis invocar a Beata Rita Amada de Jesus, além do nosso São Teotónio, nosso padroeiro, e porquê? Eu estive por dentro do processo da Beata Rita. Na Diocese da Guarda, fui juntamente com o Padre Cartaxo (já falecido), um dos membros do tribunal, em que ouvimos algumas testemunhas, uma delas tinha 100 anos de idade. Depois, trabalhei com as irmãs, participei num capítulo provincial, acompanhei-as em determinado tempo, gosto imenso do carisma, e espero que realmente as coisas avancem. Temos de rezar muito, dar a conhecer a vida da Beata Madre Rita e divulgar o seu carisma – uma interpelação muito grande a sermos bons, a ir aonde está a pessoa, ser missionário – e essa é uma mensagem que já vem de São Teotónio – que pode ser longe, mas também é à porta de casa. A Beata Rita foi muito longe para poder ser ajudada, aquando do processo da fundação do seu Instituto. Por isso, espero que ela, lá da Glória de Deus, e nós aqui na Terra, com a Congregação Jesus, Maria e José e com toda esta Diocese de Viseu, vamos onde for preciso. Para sermos melhores e para fazermos florescer a humanidade e também a Igreja”.
Quanto ao modo de comunicar a mensagem da Diocese, D. António Luciano considera que “haverá momentos em que poderemos não comunicar tanto, porque às vezes as coisas precisam de levar o seu tempo, de serem amadurecidas para depois serem comunicadas, mas espero estar sempre aberto à comunicação e saber comunicar. O que é o Evangelho? É a Boa Nova de Jesus. E o que é que ela tem no seu cerne? É comunicar. Comunicar algo que é a vida, portanto, precisamos de comunicar, através da comunicação social da Diocese, e de outros [de comunicação social], dos próprios padres e não termos receio de o fazer. Não é por eu comunicar que vou fazer mal, agora, tenho de o saber fazer e saber aquilo que digo”.
O nosso Bispo entende que “a comunicação não é para dizer mal, é como o profeta vive a sua vida: anuncia e denuncia. Esse é que é o cerne do Evangelho: anunciar a Boa Nova, mas também, se há situações que temos de denunciar, denunciamo-las. A denúncia também significa falar delas. Quando se fala dos problemas da interioridade [do país], da falha demográfica de pessoas no interior, nós temos que falar disso. Se as pessoas continuam a ir para os grandes centros e as cidades do interior ficam sempre dependentes dos grandes centros, então o pobre continuará a ser pobre, porque não foi ajudado. E a comunicação tem aqui uma palavra importante. É o novo areópago” [Praça Pública].
No que toca aos bens culturais da Diocese, D. António acha que “tem sido feito um trabalho belíssimo e que todo o nosso património deve ser preservado e valorizado. Os bens da Igreja são para a própria Igreja anunciar e evangelizar, e, depois, também para estarem ao serviço das pessoas. Neste momento podemos não precisar do pão, mas amanhã o património pode ser necessário para ajudar outras situações da Igreja. Por isso eu fico muito feliz por todo esse trabalho que tem sido feito ao nível do património. Não podemos negar que temos centenas de anos de história, a Diocese de Viseu é muito antiga, tem um património muito rico e é normal que numa casa que seja da Diocese haja peças de arte. O que vamos fazer é preservá-las, valorizá-las e dá-las a conhecer, não para dizer que somos muito ricos, porque essa riqueza se for precisa também é para os pobres.
D. António espera que o dia 22 de julho, da sua entrada solene na Diocese de Viseu “seja um dia de festa para Diocese de Viseu, que me sinta feliz como me sinto neste momento, em paz. Sei que vou encontrar dificuldades ao outro dia, mas espero que seja um dia de festa para as pessoas para a Igreja de Viseu e um dia de muita esperança, com muita simplicidade e muita humildade. Cada vez trabalho mais estas duas palavras à luz do Evangelho (simplicidade e humildade), por necessidade própria e também por um caminho feito, pelas várias escolas por onde passei, desde a Universidade da Beira Interior, ao Politécnico da Guarda, no Hospital da Guarda, nos Hospitais da Universidade de Coimbra. Fazer passar essa mensagem de simplicidade e de humildade, para mim que sou Bispo, e para os padres e para os colaborares mais próximos da vida da comunidade às vezes é muito difícil, mas prestígio é para Deus. Para nós é apenas o serviço que temos de fazer”.
G.I./J.B.:NA / EA / PBA

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